Fui

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Entrei na boca e fui direto pro escritório do meu pai.

-Como vai ser? -Perguntei entrando no escritório dele.

-Você vai ir pra São Paulo com identidade falsa, chegando lá, você destrói a identidade, fora do aeroporto vai ter dois caras de Paraisópolis te esperando com uma arma, radinho e dinheiro, faz a suas coisas e quando terminar, você pede uma identidade falsa pro Macaco. -Macaco é o dono de Paraisópolis. -Você tem que fazer ela assinar isso aqui. -Ele me entregou uma folha com várias palavras difíceis.

-O que é?

-É o documento que emancipa a Isabella. Como ela é a responsável legal da Isa, se ela assinar isso, a Isa será emancipada e pelos olhos da lei, ela vai ser maior de idade. -Meu pai explicou e assenti.

Fiquei mais um tempo ali e voltei pra casa, assim que cheguei, todos estavam na sala assistindo um filme, entrei de fininho e me deitei do lado da Isa, que estava na ponta.

-Você voltou. -Ela falou baixinho e se aconchegando em mim.

-Eu falei que eu ia voltar. -Falei abraçando ela.

-Eu não quero ficar mais longe de você. Nunca mais. -Ela falou me apertando mais e senti um aperto no peito.

-Eu te amo. -Falei e dei um longo beijo em sua testa.

-Eu também te amo. -Falou ela encaixando sua cabeça no meu pescoço. -O que acha da gente passar o dia de amanhã em casa? Assistindo uns filmes, se beijando? Se você não tiver trabalho, lógico. -Ela falou e engoli seco.

-Eu vou ver. -Falei e ela assentiu. -Quer ir dormir? -Perguntei e ela me olhou.

-Vamos? -Assenti dando um selinho nela.

Ajudei ela a levantar e os três patetas nos olharam.

-Vamos dormir, se quiserem dormir aí, tem quarto de hóspedes pra todo mundo. -Falei e Gusta olhou pra Mavi e se levantou.

-Posso falar com você? -Pediu Gusta e assenti.

-Deixa que a gente leva ela. -Mavi falou e assenti. Dei um beijo na testa da Isa e sai de casa com o Gusta, fomos pra área de trás de cada.

-Manda.

-Mavi me contou que você pediu o endereço da mãe da Isabella. -Ele foi direto e neguei com a cabeça.

-Claro que ela te falou.

-Ela perguntou pra mim o que você estava tramando. -Ele falou.

-E o que você respondeu?

-Que eu ia te perguntar, e é isso que eu estou fazendo. -Revirei os olhos. -Você pediu pra eu tirar eles do quarto, pra distrair eles, mas no fundo era pra distrair a Isabella, não é? O que tá tentando esconder dela? -Perguntou ele é respirei fundo.

-O pai dela morreu. -Falei e Gusta me olhou com olhos arregalados. -Ele atirou em mim e os vapor atirou nele. -Falei levantando a blusa e mostrando o curativo. -Enzo fugiu e se os cop aparecer aqui e quiser levar ela, eles podem porque ela é menor de idade então eu vou procurar a mãe dela pra ela assinar um documento de emancipação. -Falei pra ele. -Vou viajar hoje de madrugada pra São Paulo. -Falei e ele respirou fundo.

-Fala pra ela. -O olhei.

-Que? Lógico que não! Você tá maluco?

-Me fala o que aconteceu da última vez que você falou que estava fazendo um negócio, mas na verdade estava torturando três pessoas. -Revirei os olhos. -Exatamente, ela descobriu. Ela sempre descobre as coisas, é melhor ela descobrir por você. -Ele falou e pensei. -Qual é, João? O que tem a perder?

-Leva sua namorada e aquele chato pra fora, vou falar com ela. -Falei e ele entrou correndo. Fiquei respirando um pouco, até que os três desceram e deram tchau e criei coragem pra subir e contar pra minha namorada que eu estava indo atrás da mãe, que não liga pra ela, pra ela assinar um documento que vai ajudar a filha que ela não gosta, porque seu pai está morto e o Enzo fugiu.

Subi pro quarto que estava com o ar ligado e a Isa deitada e coberta, me aproximei dela, ela parece dormir.

-Tá dormindo? -Perguntei e ela negou sorrindo e ainda de olhos fechados. -Tenho que falar com você, Isa. -Falei sério e ela abriu os olhos e tirou o sorriso.

-Aconteceu alguma coisa? -Ela perguntou e respirei fundo.

-Quando a gente foi te tirar de lá, trocamos tiros com muitas pessoas, eu subi pra procurar você e não encontrei, mas um vapor sim, ele falou que te achou e eu estava descendo, quando eu estava na metade da escada... -Tiro minha blusa e tiro o curativo, deixando os pontos à mostra. Isa levou a mão pra boca surpresa. -Atiraram em mim. Um milímetro pro lado e tinha perfurado meu pulmão. -Completei e ela soltou uma lágrima. Fuzilaram quem deu o tiro. -Falei e olhei pra baixo. -Foi o seu pai. -Falei se olhar pra ela. -Eu lembro de tudo estar girando, mas eu continuei atirando, meu sangue pulsava, meu coração batia contra meus pulmões, sentia meu corpo formigando, mas isso não era pelo tiro... -Olhei pra ela e ela me olhava soltando mais algumas lágrimas. -Foi por saber que você estava lá por minha causa. Porque assim que me avisaram que você estava no carro, eu fiquei normal, parecia que eu podia morrer naquele momento e estaria feliz. -Fiz uma pausa e limpei uma lágrima dela. -Eu acordei no hospital, sem saber o que tinha acontecido, meu pai me falou que você estava aqui, que estava mal, que não queria comer nem beber nada, mas você precisava, então eu vim pra cá. -Falei e respirei fundo.

-O que mais aconteceu?

-Enzo fugiu. -Ela fechou os olhos fortemente. -Meu pai falou que se os policiais aparecessem aqui pra buscar você, a gente teria que te entregar porque você é menor de idade e seu pai morreu, então você iria pra algum lugar longe, e eu não vou deixar você, eu não consigo. Eu não posso. -Falei abaixando a cabeça.

-Então você vai procurar a minha mãe pra quê? -Ela me perguntou e olhei rápido pra ela. -Mavi me contou.

-Eu vou pedir pra ela assinar um documento pra te emancipar. -Falei e ela assentiu secando os olhos.

-Parece que você tem tudo planejado. -Falou ela.

-Sim, sou demais. -Falei dando um sorrisinho.

-Só tem um problema. -Ela falou e fiz uma careta. -Não quero que você vá. -Ela falou e fiquei encarando ela.

-Como é?

Aconteceu 1: Me Apaixonei Pelo Herdeiro do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora