Ainda era cedo quando José chegou do trabalho naquela manhã de segunda. Sua esposa, a simpática senhora Lucrécia, estava cantarolando, lavando a rotineira louça do dia a dia. José sequer cumprimentou à esposa quando trespassou a ela.
Na verdade, José estava pálido e aparentemente cansado.
— Bom dia, né! — disse a esposa, intrigada.
Mas Lucrécia só ganhou um rosnado como resposta. José entrou resmungando e foi direto para o banheiro onde ficou por quase meia hora.
Ainda intrigada, Lucrécia bateu a porta mas não obteve resposta. Será que José dormiu no banheiro? Tornou a bater e nada de respostas.
Angustiada, gritou pelo nome do esposo. Porém o silêncio no banheiro continuava.
Pensou em chamar algum vizinho para lhe ajudar a arrombar a porta quando vieram grunhidos estridentes, a onomatopeia indecifrável. Desesperada, Lucrécia decidiu arrombar a porta sozinha. Pegou uma chave de fenda e começou a destravar a fechadura, assim como aprendeu certo dia com um tio seu. Depois de muito pelejar, conseguiu abrir.
Entrando no banheiro, viu pegadas de sangue por toda a parede e piso. Pasma com o rastejo, viu que a banheira estava até a borda de água e que ali havia algo borbulhando. Era com certeza José que tinha se afogado. Averiguando a banheira, presenciou a espuma flutuando de forma viva na boca de um faraônico gato preto. O felino jorrou no rosto de Lucrécia um espumoso troço branco. Lucrécia volveu-se tentando correr, mas escorregou no sangue que havia enlameado o lugar todo.
O felino, que se assemelhava à uma fera do apocalipse, ia em direção da mulher, agora com uma altura soberba. Suas garras afiadíssimas puxavam Lucrécia pelo o vestido e arranham suas belas pernas torneadas. Lucrécia conseguiu se levantar, mas não podia correr, estava cercada por aquela criatura horripilante. O animal agatanhou todo o corpo fazendo espirrar mais sangue por todo o banheiro.
Lucrécia, débil pela perda de sangue, submeteu-se à morte. Nada podia fazer. Foi quando acordou de seu sono, e, olhando para a janela, enxergou um gato preto tomando banho encarando a mulher na mais fina elegância.
FIM
Autoria: Jim Patrik
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ESPECTROFOBIA (Contos de Terror)
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