As palavras do meu pai ainda ecoavam na minha mente, vazias de qualquer apoio. Ele não ia me ajudar. Não acreditou em uma palavra do que eu disse. Eu estava sozinha. O pavor começou a tomar conta de mim de novo, uma onda fria que subia pela minha espinha. Norma estava lá fora, em algum lugar da casa, e eu sabia que ficar ali era uma sentença de morte. Eu precisava sair. Agora.
Olhei ao redor, tentando encontrar uma saída rápida, mas a porta principal estava fora de questão. Norma podia estar perto demais, espreitando, esperando. Meus olhos correram até a janela e uma ideia se formou: o telhado. Era a única maneira de sair sem ser pega.
Sem perder tempo, peguei Spider, que ainda ronronava sem saber da tempestade em que estávamos. Coloquei-o com cuidado na mochila, deixando-a entreaberta para que ele pudesse respirar, mas minhas mãos tremiam tanto que mal conseguia fechar o zíper. Eu tinha que ser rápida.
Coloquei a mochila nas costas e me movi decidida. Subi na cama embutida entre as estantes de livros e com um impulso me agarrei à beira da janela. O ar frio do início da noite me acertou, mas o medo era o que me mantinha com o sangue quente. Tentei ser o mais silenciosa possível ao escalar o parapeito, mas o telhado inclinado não facilitava. Minhas mãos começaram a suar, minhas pernas bambeavam a cada passo.
A adrenalina disparava pelo meu corpo, o céu acima de mim mudando de um roxo alaranjado para o azul profundo da noite. Cada passo que dava no telhado parecia me deixar tonta, mas eu não tinha escolha. Quando finalmente cheguei à beirada, parei por um segundo, tentando controlar a respiração, com o coração pulando na garganta, me sentei na borda do telhado e saltei.
O impacto com a grama foi brutal, e meus pés falharam ao absorver a queda. Quase fui ao chão, caindo de joelhos, mas minhas mãos se esticaram a tempo de me segurar. Eu senti meus músculos se esticarem e contorcerem com a queda, a dor irradiando por cada osso. Meu corpo tremia de medo e adrenalina, mas eu não tinha tempo para sentir dor alguma. Eu tinha que continuar.
Peguei Spider de volta da mochila, fechando-a em seguida. Eu precisava sair dali antes que Norma percebesse. O céu já estava quase totalmente escuro, as ruas da vizinhança começando a mergulhar no silêncio da noite. As luzes das casas se acendiam, mas isso não me trazia conforto. Não mais. Eu tinha que correr.
Saí pelo quintal, me esgueirando pelas sombras, tentando ao máximo não fazer barulho. Não queria ser vista. Norma não podia me encontrar, e esperar meu pai não era uma opção. Eu estava por conta própria. Enquanto corria pelas ruas, os pensamentos começaram a se organizar em minha mente, e me lembrei de Olie. Ele havia mencionado um quarto sobrando em seu apartamento. Era minha única opção. Não podia voltar para casa, e ficar sozinha era perigoso demais, e ir para casa da Kiara era um erro, seria o primeiro lugar que meu pai me procuraria.
Quando senti que estava longe o suficiente, entrei em um beco estreito, me mantendo fora de vista. Não queria que ninguém que me conhecesse soubesse para onde eu estava indo. Meu coração ainda estava acelerado, e minhas mãos tremiam quando tirei o celular do bolso. Abri as mensagens e escrevi rapidamente para Olie, pedindo o endereço do apartamento sem dar muitos detalhes.
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MIDNIGHT CLUB - #1
RomanceEnemies/Haters To Lovers + Dark Romance • Esta história é completamente autoral e não aceito cópias, plágio é crime! Damon Campbell é um vício disfarçado de pesadelo. Obcecado por Angel Miller, ele vive para provocá-la, transformando cada interação...