Volta

10.3K 644 45
                                    

A gente só ficou ali. Curtindo a presença um do outro, sem falar nada, sem fazer nada, sem malícia.

Logo a Isa dormiu. Me levantei com cuidado e comecei a arrumar as coisas, as coisas dela, as minhas, só deixei uma mochila e duas mudas de roupa nossa, e as coisas que íamos precisar ali, o resto eu levei tudo para o carro, a comida também, não sei quando vão vir de novo e aquela comida vai estragar, então coloquei no carro, está chovendo muito, espero que pare de madrugada. Vamos sair umas 4:30 da manhã.

Depois de arrumar tudo, me certificar de que a Isa Ainda está dormindo.

Decidi limpar a casa, deixar ela em ordem, então carro o chão, lavei a louça que estava lá, passei pano, limpei o banheiro e fui ver que horas eram.

3:00.

Então peguei minha muda de roupa e fui para o banheiro, tomei banho e troquei de roupa, tínhamos uma longa viagem pela frente.

Depois que me arrumei eu fui na Isa.

-Amor. -Chamei ela valendo carinho no cabelo dela e ela logo abriu seus olhos azuis e me olhou. -Vá se arrumar para a gente ir. -Falei e ela assentiu sonolenta. Me deitei na cama e tirei um cochilo.

-João. -Ouvi a voz da Isa distante. -João, acorda. -Sua voz vou ouvida mais claramente, com esforço eu consegui abrir os olhos e ver minha namorada já pronta. -Vamos? -Perguntou sorrindo e dei um sorrisinho.

-Vamos. -Falei e me levantei.

Levamos o resto das coisas para o carro e tranquei a casa toda. Depois entrei no carro e lá vamos nós Rio de Janeiro.

Não sei quanto tempo eu dirigi, só sei que o sol nasceu, o sol se pôs e em doze minutos, o sol nasce de novo, o que quer dizer que em doze minutos a Isa tem que acordar para ir para a escola.

Acabei de chegar na barreira, abaixei o vidro e o vapor veio na minha janela.

-JP, seja bem vindo de volta. -Ele falou e fez um sinal com a mão que fez a barreira se abrir. -Seu pai mandou ir direto falar com ele assim que chegasse.

-Manda um radinho pra ele falando que vou descarregar as coisas e é pra ele ir pra minha goma. -Falei sonolento e andei com o carro.

Enquanto andava pela comunidade via crianças e adolescentes saindo de casa, adultos abrindo suas lojas, algumas mulheres limpando a calçada e o sol Ainda não nasceu, está uma brisa fria o que me causa mais sono ainda.

Estacionei o carro na garagem e olhei pra Isabella, ela dormia tranquilamente, Ainda bem, se não ela não conseguiria ir pra escola e ela tem que ir pra escola, palavras do meu pai.

Sai do carro e comecei a tirar as coisas dele, logo escuto a voz do meu Velho.

-Filho, finalmente. -Ele falou e me deu um abraço. -Avisar que está vivo não quer, né? -Perguntou quando me soltou e ri.

-Estava muito ocupado. -Falei e bocejei. -Pede pra um vapor descarregar as coisas e colocar na porta de casa e manda e empregada arrumar tudo? Eu tô zumbi. -Falei e bocejei de novo.

-Eu pego a Isabella. -Ele falou.

-Ela já tem que acordar pra aula. -Comentei e logo outro bocejo veio.

Tudo bem, corpo, já entendi que a gente tá no negativo, vou só garantir que minha namorada esteja bem e aí podemos dormir.

-Oi Diego. -Ouvi a voz da Isa e logo ela apareceu na minha frente.

Entramos em casa e meu pai fez o que eu pedi, ele foi embora falando que voltaria mais tarde, eu e Isa fomos para o quarto. Sentei na cama e fiquei esperando, Isabella saiu do banheiro, trocou de roupa, se arrumou bonitinha e logo pegou sua mochila.

-Vamos? -Perguntei e outro bocejo me atravessou.

-Vamos pra onde? -Ela perguntou rindo. Mal sustento os meus olhos abertos.

-Pra escola, eu te deixo lá e... -Um bocejo me interrompeu e uma risada da Isa também.

-João, você nem se aguenta em pé. -Falou e riu. Ela se aproximou e me colocou sentado na cama. -Você vai dormir, descansar, e quando eu chegar em casa eu te aviso. -Falou ela é me beijou.

-Só vou aceitar porque estou morrendo. -Comentei e ela me deu mais um selinho. Logo o quarto ficou escuro, subi tirei a roupa e joguei em qualquer lugar. Deitei na cama e não demorou nem um segundo para o sono dominar o meu corpo.

Acordei com o barulho de alguma coisa quebrando. Alguma coisa não, várias coisas. Levantei em um pulo, peguei minha pistola e desci as escadas atento, segui os barulhos e levou até a cozinha, encontrei duas pessoas de costas.

-Não se mexe! Eu vou chamar o JP! -Ouvi Mavi falar desesperada.

-Não! Ele tá dormindo, dessa ele dormir. -Ouvi a voz da Isa choramingando. -Ele tá cansado, eu consigo sair daqui. -Ela falou.

-Isabella Berthier! Eu estou falando sério, se mexer mais um músculo eu te mato! Rafa, vai chamar o JP. -Ela falou e Rafa se virou e me viu.

-O que está acontecendo? -Perguntei e me aproximei da entrada da cozinha e logo vi a Isabella no meio de diversos cacos de vidro e sangue. Sangue dela. -Porra Isabella! Vai pegar meu chinelo lá em cima. -Falei pro Rafael e ele subiu correndo. -O que aconteceu? -Perguntei.

-Eu ia fazer um almoço pra gente comemorar a casa e tudo mais e quando fui pegar o pote eu esbarrei nos pratos e eles caíram. -Ela falou e logo Rafael chegou com meus chinelos. Dei a arma na mão dele e ele colocou ela em qualquer lugar. Coloquei os chinelos e andei em cima dos cacos com cuidado. Cheguei perto dela e peguei ela no colo, sai de lá e levei ela para a sala.

-A gente pode passar uma semana sem ninguém se machucar? -Perguntei brincalhão e ela deu de ombros.

Mavi foi limpar a cozinha com a ajuda do Rafael e eu cuidei dos machucados dela, que, por sorte, eram superficiais e não passaram de arranhões.

-Prontinho, vou deixar aberto pra respirar. -Falei terminando de passar a pomada.

-Obrigada. -Ela falou e sorri dando um selinho nela. -Mas você tá só de cueca. -Ela falou. -E se a empregada estivesse aqui? -Ela perguntou e ri.

-A empregada tem idade pra ser minha vó. -Falei revirando os olhos e ela continuou com a cara fechada, o que me fez sorrir. -Você fica tão fofa com ciúmes. -Ela me olhou indignada, fazendo eu segurar a risada.

-Fofa? Eu sou fofa com ciúmes? -Ela perguntou ofendida e se levantou. -João Pedro, você nunca viu nenhum caso de homem que mata a mulher e mulher que mata homem por causa de ciúmes? Imagina o que eu posso fazer com você! -Ela falou e eu ri. -Vai rindo. Só torce pra eu nunca ver você com nenhuma puta? Porque se não eu mato você lentamente. -Me ameaçou irritada, o que causou mais risos da minha parte.

-Amor, eu não...

-Não me chama de Amor. -Ela me interrompeu.

-Isabella, eu nunca ficaria com nenhuma puta, não preciso de ninguém, eu já tenho você. -Falei tentando amenizar a situação.

-Acho bom, porque arma do crime é o que não falta, muito menos oportunidade. -Ela se virou e saiu e eu me entreguei ao riso.

Aí como eu amo essa menina.

Aconteceu 1: Me Apaixonei Pelo Herdeiro do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora