Try II

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Dormi sorrindo.

Acordei com o despertador do celular. Fui pro banheiro e tomei uma ducha, hoje é sábado e está frio.

Coloquei uma calça jeans e uma blusa longa, meus tênis e todos os meus objetos.

Passei desodorante e perfume, peguei a pasta e minha pistola, peguei a chave da moto e sai de casa correndo, hoje o dia está cheio.

Fui até a casa da Bárbara, toquei a campainha e Alice atendeu.

-Garoto, o que você quer?

-Falar com sua mãe.

-Não vou deixar.

-Será que eu devo pedir pro Marco? -Ela congelou. -Eu sei que você não é tão santa assim, queridinha. -Falei e tirei um saquinho de cocaína que eu tinha faz tempo e os olhos dela brilharam.

-Ela tá no escritório. -Ela falou e arrancou o saquinho da minha mão e entrou correndo deixando a porta aberta.

Neguei com a cabeça e entrei e fechei a porta, fui entrando na casa e procurei o escritório, logo entrei e a mulher me olhou.

-Você de novo? O que faz aqui? Quem te deixou entrar? Vou chamar a polícia. -Ela falou pegando o telefone.

-Não faria isso se fosse você. -Falei me sentando na frente dela e ela me ignorou. -Seu marido fez o mesmo, no final ele me ouviu. -Falei e ela tirou o telefone do ouvido e colocou de volta no gancho.

-O que você quer?

-Falar da Isabella. -Ela suspirou.

-Não quero saber dela.

-Eu imagino. Mas eu quero. -Falei e ela colocou os braços em cima da mesa.

-O que é?

-Você teve a Isabella e traiu o Ian, eu entendo, conheci ele pessoalmente e entendo seu lado. Não vim te julgar nem nada do tipo. -Falei e ela olhou pra baixo.

-O que sabe?

-Que Alice veio de uma traição, depois da Isabella.

-Pois é e o que você quer aqui? -Perguntou.

-Você sabe o que aconteceu com seu marido? Digo, ex marido?

-Ele morreu, mas não sei como.

-Sim. Meu pai matou ele. Ele atirou em mim e quase me matou. -Falei levantando a blusa e mostrando a cicatriz. -Fui salvar a Isabella. -Ela me olhou confusa.

-Salvar? Salvar de que?

-Ian sequestrou ela e colocou diversos homens pra estuprar sua filha e espancar ela. -Falei e ela arregalou os olhos e a boca. -Eu sei que você não gosta dela.

-Não, calma aí. Posso não ser a melhor mãe do mundo para Isabella, mas nunca faria algo desse tipo com a minha própria filha. -Falou ela ofendida.

-E ignorar ela, fingir que ela não existe, esconder uma família dela é o que? Demonstração de afeto? -Perguntei e ela abaixou a cabeça. -Ian está morto, isso quer dizer que você é a responsável por ela, você querendo ou não. Eu sei que você não quer ela aqui, pois culpa ela pela morte do seu filho.

-Isaac.

-Exatamente. Mas o governo vai levar ela de mim, ela é menor de idade e eu não quero perder ela, não posso perder ela de novo. -Falei suspirando. -Uma hora vão descobrir que ela está sem um responsável e vão levar ela para um orfanato. -Falei abaixando a cabeça. -Não vou deixar isso acontecer, mas meu pais são ético e não vão me deixar fazer coisas fora da lei, em relação a Isabella. -Falei e tirei uma folha de dentro da pasta.

-O que é isso? -Ela perguntou.

-Como eu falei, se o governo pegar ela, ela vai para um orfanato até acharem você e eu não posso perder ela de novo. -Olhei ela r respirei fundo. -Eu amo a sua filha. -Falei e ela olhou fundo nos meus olhos. -Ela não merece o que passou nas mãos do próprio pai, ela não mereceu o que passou durante a vida toda dela tendo vocês como pais. Ela não foi culpada pela morte do Isaac, ela amava ele.

-E ele amava ela. -Ela falou baixinho.

-Isso é um documento de emancipação. Você assina e Isabella é...

-Eu sei o que é um documento de emancipação. -Ela falou encarando o documento. -Posso pensar? -Pediu me olhando.

-Claro. Vou deixar meu número aqui, me liga quando pensar, mas pensa com carinho tá? Não assinando, você faz todos sofrerem e te garanto que não vai só a gente que vai sofrer. -Falei e ela me entregou um papel e uma caneta.

-Todos?

-Meu pai, minha mãe, os amigos dela, meus amigos, meu morro. -Olhei pra ela que me olha espantado.

-Morro? Que morro?

-Alemão. Sou o herdeiro. -Falei e ela suspirou. -Eu amo a sua filha, Senhora Müller. -Falei e ela assentiu. -Aqui está. -Entreguei o papel e ela se levantou.

-Você vai ficar aqui até quando? -Ela perguntou me levando até a porta.

-Até a senhora assinar o documento. Não aguento mais ficar longe dela, mas é para um bem maior. -Ela assentiu.

-Até.

-Até.

Voltei pro morro e no caminho liguei pra Isa.

-Bom dia. -Ela falou e ri.

-Boa tarde. Dormiu até agora?

-Sim, seu quarto tem seu cheiro e eu amo seu cheiro. -Ela tem uma voz de sono, a voz que eu tanto amo ouvir quando acordo.

-Eu sai da casa da sua mãe agora.

-E aí? Ela assinou?

-Ainda não, mas ela vai, nem que eu tenha que jogar baixo.

-Teve invasão ontem. -Freei a moto com tudo no meio da rua e os carros buzinaram pra mim. -Amor? O que aconteceu?

-Invasão? Como assim invasão? O que aconteceu, Isabella?

-Ah, não podia te contar, foi mal.

-Fala logo, você tá bem? Se machucou? E meu pai? E minha mãe? Alguém morreu? Quem invadiu?

-Calma João.

-Calma nada, teve invasão e eu não estava aí, você está bem?

-Eu tô, seu pai também sua mãe também, poucos vapores morreram, parece que foi a Rocinha a mando do SubDono.

-E por que você não podia me contar?

-Porque você ia ficar assim, mas não quero esconder nada de você. -As imagens da sala de xerox veio na minha cabeça.

-Vou ter que desligar, tá amor? Mas te ligo de noite.

-Tudo bem, te amo.

-Te amo mais.

Guardei o celular e voltei a dirigir em direção ao morro, eu conto ou não?

Aconteceu 1: Me Apaixonei Pelo Herdeiro do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora