First Touch

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Sábado, 13 de agosto de 2016, Rio de Janeiro (uma semana após o início das olimpíadas)

Carol estava aliviada por ter superado a pressão dos primeiros jogos das Olimpíadas. No entanto, havia algo pendente que ela precisava enfrentar. Seu problema não era mais a competição, mas sim algo pessoal: Anne. Desde que haviam começado a se aproximar, Carol sentia que precisava de uma conversa definitiva para esclarecer o que exatamente havia entre elas. Algo dentro dela dizia que devia isso a Anne, uma explicação, uma resolução.

Agora, a barreira da linguagem não era mais um obstáculo. Elas haviam se esforçado para aprender o idioma uma da outra, e já podiam se comunicar com uma fluência que antes parecia impossível. Carol seguia para o vestiário com suas colegas de equipe após o treino, que, naquela tarde, havia terminado mais tarde do que o usual. O relógio já marcava mais de três da tarde.

— Vem almoçar com a gente? — Fê Garay perguntou, enquanto colocava suas coisas dentro da bolsa.

— Beeemmm... dessa vez não — Carol respondeu, despertando a curiosidade das colegas.

Gabi, já sabendo o motivo, não perdeu a chance de provocar, como sempre fazia quando o assunto era Anne. Logo as outras seguiram o exemplo.

— Tá namorando, tá namorando, tá namorando... — Gabi começou a cantar, batendo palmas e sorrindo com um brilho travesso nos olhos.

— Para com isso, Gabi... — Carol revirou os olhos, mas antes que pudesse continuar, Roberta entrou na brincadeira.

— Mas, afinal, tem ou não tem a ver com a sua "namoradinha"? — Roberta provocou, com um sorriso insinuante.

Carol suspirou, sem querer prolongar a discussão.

— Tem. — Respondeu de forma simples, indo em direção à porta.

Enquanto se afastava, as provocações continuaram. A cantoria do "tá namorando" ecoou pelo vestiário, mas Carol apenas levantou o dedo do meio em resposta, sem olhar para trás, arrancando gargalhadas das amigas.

Já no quarto, ela tomou um banho rápido, sentindo a tensão e o cansaço do treino se esvaírem com a água morna. Vestiu um top branco e um macaquinho vermelho florido, confortável e fresco. Nos pés, as inseparáveis Havaianas, e os cabelos ondulados ainda molhados caíam de forma despretensiosa sobre os ombros. Pronta, decidiu que não poderia adiar mais.

Carol se dirigiu até o quarto de Anne. Caminhou pelos corredores do alojamento, com o coração acelerado, pensando em todas as possibilidades que aquele encontro poderia trazer. Quando chegou à porta, hesitou por um segundo, mas antes que pudesse mudar de ideia, bateu.

Pov's Anne

Eu estava no meu quarto, aproveitando um momento de silêncio depois de um dia intenso. O barulho da vila olímpica parecia distante, e eu finalmente podia relaxar. Estava pensando nos jogos, mas principalmente em Carol. Ela estava na minha mente o tempo todo, mesmo quando eu tentava me concentrar em outra coisa. O jeito que ela me olhava, o sorriso que ela soltava quando achava que eu não estava vendo... havia algo entre nós, algo que eu não conseguia explicar, mas que sentia com tanta força. De repente, ouvi uma batida na porta. Meu coração deu um salto, e eu sabia, antes mesmo de abrir, quem estava do outro lado. Quando abri a porta e vi Carol parada ali, com os cabelos ainda molhados, um sorriso tímido no rosto, eu tive certeza.

— Oi — foi tudo que consegui dizer.

Eu estava nervosa, mas tentei não demonstrar. Convidei-a para entrar, e ela aceitou, mas havia uma tensão no ar, algo diferente das outras vezes em que ficamos sozinhas. Sentei na cama, e ela se acomodou em uma cadeira perto da janela. Por um momento, nenhuma de nós disse nada. Era estranho, porque normalmente nossas conversas fluíam, mesmo com as diferenças de idioma. Mas dessa vez, havia algo não dito, algo que ambas sabíamos que precisávamos enfrentar. Eu olhei para ela, esperando que dissesse alguma coisa, mas Carol parecia estar organizando seus pensamentos. E então, finalmente, ela quebrou o silêncio:

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