pApAi bObO (Final)

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Enzo passava por um transtorno de personalidade beirando à psicopatia. Este foi o diagnóstico do médico psiquiatra. O menino se tornava um ávido predador de animais. Das mais insanas crueldades que Enzo e sua turma gostava de fazer, era de enforcar gatos. A prática se tornou costumeira pelos bairros e a população já estava ficando perturbada.

A absurda maldade alcançou o seu ápice quando um garoto de treze anos, endemoninhado, usando a máscara do pApAi bObO, invadiu uma academia em um bairro pouco movimentado matando cerca de dezesseis pessoas. O massacre só se deu por encerrado quando as balas acabaram e o menino, desesperado, correu, mas foi logo pego pela polícia e levado à delegacia.

Em seu depoimento, o menino alegou que fez aquilo pelo pApAi bObO, que o palhaço invadiu sua mente pedindo para que cometesse o terrível massacre.

pApAi bObO foi chamado para fazer um depoimento, quando, em frente à delegacia, um amontoado de crianças choravam pedindo a liberdade de pApAi bObO. Mas pApAi bObO não estava sendo preso, porém algo inusitado aconteceu enquanto o palhaço dava o depoimento aos policiais. pApAi bObO começou a proferir palavras ininteligíveis, em um terrível estado de choque.

— Ele está tendo um ataque epilético.  — disse um dos policiais

Mas pApAi bObO não estava tendo um ataque epilético, e sim enviando mensagens telepáticas para os seus seguidores que estavam em frente à delegacia. As crianças se envolveram na delegacia quebrando tudo pedindo para que soltassem o seu bruxo.

— Bruxo? Mas de quem vocês estão falando? — perguntou um policial.

— Não se faça de retardado. Você sabe muito bem que estamos falando de pApAi bObO.

Soltem pApAi bObO! Soltem pApAi bObO...

Vejam! É o palhaço que está se comunicando com as crianças! — disse um delegado. — Pare com isso, pApAi bObO. Pare senão vamos ter que atirar.

Mas pApAi bObO não parava. E as crianças continuavam a quebrar tudo, transformando a delegacia num parque de diversões inusitado. Outras crianças entravam jogando pedras na delegacia, quebrando janelas e vitrines.

— Atirem nesse idiota, vamos! — disse um policial. — As crianças vão derrubar a delegacia. — Vamos fazer a nossa versão. Que o maluco reagiu a prisão tomando o revólver de um dos agentes e começado a atirar.

pApAi bObO continuava seu transe, e não teve outra opção a não ser tirar a vida do palhaço.

Ali estava o corpo do palhaço. Triturado de bala. Lá fora, as crianças acordavam de seus transes perguntando onde estavam e se pondo a chorar.

Fim

Autoria: Jim Patrik

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