Samuel M não pôde deixar de perceber como a jovem Dulce era bonita. Dotada de uma beleza oriental rara, Dulce, apesar da seriedade que trazia na face, tinha todo o encanto que aprazia o jovem. Talvez fossem aqueles olhos vasculhadores que lhe chamaram atenção, bem como o interesse da jovem em conhecê-lo melhor.
— Deslumbrante a jovem, não é mesmo, meu amigo? — disse um rapaz que observava o casal à distância. Esvaecendo-se do deslumbre, Samuel virou-se para com ele.
— Sim. Com todo respeito.
— Oh, sim. Claro, claro. Com todo respeito. — reparou o homem analisando Samuel M meticulosamente. — Ah, queira me desculpar. Trabalhamos no mesmo departamento, mas ainda não fomos apresentados. Chamo-me Frédéric Carlton. E você?
— Samuel M. Prazer trabalhar com você.
— Sim. É um prazer trabalhar com você também. — disse o homem achando Samuel M robótico demais. — Então, Samuel M, o que está achando da Harum? Previsível, assim como todas as lojas do centro da cidade? — perguntou Frédéric, excitado.
— Não. Muito pelo contrário. Não tem comparação. Já trabalhei em outras lojas e posso afirmar categoricamente que a Harum é outro universo. Seus funcionários são tratados como peças importantes da loja e, não quero ser incoerente, muito menos soberbo, mas estão certos.
— Por quê, visto que somos nós quem precisamos do emprego e existem centenas almejando o nosso lugar?
— Porque os funcionários representam às lojas, e a Harum sabe disso. De que adianta eu ter os melhores frutos da feira, mas ser um feirante arrogante com funcionários também arrogantes que não prezam por seus clientes?
—É! Você tem razão. Mas temos que fazer a nossa parte. — disse Frédéric Carlton, olhando à sua volta.
— Correto. Todos têm que fazer a sua parte. — acrescentou Samuel M. Frédéric observou que o jovem não era tão bobo assim como imaginava. — A propósito, senhor Frédéric, há quanto tempo trabalha na Harum?
— Quantos anos? Ora, que isso, amigo. Eu sou um calouro, assim como você, buscando o meu lugar ao sol.
— Perdão, Frédéric — exclamou Samuel M, um tanto que ludibriado. —, é que você parece tão habituado à Harum que deduzi isto.
— Habituado?
— Sim. A sua postura. É como se você já fosse um antigo funcionário da loja.
Frédéric Carlton sorriu.
— Vou levar isto como um elogio.
— Sim. Pois leve.
— Escute, você quer beber alguma coisa assim que acabar o nosso expediente? — sugeriu Frédéric.
— Acho que seria interessante. — redarguiu Samuel.
— Fechado. O jovem George Alvim, que é encarregado da publicidade da loja, outro que busca o seu lugar ao sol por aqui, também irá conosco, espero que não tenha problema para você.
— Não terá problema algum. Será uma satisfação conhecer os novos amigos do trabalho.
— Excelente! Então está combinado, Samuel M. Até mais tarde.
— Até mais.
De fato era um bom momento de Samuel M conhecer melhor os amigos do trabalho. Seria nutritivo para todos, afinal seriam apenas uns drinks.
Continua...
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ESPECTROFOBIA (Contos de Terror)
HorrorSe você gosta de explorar o desconhecido; fantasmas, demônios, lendas urbanas, vampiros, aqui é o lugar certo. Seja bem vindo às mais assustadoras histórias de horror. Atenção! Plágio é crime. Todos os contos estão autenticados.