Cap. 115 - Um quarteto quebrado.

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A Érin parecia realmente muito cansada, ela se aconchegou no boneco e acabou adormecendo. Ao chegar em casa não quis acordá-la, a peguei no colo e a levei para seu quarto, ela se aconchegou no meu peito e só queria que ela reconsiderasse o divórcio. A coloquei na cama e ela não acordou, voltei no carro e peguei o boneco de pelúcia e o coloquei a seu lado na cama junto com uma rosa vermelha que peguei no jardim. Beijo sua testa e a cubro com o cobertor. Apago a luz e saio.
Eu também estava exausto, foi um dia puxado no trabalho, entro no banho e deixo o corpo relaxar debaixo da água quente enquanto lembro o gosto daquele beijo, a Érin totalmente entregue nos meus braços, acho que naquele momento nem ela lembrava por que queria o divórcio. Saio do banho e deito, apesar do cansaço passo um longo tempo olhando para o teto, pensando no que estaria passando na cabeça da Érin, ela passou o dia muito estranha, tinha algo de errado, mas não consigo saber o que.

A casa esta silenciosa, parece que a Érin havia sido mesmo vencida pelo cansaço, me sinto em paz até o momento em que ouço sua voz abafada, um grito de socorro e em seguida um choro compulsivo. Levanto apressado e vou em direção a seu quarto.

Érin

De repente tenho oito anos outra vez, meu pai entra bêbado em casa, meu irmão está vivo, o azul dos seus olhos era ainda mais vivo, ele me chama e faz sinal de silêncio com o dedo indicador, a gente tenta fugir. Minha mãe aparece muito machucada dizendo para fugirmos, tento correr mas não saio do lugar, me vejo num quarto escuro, meu irmão não está mais lá. Vejo sangue por todo lado, o barulho de chaves se torna mais próximo, tento correr mas é inútil, meu pai aparece e aperta com força meu pescoço, ele diz que nunca vai me deixar ficar com o Erick, não consigo respirar, sinto a vida se esvaindo do meu corpo. Em minhas últimas forças grito por socorro. Abro os olhos e acordo em meu quarto com a pelúcia da fera a meu lado na cama segurando uma rosa vermelha, choro apavorada e sufocada. Alguém entra no quarto e o pânico toma conta de mim. Ele se aproxima e me toca, tento me afastar, começo a me debater implorando para que ele me solte até que ouço sua voz me dizendo para ficar calma e só então olho para ele, reconheceria sua voz em qualquer lugar.

- Erick? Ai graças a Deus!

Me atiro em seus braços e o abraço com força, o pânico toma conta e começo a chorar compulsivamente.

- Ta tudo bem, foi só um sonho ruim.

Não consigo falar, ele me abraça mais forte e aos poucos sinto meu coração desacelerar.

- Foi horrível...

- Mas não foi real, você está bem, eu to aqui com você. Nunca vou deixar nada de mau te acontecer eu prometo.

- Você não pode prometer isso.

- Posso sim, aconteça o que acontecer eu sempre vou estar com você.

- Mas a gente ta se divorciando.

- Só no papel. Amor olha para mim, - ele se afasta e levanta meu queixo com a ponta do dedo indicador, me fazendo encará-lo - É só um pedaço de papel e não vai ser um pedaço de papel que vai me dizer se eu posso ou não continuar te amando, eu vou te amar para sempre Érin, cada segundo da minha vida, enquanto eu ainda respirar, eu sempre vou te amar.

Fico sem saber o que dizer, apenas deixo que as lágrimas corram pelo meu rosto, eu também me sinto assim, enquanto eu respirar eu vou amar o Erick, por um segundo não fazia sentido assinar os papéis do divórcio, eu queria uma vida inteira com ele.

- Vem cá, - ele me puxa para perto do seu corpo e me abraça novamente - vai ficar tudo bem, tenta descansar, eu vou ficar aqui até você voltar a dormir.

- Fica comigo a noite toda, dorme aqui, eu não quero ficar sozinha.

- Ta... mas você tem que parar de chorar.

Entre o amor e a vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora