Cap. 111 - Sempre lembre dos dias felizes

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Eu nunca senti tanto ódio por uma pessoa quanto sentia agora pela Érin, ela foi embora com aquele cara e eu fiquei ali no meio da multidão com cara de babaca, abandonado pela mulher que eu amo. A dúvida é mil vezes pior que qualquer certeza, eu tentava repetir pra mim mesmo que a Érin não tinha um amante, mas quem era aquele cara então? Por que ele defendeu a Érin daquele jeito? Se era mesmo um amante por que não reagiu quando eu disse ser o marido dela? Por que a Érin foi embora com ele? Eram tantas perguntas sem respostas e eu só conseguia a odiar ainda mais a cada nova pergunta que se formava em minha cabeça.
O Nando tentava me acalmar, mas eu estava cego de raiva, discuti com meu primo na véspera dele ir embora, eu precisava de alguém pra descontar toda aquela raiva. Pagamos a conta e o Nando não me deixou dirigir pra casa, ele assumiu o volante enquanto eu resmungava o quanto odiava a Érin.

- Você sabe alguma coisa sobre aquele cara?

- Eu não faço ideia de quem seja.

Tentei ficar em silêncio, mas o ódio e a frustração corriam nas minhas veias. Dei um soco no painel do carro enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto, ela não tinha o direito de fazer isso comigo, não era justo que depois de ter me metido em tanta briga pra defendê-la, ela tenha ficado do lado daquele babaca.
Chegamos em casa e a casa estava vazia, em meio a todo ódio me veio o medo, será que ela ia fugir de novo? Era impossível dormir, o Nando tentou me convencer a por gelo no ferimento,meus lábios estavam cortados e inchados mas eu não conseguia pensar em nada. Abri uma garrafa de whisky e fui para o quarto, pedi para ficar sozinho embora o Nando tenha insistido em me fazer companhia. Fiquei sentado na varanda com a luz apagada, bebendo e chorando feito um idiota, por que eu havia me esforçado tanto para chegar ate aqui se era pra viver essa vida de merda? Pela primeira vez entendo porque todos diziam que era loucura voltar ao Brasil e me casar com ela.

A Érin chegou pouco depois, vi quando o táxi encostou no portão, ela sabia o quanto eu odiava que ela andasse sozinha, ainda mais a noite, ela fazia mesmo de tudo para me irritar. Vi quando ela travou ao abrir o portão, apesar de estar com muita raiva era um alivio saber que ela tinha voltado pra casa. Ela entrou e subiu sem acender as luzes, silenciosa como sempre, fiquei esperando para ouvir a porta de seu quarto fechar e ter a certeza de que ela estava bem, mas ao invés disso ouvi a porta do meu se abrir, a Érin entrou devagar e parecia assustada por não me encontrar, mas logo percebeu a porta da varanda aberta, veio até mim quieta, feito criança quando sabe que fez merda, parou na porta esperando alguma reação minha, é óbvio que ela sabia o quanto eu estava bravo. Não me mexi, fiquei apenas olhando-a dos pés a cabeça tentando encontrar qualquer motivo que me fizesse querer ficar, tinha de haver algum motivo para que eu a amasse tanto, mas naquele momento eu não enxergava nenhum.

- Você ta bem?

Perguntou num fio de voz.

- Eu pareço bem?

- Eu sinto muito pelo que aconteceu. - disse baixando a cabeça - eu não queria ter causado tudo isso.

Ela se aproximou enquanto apoiei o copo de whisky sob a mesa.

- Sente mesmo? - digo em tom de ironia - Você devia estar feliz, era tudo que você queria não é? Gritar pra todo mundo que você não é minha mulher.

Estando mais próxima ela pôde notar o ferimento em meu rosto, vi sua expressão mudar e ela parecia muito brava e ao mesmo tempo envergonhada.

- Seu rosto...

Ela ergue a mão para me tocar mas a seguro antes que possa tocar meu rosto.

- Agora você quer fingir que se preocupa?

- Erick eu sempre me preocupo com você, eu vou pegar um pouco de gelo.

- Me faz um favor? Sai da minha frente porque eu não quero nem olhar pra você.

Entre o amor e a vingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora