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“Você tem que admitir que se divertiu nessas férias”, comenta Sirius, caminhando ao lado de Severus com uma postura tranquila, braços casualmente cruzados atrás do pescoço.

“Sim, brincar de buscar com um cachorro e discutir uma vida após a morte de luxúria,” Severus zomba, balançando a cabeça. “Honestamente…”

“Bem, você não pode negar que é um tópico fascinante,” Sirius rebate. “Quero dizer, fantasmas realmente transam?”

"O quê?" Severus pergunta, erguendo uma sobrancelha.

“É, quero dizer,” Sirius continua, coçando o queixo. “Eles fazem outras coisas que não são mortas, como festas e coisas assim. E são sólidos um com o outro. Então não consigo deixar de me perguntar se eles transam.”

Severus bufa. “Você é realmente louco, não é?”

“Estou apenas curioso, só isso!” Sirius bufa, inclinando a cabeça para cima. “Mas já que você não aprecia minha curiosidade pessoal pelo maravilhoso mundo dos fantasmas…”

De repente, Sirius fica em silêncio, e só então Severus percebe que seu parceiro parou de andar, tenso e alerta. Severus se vira lentamente, inclinando a cabeça enquanto observava o homem.

“Sirius?” ele chama.

O homem permanece em alerta máximo, assim como um cachorro ficaria ao localizar uma presa. Antes que Severus possa dizer qualquer outra coisa, Sirius se transforma em Padfoot e dispara à frente.

“Ei!” Severus exclama, e revirando os olhos começa a persegui-lo. Sério, esse homem. Provavelmente sentiu o cheiro de um coelho ou algo assim, ele pensa.

Severus o segue por um tempo, e logo sua respiração fica ofegante devido ao esforço de acompanhar o cão ágil pelos corredores e escadas sinuosas.

Ele está tão preocupado em não deixar seus pulmões cederem que não percebe para onde Padfoot o está levando até ver a conhecida escada circular, fazendo com que todo o sangue escorra de seu rosto.

“Sirius, espere”, ele tenta gritar, mas sua voz sai tensa e fraca.

Padfoot já subiu até o topo, e Severus brevemente considera dar meia-volta, resistindo à atração daquele lugar terrível que jurou evitar. Mas então ele pensa que está sendo tolo, e não importa o quanto ele tente negar. Nada pode mudar o que aconteceu lá, e um lugar é apenas um lugar. Então, ele respira fundo e começa a subida, sua mão segurando firmemente o corrimão.

Ao chegar ao topo, é assustadoramente familiar, assim como ele se lembra, a ponto de por um segundo ele quase poder ver Albus encostado na coluna, meio morto. Só que, dessa vez, a cena é diferente.

Padfoot fica no centro da Torre de Astronomia, orelhas apontando para cima, rosnando para a figura encostada no corrimão. A pessoa se vira lentamente, e Severus quase engasga quando vê que não é outra senão Helga. Cada pelo do seu corpo fica em pé, sentindo o perigo imediato.

"Sirius", ele chama novamente, sua boca repentinamente seca, mas o cachorro não presta atenção.

Padfoot late mais uma vez, mas Severus sente seu olhar fixo na mulher. De repente, ele sente uma conexão mental tão forte que tira o ar de seus pulmões.

Ele fica ali, enraizado no lugar, incapaz de se mover. Ela invadiu sua mente, pegando-o completamente desprevenido, e ele se vê incapaz de se livrar dela. Uma fissura aparece em seus pensamentos, e logo imagens daquele dia fatídico inundam sua mente — a única imagem vívida surgindo acima delas é o doce sorriso em seus lábios.

Severus, por favor.

Avada Kedavra.

Severus se vira abruptamente, a bile fervendo em seu estômago enquanto o mundo começa a girar. Ele vomita, cambaleando para trás, e esvazia o conteúdo de seu estômago enquanto perde o senso de equilíbrio. Ele ouve a voz de Sirius chamando-o enquanto seu corpo desaba contra o chão frio de pedra, caindo e caindo assim como Albus caiu da torre. Então, apenas escuridão.






Ele sente o cheiro – Padfoot sente o cheiro de um dos aromas da Floresta Negra, um resquício daquele dia em que ele se aventurou com Severus em busca de caçadores furtivos. Sem prestar atenção ao que o cerca, ele corre para frente, sem se importar com os chamados de Severus atrás dele. Ele não pode se dar ao luxo de parar agora; a necessidade de ver, de caçar, o move.

Como esse cheiro pode se infiltrar no castelo? A pergunta persiste enquanto suas patas o carregam até a torre. De repente, ele para quando vê uma figura que ele sabe que não tem esse cheiro, e ainda assim tem. A confusão toma conta do cachorro, e um rosnado escapa dele.

Severus o chama mais uma vez, e dessa vez, ele está prestes a ir em sua direção quando a mulher abruptamente fixa seu olhar neles. Rapidamente, ele se transforma em sua forma humana, usando uma expressão atordoada enquanto ele trava os olhos com Helga. Era o cheiro dela? Não, a trilha que ele estava seguindo desapareceu de repente. Talvez ele esteja enganado; deve ter sido apenas uma semelhança. Durante seu tempo na floresta, seu foco principal era perseguir Greyback, ofuscando os outros cheiros persistentes. Sim, essa é a explicação.

A mulher sorri docemente, direcionando seu olhar para Severus. Antes que ele possa pronunciar uma palavra ou formar um pensamento coerente, Severus vomita violentamente, caindo no chão em seguida.

“Sev!” ele grita, correndo para o seu lado.

Rapidamente, ele cai no chão, seu braço posicionado atrás da cabeça de Severus enquanto ele tenta levantá-lo. No entanto, Severus está inconsciente, nocauteado. Seu olhar muda bruscamente para a mulher, sua raiva fervendo.

"O que você fez com ele!?" ele grita, e o sorriso nos lábios dela revela tudo o que ele precisa saber.

Sirius agora tem certeza de que foi obra dela, e ele instintivamente pega sua varinha. Mas antes que ele possa fazer um movimento, Helga reage com reflexos rápidos, sua varinha já apontada para ele.

“ Petrificus totalus ”, Helga profere, sua doçura anterior desaparecendo completamente.

O corpo de Sirius enrijece instantaneamente, caindo de lado ao lado de Severus. Ele olha para a mulher, incapaz de falar ou fazer qualquer coisa além de ficar deitado ali.

“Sinceramente, eu queria ter brincado um pouco mais com ele… Mas as coisas mudaram hoje,” ela diz, um leve tremor em sua voz audível para Sirius. “Foi ótimo brincar com vocês dois, Sirius. No entanto, os jogos acabaram.”

Sirius tenta gritar, mas cada músculo do seu corpo está paralisado. Helga suspira, inclinando-se sobre Severus e levantando sua cabeça agarrando seus longos cabelos.

“Espero que você tenha dado uma boa olhada neste aqui,” ela murmura, quase para si mesma, um sorriso feio lentamente se formando em seu rosto. “Você não vai reconhecê-lo depois que eu terminar com ele.”

Ela permite que a forma inconsciente de Severus desmorone mais uma vez e então volta sua atenção para a janela. Colocando dois dedos nos lábios, ela assobia alto. Logo, uma figura alada e negra aparece, e não demora muito para Sirius perceber que é um grande testrálio.

Sem dizer mais nada, Helga usa sua varinha para levitar Severus até que ele fique suspenso no topo do testrálio. Em um movimento rápido, ela pula atrás dele. Só então ela volta sua atenção para Sirius.

“Isso é tudo por ele. Eu vou vingá-lo... ele e todos que destruíram meu sonho,” ela murmura antes de apontar sua varinha para ele novamente.

Sirius sente como se tudo estivesse acontecendo em câmera lenta. Helga falando, Severus pendurado como um peso morto no topo do testrálio, a varinha apontada para ele. E então, não há mais nada.

Dança da Vida  ( TRADUÇÃO )Onde histórias criam vida. Descubra agora