Cap. 77 Um príncipe contra centenas de vilões

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- O que você tem na cabeça heim?

Ela perguntava sobre a conversa, o espelho respondia sobre o beijo. O que você tem na cabeça para não continuar aquele beijo?

- Maldita hora que eu parei para falar com ele! É mas eu não tinha opção, ele é muito mais forte que eu. Ai meu deus para Paulinha, você está ficando maluca, você já está falando sozinha.

As lágrimas rolavam pelo seu rosto, perdeu até a vontade de contar para a amiga que havia conseguido o emprego. Se agarrou no travesseiro e chorou, chorou até perceber que chorar não diminuía a sua dor, queria colo, queria um abraço apertado, um chá quentinho e uma boa conversa para dormir. Pegou o celular para ligar para amiga mas tinha mensagem, sms porque foi a única coisa que ela não conseguiu bloquear.

Dói não merecer nem um tapa seu. Sinto a sua falta, mas vou tentar respeitar a sua vontade. quero que saiba que você é muito importante para mim.

Aquela mensagem só piorava as coisas, fazia o coração doer dobrado. Ligou para a amiga com o coração na mão.

Ligação on

- Vem pra minha casa?

- Paulinha? O que houve, por que você está chorando?

- Vem para cá por favor.

Ligação off

Desligou na cara da amiga, a voz não sai mais. O choro compulsivo já nem a deixava respirar direito. Pouco tempo depois a campainha tocou e ela nem pensou que não havia dado tempo da amiga chegar, arrastou o corpo até a porta e nem se preocupou que estava só de calcinha e sutiã, a única pessoa que ela esperava era a Érin e elas já cansaram de trocar de roupa na frente uma da outra. O coração quase parou de bater quando abriu a porta. Ele com os olhos brilhando muito de quem chorou, levemente inchados e com um olhar muito arrependido e magoado. Ficou parado olhando a mulher da sua vida. Dentro de um minúsculo conjunto salmão, o rosto inchado de chorar, o cabelo bagunçado do jeito que ele gosta, as sardas não se escondiam mais debaixo da maquiagem. Ela parece ainda menor perto dele, fez ele lembrar o quanto era bom abraçá-la, o corpo dela cabia dentro do dele, era bom escondê-la em um abraço. Ninguém consegue dizer nada, nem ela. A Paulinha olhava incrédula, se amaldiçoando por não ter olhado pelo olho mágico antes de abrir a porta.

- Não me manda embora por favor.

Se ela pelo menos conseguisse falar teria mandado ele embora, mas a voz não saía. O corpo todo travou, só o coração é que batia em ritmo de escola de samba.

- Eu preciso que você me escute.

Vê-la tão magoada, doía de um jeito que nunca doeu antes, quantas mulheres ele já viu na mesma situação? Para todas as outras pediu desculpa, deu um beijinho no rosto e saiu, outras ele nunca nem se desculpou, nenhuma delas o completava como essa completa, por que dói tanto magoar a Paulinha? Não podia ser só mais uma menina? Por que ele precisava sair da Flórida e vir quebrar a cara aqui no Brasil? Quando saiu de casa tudo que ele queria era voltar logo, então por que agora ele sente tanta vontade de ficar? O primo combinou um ano, um ano no Brasil e ele poderia voltar para casa, para o emprego antigo, sente saudades do escritório de lá, mas então por que agora parece tão errado querer voltar? Aqui ele não tem nada, sente falta da casa cheia e do colo da mãe, quando esteve em casa no natal ele não quis voltar, sentiu o coração apertado porque se não voltasse nunca mais ia ver aquela ruivinha que agora está na sua frente só de calcinha e sutiã, gostosa dos pés a cabeça, fazendo ele lembrar que desde aquele dia em que ela destruiu a sala do apartamento dele nunca mais esteve com nenhuma outra mulher. Quase dois meses de castigo por uma coisa que ele nem queria tanto ter feito. Alguém lá embaixo gritava pedindo para sair do castigo, a boca salivando de desejo de um outro beijo igual o de mais cedo, mas sem tapa dessa vez, o rosto parou de arder mas o coração ainda dói.

Entre o amor e a vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora