Cap. 114 - Um eu te amo libertador.

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Minha vida inteira eu lutei pelo sucesso, lutei para ser bem sucedido e criei um império. De um simples adolescente pobre me tornei um homem milionário, conquistei mais dinheiro do que consigo gastar, tudo isso para dar a ela uma vida decente. Eu consegui! Ela não apanha mais, ela é livre para ir e vir mas nunca me senti seguro para que a Érin tivesse tal liberdade. O tempo todo a quis só para mim, a tirei de uma prisão para trancá-la em outra, a diferença é que agora ela não apanhava mais. Não consigo entender como pude ser tão cego a ponto de ter colado o meu sucesso acima do nosso amor. O tempo todo queria que a filial do Brasil desse certo, queria provar para ela e para mim mesmo que eu não era um fracassado como aquele maldito dizia, mas que diferença faz agora? O verdadeiro fracasso é perder quem você ama. Percebi tarde de mais que não importa se a empresa vai ter sucesso ou não no Brasil porque nada faz sentido sem ela, talvez eu devesse ter tido o mesmo empenho em fazer meu casamento dar certo. Eu finalmente estava casado com a mulher que amo e deixei tudo de lado para ser um cara bem sucedido. Não estou mentindo quando digo que não me sinto magoado por sua desistência, me sinto magoado por a ter tido a meu lado por tanto tempo e não ter sido capaz de ser um bom marido.
A Érin sempre reclamou da minha ausência e eu tolo, sempre achei que teria tempo, que podia ser primeiro um empresário de sucesso e voltar para ser marido depois. Deixei que ela amasse sozinha, a Érin sempre se esforçou, sempre esperou por mim e entendo que ela tenha cansado, até mesmo beijar outra mulher eu beijei. Sempre nego a traição, de fato não tive a intensão, mas ao invés de chorar minhas magoas com outra mulher eu devia ter me ocupado em ser feliz com minha esposa. Não me surpreende que a Érin não queira conversar comigo, eu mesmo não quis conversar com ela quando foi a minha vez. Ao longo do caminho perdemos as coisas mais importante: a cumplicidade e a confiança. Sozinho na minha sala penso em todas as vezes que a magoei, na decepção em seu olhar quando me viu beijando a Carla, ou na dor de quando fui buscá-la naquele hotel, fui muito covarde com ela. O tempo todo a Érin tentou ser uma boa esposa, ela se abriu e se dipôs a me amar outra vez e tudo que fiz foi magoá-la. Sinto tanta falta dela, sinto saudade dos nossos dias bons, saudade da gente na Flórida, ela se permitindo e dormindo nua ao meu lado, saudade de sentir o gosto do seu corpo no meu, a lembrança de gozar na mão dela arde em meu peito. Tive tudo para ser feliz e joguei fora só porque um dia um alguém disse que eu era um fracassado.

Tem algo de errado com a Érin e nem consigo descobrir o que é, uma parte de mim se quebra toda noite quando a ouço chorando antes de dormir. Não quero assinar aqueles malditos papéis, a ideia de não poder protegê-la me apavora, mas não me sinto mais no direito de dizer não a ela. Não quero que a Érin vá embora, se dentro de casa não posso protegê-la, imagina como vai ser quando ela for embora. O medo de que ela volte a morar com os pais me assombra toda noite, não tenho dormido bem, principalmente porque ouço seus soluços do meu quarto.
Não era uma noite diferente das outras, eu estava deitado fitando o teto enquanto ela chorava sozinha, meu coração ardia por saber que ela estava sofrendo. Me levanto e vou a seu quarto, não bati na porta, só entrei em silêncio, ela tentou secar o rosto as pressas quando me viu. Ainda em silêncio me sentei a seu lado, ela perguntou baixinho, toda sem graça "o que você está fazendo?" não disse nada, apenas me ajeitei em sua cama e a puxei para um abraço, ela tentou se afastar mas a abracei um pouco mais forte.

- Não precisa falar se não quiser, mas deixa eu cuidar de você, eu não aguento mais te ver sofrendo assim e não fazer nada.

Ela cedeu, ajeitou a cabeça no meu peito e chorou, tão exausta da própria vida que me fazia temer que em algum momento desistisse de viver. Passei o resto da noite acariciando seu cabelo enquanto ela chorava, a Érin foi dormir era quase de manhã. Fiquei olhando seu semblante cansado e pensando o que poderia estar acontecendo. Quando o dia amanheceu voltei para meu quarto, ela não ia querer acordar ao meu lado e isso doía de mais.

Entre o amor e a vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora