Capítulo 64.

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Fechei a porta do quarto com um baque seco e travei a fechadura logo em seguida

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Fechei a porta do quarto com um baque seco e travei a fechadura logo em seguida. O som ecoou pela casa, mas não me importei. Meus pais provavelmente já estavam dormindo, e, se não estivessem, que se danassem. Meus dedos tremeram ao encontrar o interruptor, a luz se acendendo com um clarão que machucou meus olhos.

Afastei o capuz rapidamente, puxando a máscara da cabeça com urgência. Eu estava sufocado, achei que fosse morrer engasgado com a porra desse tecido. Essa merda parecia grudada em mim, e a frustração crescia a cada respiração curta e entrecortada, até que finalmente consegui tirá-la, jogando-a no chão com um movimento brusco. Um suspiro pesado escapou de mim, o ar finalmente voltando aos meus pulmões.

Apoiei as mãos nos joelhos, tentando regular a respiração. A dor nas costelas pulsava, como agulhas finas perfurando meus ossos a cada respiração. A adrenalina ainda corria em minhas veias, mantendo a dor à distância, mas sabia que não duraria.

Eu corri pra caralho, corri tanto que sentia minhas pernas quase cederem sob mim. Não podia arriscar sair pela porta da frente, então atravessei pelos fundos, me embrenhando pelo bosque, seguindo a estrada de terra que atravessava o bairro. Só quando me aproximei da minha casa, esgueirei-me pelos quintais vizinhos até chegar ao meu.

Endireitei a coluna, os músculos protestando com uma pontada aguda. Retirei as luvas, os dedos úmidos e pegajosos de suor. Levei as mãos aos cabelos, puxando-os com força, e fechei os olhos. Minha cabeça latejava, pulsando em um ritmo frenético como se eu ainda estivesse correndo, como se não tivesse parado. Respirei fundo, o ar queimando minhas narinas enquanto caminhava de um lado para o outro. Balancei a cabeça, o som oco dos meus punhos batendo contra minhas têmporas. Sem pensar, minhas pernas me levaram até o banheiro.

Eu vou ficar maluco, porra.

Acendi a luz e me agarrei à pia, os dedos escorregando na superfície fria e úmida. O som da minha respiração alta e irregular enchia o espaço, misturando com o chiado constante em meu peito.

Foi um acidente.

Queria machucá-la, com certeza, eu queria matar ela, aquela velha vagabunda. Ah eu queria sim, mas não desse jeito.

Merda, merda, merda, merda! Não era pra ela ter visto nada porra!

Levantei a cabeça e encarei meu reflexo. Só então percebi o corte sob a sobrancelha, uma linha pouco úmida de sangue que escorria pelo meu rosto, quase seco, vestígios da cotovelada de Norma. Lambi os lábios, o gosto amargo ainda impregnado neles, encarei meus olhos refletindo a mais pura raiva.

Não era pra ser assim.

Não era pra ela ter visto nada.

Eu ia tirar ela de vista.

Ela agora vai ter medo de mim.

Os olhos azuis tão gélidos, arregalados e cheios de terror, voltou com força, cortando meu coração mais do que qualquer golpe. Ela vai achar que posso fazer o mesmo com ela... O medo que vi em seu rosto se misturando com a culpa que corroía minhas entranhas. A culpa de ter sujado a mente dela...

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