Após Ana retirar-se, John veio até o parceiro.
— Como assim, Arthur! O que significou isso? Por que você pôs o nome do irmão de Eric nesta situação toda? O que está querendo dizer?
— Venha. — disse Arthur conduzindo John até sua mesa. — Ontem à noite, quando não conseguia de forma alguma pregar os olhos, peguei alguns materiais que tínhamos do crime e os analisei com cautela, acabei encontrando algo crucial que pode apontar outra pessoa como assassino.
— E o que foi? Quem é essa pessoa?
— Veja. — disse Arthur, agora com seu computador ligado. — Está vendo aqui o irmão de Eric, Emanuell, com seus pais na foto? Ele é o unico a estar de meia e tênis no local do crime. Os pais calçam sandálias. Como é que alguém recebe a notícia de que o irmão está morto e ainda tem a pacacidade de calçar meias e tênis?
— É estranho.
— Lembra da marca dos pisos na cena do crime, a forma em espiral?
— Sim, claro. — consentiu John, excitadíssimo.
— Perfeito. Então, juntando estes dois elementos, pesquisei, através de fotos na internet, que marca de tênis que trazia como pegadas uma forma em espiral, e adivinha o que eu achei?
— O tênis do irmão de Eric.
— Exatamente. O mesmo tênis. Com isto, Emanuell se torna também suspeito da morte do próprio irmão.
— Meu Deus do céu! Mas por quê?
— Não sei, não sei. Mas vou até à casa da família Santos com o pretexto de apurar mais fatos, e você irá atrás do álibi de Roni, na casa de Júlia, sua possível namorada.
Os dois detetives partiram, cada um para o seu destino.
Na casa de Eric, Arthur encontrou apenas o senhor Santos na residência, o que ajudou muito sua ação.
Depois do pequeno preâmbulo, Arthur pediu ao senhor se podia apurar mais alguns fatos no quarto do menino Eric, pedido concedido pelo homem, dizendo para que o detetive ficasse a vontade. O objetivo de Arthur, na verdade, era o quarto do irmão que ficava ao lado do de Eric. A porta estava semiaberta e entrou sem causar ruídos. O quarto estava até bem arejado para um garoto daquela idade, o que, mais uma vez, facilitou o trabalho de Arthur que foi direto para uma espécie de armário onde tinha alguns sapatos velhos. Não achou o tênis que o jovem calçava no dia do crime, mas encontrou seu notebook ligado, em modo repouso. Sentou-se rapidamente vasculhando a sua rede social que também estava logada, mas não encontrou nada de relevante, nem mesmo nos bate-papo. Mas não desistiu de seu intento, então foi aos documentos, imagens, onde achou fotos que distorciam os relatos de Emanuell. Lá estavam Emanuell e Ana Tereza, juntos. Arthur ficou intrigado com aquilo. "Não pode ser", balbuciou. "Eles estavam namorando?" Porém, examinando melhor as fotos, viu que não passavam de montagens mal feitas, toscas, bem amadoras, feitas por Emanuell que nutria uma paixão não correspondida. Em uma das tantas fotos de Ana Tereza, encontrou uma que chocou mais ainda o detetive: Eric e Ana Tereza estavam sentados no banco do colégio, de mãos dadas, felizes, porém, a cabeça de Eric estava completamente riscada com a cor vermelha. Seria uma alusão ao crime que cometeu? Arthur se afastou, com as mãos na cabeça, foi quando viu o tênis de Emanuell jogado ao lado da cama, o mesmo tênis da foto, com o espiral na parte inferior, marcas dos passos no crime. Era ele. Agora tinha toda certeza. Emanuell matou o próprio irmão.
Algo estranho subiu pelo o seu corpo, um mal estar inarrável.
— Está tudo bem aqui? — disse uma voz adentrando no compartimento. — Detetive, o que o senhor faz no meu quarto? — interrogou Emanuell, percebendo o notebook aberto.
Arthur pusera a mão direita na cintura, próxima ao coldre.
— Eu estava de passagem, e vim ver como estão vocês. Pensei que este fosse o quarto de Eric. Perdão.
Emanuell, desconfiado, foi até seu notebook, fechando-o.
— E estava mexendo nas minhas coisas?
— Como eu disse, pensei que fosse do seu irmão.
Emanuell sorriu, um sorriso sardônico.
— Vamos! Vou levá-lo ao seu quarto. — disse Emanuell.
Arthur pôs-se de pé e, ao garoto por a mão nos seus ombros, como que o conduzindo‐o, o detetive praticou um golpe contornando o braço do rapaz, dizendo:
— Está vendo esta pedra? Acho que é do seu anel. — e encaixou a pedrinha de diamante que havia caído no local do crime no momento em que esmurrava a cabeça de Eric. — Você está preso pelo assassinato do seu irmão.
O garoto sorriu, os olhos diminutos, sombrios, entregando-se à prisão.
— Muito bem, detetive. O senhor fez um ótimo trabalho.
— Por que fez isso, Emanuell? Era seu irmão. — Emanuell apenas sorria, um sorriso fechado, que causava pena, desconforto. E continuou sorrindo. — Por que sorri? — inquiriu o detetive.
— De dor, detetive. De dor.
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ESPECTROFOBIA (Contos de Terror)
HorrorSe você gosta de explorar o desconhecido; fantasmas, demônios, lendas urbanas, vampiros, aqui é o lugar certo. Seja bem vindo às mais assustadoras histórias de horror. Atenção! Plágio é crime. Todos os contos estão autenticados.