Entre o amor e a vingança

Cap. 31 A distância é quase mortal

Os dias passam rápido, e quanto mais conheço o Mathias mais eu gosto dele. Descobri tanto sobre a vida dele que parece que o conheço desde a infância, com o passar do tempo estreitamos laços e hoje não o vejo mais como meu carcereiro e sim como um bom amigo. Um dia desses fui ate a casa dele e conheci seus sobrinhos, são duas crianças lindas. O Fabio o mais velho, tem cinco anos, a pele clara e os cabelos castanhos todo enroladinho igual um anjinho, adorou quando eu disse que ele tinha cabelo de anjo, sem os dois dentinhos da frente e muito esperto, não para quieto, é muita energia pra uma criança só. A Milena é tão espoleta quanto o irmão, os olhos num castanho quase verde, o cabelo comprido e a pele tão clara, os dois de anjo só tem o cabelo. A irmã do Mathias é bastante simpática, muito humilde e atenciosa. Pude ver em seus olhos a dor de ver seus filhos abandonados pelo pai. As crianças adoraram a minha visita e eu mais ainda, nunca tinha me sentido tão aceita em toda a minha vida. Prometi um dia voltar e levá-los à praia e foi maravilhoso ver o brilho nos olhos daqueles anjinhos.

Já nem sei ha quanto tempo o Erick e eu estamos distantes, só sei que sinto falta de tê-lo por perto. Todos os dias quando ele acorda fico me perguntando se eu não saberia esquecer tudo de ruim que aconteceu no meu passado e se eu não saberia amá-lo outra vez, mas sempre que ele sai a minha resposta é a mesma.
Por mais que eu queira algumas coisas não são fáceis de esquecer.
Desde que o Erick se afastou de mim depois daquele ultimo beijo no restaurante tenho me sentido muito sozinha, tenho ido mais do que gostaria ao cemitério, tento não me tornar tão dependente outra vez, mas a solidão machuca de mais.

Ultimamente não tenho pensado tanto no Erick, tenho me ocupado um pouco mais com o Mathias, gosto de conhecer melhor ele, o jeito como ele me trata me deixa feliz. É diferente quando a pessoa não conhece a sua história, ele olha pra mim e vê uma pessoa normal, nem de longe ele imagina o abismo que sou. Ele ainda me olha como se eu fosse superior só porque é meu empregado e quero tirar isso dele, quero que entenda que sou tão simples quanto ele, tudo de luxuoso aqui vem do Erick e não de mim. Outro dia pedi que me ensinasse a dirigir, foi tão divertido. É tão bom quando você se sente normal. Passamos a tarde toda juntos, chamei a Paulinha para passar o dia com a gente. O Mathias e a Paulinha estão mais próximos também, as vezes gosto de tomar sorvete com os dois no fim da tarde. Todos os dias depois das aulas de direção a gente para pra tomar sorvete. Nunca imaginei que fosse gostar tanto de ter um motorista particular.

Um dia desses o Erick brigou comigo porque dei o dia de folga para o Mathias, besteira dele, eu só não precisava do Mathias naquele dia e achei justo deixar ele ir pra casa ficar com os sobrinhos, nunca vi homem tão agarrado com crianças, aquelas crianças são tudo na vida dele. Sempre que posso dou o dia de folga para a Constância também. As vezes gosto de ficar sozinha em casa, normalmente quando estou triste. Desde que aceitei a presença do Mathias tenho me sentido mais feliz, ultimamente ando sorrindo mais e não me preocupo tanto quando o Erick me ignora.

Hoje levei os sobrinhos do Mathias à praia, fomos a Paulinha, o Mathias, a Mariana (irmã do Mathias), as crianças e eu, foi tão gostoso ver o sorriso no rosto deles, os olhinhos brilhavam vendo o mar. A Milena que só tem três aninhos e nunca tinha ido à praia ficou encantada com o mar. Foi diversão o dia todo, o Fabio corria de um lado pro outro enquanto eu conversava com a Paulinha na areia.

- Até quando você e o Erick vão ficar nessa heim?

- O que? Eu não tenho culpa se ele não quer falar comigo e depois a gente não ta brigado, é só que vive cada um no seu canto.

- E vocês são felizes assim? Amiga para de mentir, eu conheço você, da pra ver que você esta triste vivendo assim.

- Pra falar a verdade eu estou feliz. - meu rosto muda, e a dor se torna presente - Eu prefiro quando ele não fala comigo. Gosto de olhar pra ele e pensar que ainda é o mesmo menino pelo qual me apaixonei. Quando ele se aproxima eu vejo o quanto esta diferente e tenho medo de que nunca volte a ser o meu Erick.