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-Tamo subindo, velhos.

Voltamos para o quarto do João Pedro e voltamos para as lições e tarefas. A cada acerto meu eu ganhava um selinho como recompensa, isso estava me motivando muito, por incrível que pareça.

-Não dá mais. -Falei jogando a caneta longe, já sentindo minha cabeça doer de tanto pensar. Se olhar com atenção, dá para ver a fumacinha saindo de meus ouvidos.

-Qual é? Esse é o teorema de Pitágoras, é fácil.

-Pra você pode ser né, João Pedro, mas para mim não é. -Tô começando a ficar irritada, ele fica falando: "É fácil", "É fácil", como se só porque é fácil para ele, tem que ser fácil para mim, mas não é.

-Mas é fácil mesmo, Isabella. -Ele revirou os olhos.

-Ah, desculpa se eu sou burra de mais para Pitágoras! -Falei e ele respirou fundo.

-Eu não tô falando isso, é só que essa matéria...

-É fácil de mais pra alguém como eu? Obrigada. -Interrompi a fala dele e bufei. -Se não quiser me ajudar, pelo menos não esfrega na cara que eu sou burra! -Falei nervosa, cruzando os braços e sentindo meu rosto ferver de raiva.

-Eu não vou brigar com você. -Ele falou indo catar a caneta que eu joguei longe. -Vamos mais uma vez.

-Não João! Eu tô cansada, não cabe mais nada na minha cabeça!

-Você tá sobrecarregada. -Ele falou mais pra ele mesmo, foi até uma gaveta e tirou de lá seda, maconha dichavada, e um isqueiro.

Ele começou a bolar um beck e eu só olhando, depois ele finalizou.

-Não foi você que quase matou um cara por que eu pedi um beck? -Perguntei e ele me estendeu o beck e o isqueiro.

-Foi, mas uma coisa é você ir em uma boca de fumo e comprar maconha e outra é você fumar comigo.

-Qual a diferença? -Perguntei colocando o beck na boca e ascendendo com o isqueiro.

-A diferença é que, na boca, você nunca compra só maconha, isso se chama mercado. Eu sei como funciona as bocas de fumo e o comércio, ainda mais as do meu pai. Os vendedores recebem o que vendem, quanto mais eles vendem, mais ganham. Eles não deixam você levar só a maconha, ainda mais uma menina da Barra, riquinha e ingênua. Você deu sorte de ter pego aquele vendedor. Qualquer outro teria te empurrado cocaína, crack, heroína, coisas mais pesadas, te ameaçado e feito você comprar e usar aquelas coisas, tirando o fato de que muitos vendedores misturam a maconha com outras coisas. E quando você fuma comigo, além de ser uma maconha segura, você não corre o risco de se envolver com drogas pesadas, nem levar um tiro ou entrar com dívida com o meu pai. -Ele respondeu e dei uma longa tragada, passando o beck pra ele.

-Qual o teorema de Pitágoras? -Ele sorriu e apagou o beck.

-A soma dos quadrados catetos é igual ao quadrado da hipotenusa, isso significa que...

[...]

-Viu só como você consegue? -Perguntou ele e sorri, eu consegui fazer os exercícios que ele me passou. -Falei que era fácil.

-Filho, já está de noite, não é melhor a Isa ir? Os pais dela devem estar preocupados. -Daniel perguntou.

-Na realidade, não. Meu pai foi viajar por conta do trabalho e minha mãe foi pra Milão fazer compras. -Falei.

-Você tá sozinha em casa? -JP perguntou.

-Tem os empregados. -Dei de ombros.

-E tudo bem por você?

-Sempre foi assim. -Respirei fundo. -Mas é melhor ir mesmo, vocês já devem estar cansados de mim. -Falei rindo.

-Que nada, a gente te ama, e tanto te ama que você vai dormir aqui. -Daniel falou. -Vou pegar uma toalha pra você. -Ele saiu do quarto e olhei pro João.

-Vou ter que dividir minha cama da novo? Ah não, tá zoando. -Ele reclamou e dei um soco no ombro dele.

-Me ama que eu sei. -Falei guardando o material.

-Iludida. -Ele falou sorrindo.

-Mas relaxa, não vou dormir com você. -O sorriso dele desapareceu em milésimos.

-Como é que é? -Ele perguntou.

-É isso mesmo, não precisa se preocupar em dividir sua cama comigo, eu durmo no quarto de hóspedes. -Falei com a mão na maçaneta, mas ouvi ele correr e logo ele me arrastando de perto da porta, me abraçando.

-Você só sai desse quarto quando eu deixar. -Ele sussurrou no meu ouvido e mordeu meu lóbulo.

-Eu saio quando eu quiser. -Retruquei e ele riu na minha orelha.

-Só se eu deixar. -Ele lambeu meu pescoço e fiz cara de nojo.

-Você me babou. -Falei e ele lambeu meu pescoço de novo.

-Aqui a... -Me separei rapidamente. -Toalha. Atrapalhei alguma coisa? -Perguntou Daniel e eu neguei, já o idiota do filho energúmeno dele assentiu com a cabeça..

-Vou tomar banho. -Peguei a toalha e entrei no banheiro correndo.

Que mico, meu Deus.

P.O.V Narrador

Enquanto Isa tomava banho, JP pensava em como pode gostar tanto dessa menina. Daniel beija sua esposa, mas nem tudo é um mar de rosas.

-E ela é o que do BBoy?

-Nada, mas ele parece gostar muito dela, principalmente o JP, acho que ele é apaixonado pela Isabella.

-Muito bom saber disso. Pode voltar pro Alemão e vê se fica de olho em tudo e me deixa informado, você tá lá pra isso. -Ele se foi.

-O que você vai fazer, Chefe?

-Já ouviu falar no ditado: "Para pegar o Rei... Pegue a Rainha"? Ela é a chave.

-Mas ela nem é fiel assumida nem nada, não apenas boatos.

-Não interessa, todo boato tem seu fundo de verdade e não é a primeira vez que escuto o nome dessa patricinha. BBoy nunca deixaria uma qualquer no morro, ela tem valor pra ele, e não só pra ele, para o herdeiro também. 

-Você vai pegar ela? 

-Melhor. Vou fazer ela sofrer, porque assim, JP é atingido e Daniel também... Se um cai, todos caem junto. -Ele sorriu maldoso e começou a bolar um plano com as informações que tinha.

Será que João Pedro e Isabella vão ter paz?

Confira no próximo capítulo (;

Aconteceu 1: Me Apaixonei Pelo Herdeiro do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora