Capítulo 59.

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— Como foi o jogo hoje, filho? — Meu pai entrou na cozinha com a maleta na mão e desabotoando o paletó, os olhos cansados mas curiosos

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— Como foi o jogo hoje, filho? — Meu pai entrou na cozinha com a maleta na mão e desabotoando o paletó, os olhos cansados mas curiosos.

Eu estava mastigando um pedaço de carne, então apenas assenti positivamente, sem abrir a boca.

— E os treinos? Como estão indo? Suas notas estão boas? Já escolheu a faculdade? — Ele disparou as perguntas, uma após a outra, enquanto eu arqueava as sobrancelhas, sentindo a pressão aumentar com cada palavra. Respirei fundo, tentando engolir a comida que parecia se recusar a descer.

Não, eu não escolhi faculdade nenhuma. Nem sequer pensei nisso. Que porra eu falo agora?

— Uhum. — Respondi com um aceno rápido, evitando seu olhar.

— Boa noite, querida. — Ele se inclinou para beijar minha mãe, segurando sua cintura com carinho, antes de deixar a mão escorregar para um toque mais íntimo que ele achava que eu não notaria.

— Boa noite, amor. Como foi o trabalho? — Ela sorriu, um brilho nos olhos, antes de dar um leve tapa na mão dele e voltar a fritar mais um bife para mim.

— Urgh... — Ele bufou e deu a volta, deixando a maleta no aparador encostado na parede. Minha mãe lançou um olhar de aviso, mas ele nem pareceu notar. Ela odiava isso, e eu sabia que em breve comentaria.

Meu pai sentou-se na cabeceira da mesa, ao meu lado esquerdo, o lugar que sempre admirei. Gosto dessa cadeira. Não era a cadeira em si, mas o que ela representava: autoridade, liderança, controle. Eu queria aquilo.

— Foi um dia estressante. O mais velho dos Fallon foi preso por roubo. — Ele suspirou, esfregando a testa. — Eu não entendo. São ricos, não têm falta de nada, e aí ficam entediados e resolvem fazer merda. Damon, se um dia me der uma dor de cabeça dessas, eu juro que te deixo mofar na cadeia! — Apontou para mim com o garfo, a expressão meio séria, meio brincalhona.

Franzi o cenho, erguendo as mãos em um gesto defensivo.

— Sobrou pra mim? — Perguntei com uma risada seca.

— E o pestinha teve que roubar logo da senhora Kavinsky. Sabe, aquela velha chata que tem uns... duzentos anos? Pelo amor de Deus, tem gente que faz hora extra na terra. — Ele balançou a cabeça, exasperado.

Minha mãe soltou uma risada leve, e eu não consegui evitar um sorriso.

— Ter os Fallon como clientes enche meu bolso, mas lidar com eles é um porre do caralho. — Ele bufou, enchendo o prato.

— Carlos! — Minha mãe o advertiu com um olhar, embora um sorriso espreitasse em seus lábios.

— Foi mal. Estou estressado. Estou desabafando com minha família, posso? — Ele pegou a colher e começou a servir a comida com a expressão mais descontraída.

Família. O conceito ressoava em mim, mas não da forma que deveria. Um vazio se espalhou no meu peito. Queria que ela estivesse aqui, que essas risadas e conversas fossem parte de algo mais completo.

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