O Animalesco Caso dos Irmãos Disformes (Continuação)

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     - Que história respulsante e triste! - exclamou Gabriel, embasbacado.

- Deveras! Anos mais tarde, foi a vez de sua filha, na época com vinte e poucos, anos, vir a morrer. Esta já foi uma morte mais misteriosa, até hoje acredito que ninguém soube o motivo.

- Meu Deus! Muita tragédia pra uma família só.

- É, meu amigo. Temos que agradecer pela família saudável que temos.

Enfim chegaram à casa do ancião. Os dois entraram no pátio e bateram na casa do senil Armélio Costa, mas não foram recepcionados. "Era de se prever", disse Ulisses.

- Senhor Armélio, podemos falar com o senhor por uns minutos! - berrou Ulisses.

- Vamos entrar, Ulisses. Provavelmente ele não quer nos atender. - disse Gabriel.

- Calma. O velho é cadeirante. Vamos esperar mais um pouco.

E assim os dois policiais esperaram por longos minutos, mas nem um sinal do velho. E continuavam a berrar por este. Quando os dois iam virando as costas, eis que a porta se abre lentamente. Ulisses e Gabriel entreolharam-se e, sem titubear, entraram na casa, cautelosamente. Ulisses mantinha sua arma em sua cintura, já o jovem Gabriel já estava com ela em mãos.

- Nem pense em expor isso, seu louco! Não tem por quê. - disse Ulisses, furiosamente. - Senhor Armélio, podemos conversar? - prosseguiu Ulisses com a voz serena.

- Puta merda! - exclamou Gabriel pisando em um excremento. - Há cocô por toda a casa. Veja!

- E urina também. - percebeu Ulisses.

- O que esse homem cria aqui, meu Deus?! - arguiu Gabriel.

- Não sei. Mas vamos continuar com a cautela e falar com ele.

Gabriel estava bastante agitado, com uma sensação de medo e arrepio que subia dos pelos da perna até a nuca. Olhou para aqueles quadros suspensos, paralelos uns aos outros, artes repugnantes de seres anormais, disformes por natureza. Em um destes quadros, precisamente um retrato, uma família de suínos, bovinos, caninos e outras espécies de animais estava reunida em uma sublime mesa, assim como o quadro da sagrada Santa Ceia, todos olhavam tristemente para câmera fotográfica, devorando algo que ossada humana, expostos a gosto à mesa. Alguns roíam pernas e braços, e outros faziam das cabeças das pessoas uma espécie de tigela, e comiam suas massas cefálicas, maquiando a face com sangue. Atrás daquelas hediondas pessoas, estava suspensa uma placa toda adornada de ouro escrito: SHEBU

Em uma outra foto, ocorria uma celebração, um casamento em um pasto onde todos os mesmo animais da foto e outras aberrações participavam.

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