Lenda do Boto (Continuação)

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          Maria Jandira era uma jovem dama que sempre sonharam e se casar e que sempre, apoiada em sua janela, quase perto ao crepúsculo, cogitava seus possíveis namorados

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          Maria Jandira era uma jovem dama que sempre sonharam e se casar e que sempre, apoiada em sua janela, quase perto ao crepúsculo, cogitava seus possíveis namorados. Adorava as cartas que recebiam, elas bombavam em seus correios, porém a maioria nunca era lida. Odiava a escrita grosseira de alguns admiradores seus.

A festa de São João estava chegando, e Maria adorava aquele clima junino. Amava as guloseimas típicas da época como: o mingau de milho, canjica, bolo de macaxeira, pamonha, bolo de fubá dentre outras doçuras.

No dia de São João, Maria Jandira conseguiu atrair olhares de todos os homens da cidade, ricos, plebeus, galanteadores de outros estados, todos interessados na beleza carivante de Maria Jundira. Afinal a mocinha era conhecida como a namoradeira da cidade. Quem dos garotos não eram loucos por Jandira? Difícil apontar um. Aqueles lindos cabelos encaracolados que cobrira toda a face vermelha como a cor do jambo, era o mistério que acudia a todos do terreno. Era a garota pura, a ninfa desejada por todos que pisavam naquela cidade. Era difícil um homem se despedir da pequena cidade e não sair de lá com ensejos, saudades, paixão da pequena ninfeta Jandira. Todos os homens da cidade já a haviam pedido em casamento, porém a moça negava os pedidos de todos. "Minha filha é jovem demais para se casar", dizia sua mãe quando um homem vivido vinha até à sua casa pedindo a filha em casamento

No entanto, nesta pequena vila, morava um jovem que jamais havia se declarado a moça por ser demasiado tímido, suas declarações eram apenas feitas através de cartinhas escritas por sua irmã que não apoiava aquela paixão platônica do irmão. Sua irmã conhecia muito bem Maria Jandira, e ela jamais daria uma chance ao pobre jovem.

– Você é rústico do campo que nem sequer sabe ler e escreve, Chico. Desista dessa muher.

Mas o homem não desistiu e através de pequenos alcoviteiros enviava as cartas que nunca eram correspondidas.

Seu nome era Francisco, mais conhecido como Chico da Carroça, por puxar carroca a cidade inteira. Chico daria até a sua vida pela linda Maria Jandira.

A festa de São João daquele ano ficou marcada pelo congestionamento de pessoas que dançavam e curtiam as músicas de São João, e Maria Jandira, afastada um pouco com desdém dos demais que brincavam, apreciou um lindo jovem que apreciava uma fogueira que estava montada bem no centro da festa. De súbito, Maria Jandira se encantou pelo rapaz vestido de rosa com um chapéu da mesma cor. "Sim", pensou Maria. Era o nobre cavaleiro que viera visitar a festividade. "Como ele é lindo", pensou Maria Jandira. O homem instintivamente percebeu que estava sendo observado por Jandira e diretamente seus olhos se dirigiram a ela que se sobressaltou com aquele repente do rapaz; aquele olhar atirou várias flechas em coração, que submissa ao amor entregava-se àquele homem tão bem vestido. A moça flutuava em direção deste.

– Você aceita uma dança? – sugeriu o homem.

Maria Jandira prontamente asentiu e o homem, para a sua surpresa, dançava divinamente e tinha um cheiro bastante agradável como flores dos mais sublimes Igarapés da natureza, e o agradável odor deste atraía milhares de olhos de todos os cantos da festa, as irmãs de Maria Jandira ficaram enciumadas e não pouparam ofensas ao casal. Os dois dançaram por longos instantes e logo se afastaram da multidão.

– Você quer ir para um lugar mais calmo, minha deusa do Rio. – perguntou o misterioso homem.

– Não sei. Aqui não está bom pra você?

– Sim, está. Mas eu queria ficar mais a vontade com você.

Jandira ficou muito excitada. Ora, não faria nada demais. Quer dizer, não sabia quais as intenções do calhaveiro. Mas, neste misto de desejo e receio, acabou aceitando o convite do jovem.

– Está bem, eu adoraria. – disse Jandira.

Os dois então se afastaram da festa sem que ninguem os desse por falta. Porém, não sabiam que estava sendo perseguidos pelo tal Chico da Carroça que não tirava os olhos do casal. Algo lhe dizia que aquele homem não prestava, pois já o havia visto um tempo atrás, e não tinha lembranças boas deste.

O misterioso jovem rico, que dizia à Jandira que suas riquezas provinham do mar, e que era príncipe da cidade onde vinha, descontentava ainda ainda mais o simples e braceiro de embarcações Chico da Cacrroca.

O casal caminhou e caminhou. Jandira teve que pular poças de lamas e se fustigar pelas matas, desbravando caminhos nunca antes transitados. A moça se sentia arrependida de ter se afastado da multidão, mas o homem levava à direção de um rio que se localizava ao norte da cidade, bastante exitado.

– Vamos, estamos chegando. – disse o rapaz.

– O que será que ele quer comigo? – se perguntava Jandira.

Cruzaram vários caminhos, a Mata virgem, a escuridão eram às vezes importunada por vagalumes que variavam por ali. Aquilo por certo contagiava Jandira que ainda tinha esperança de quem sabe fugir com aquele homem rico numa fina embarcação, possuindo todos os tesouros do mar.

Mas a paixão de Maria oscilou por istante assim que eles chegaram finalmente ao rio. O homem deu um longo beijo que tirou todo receio de Maria. Mas Maria Jandira, por conselho de sua mãe e do povo supersticioso, tentou tirar o chapéu do Moço, mas este sempre a reperia durante o beijo.

Porém, mais um beijo viera, e durante este beijo, Chico da Carroça surgiu e gritou desesperadamente:

– Maria, faz isso não! Você nem o conhece, e nem de de onde vem. Esqueceu o que dizia nossos pais, avós sobre pessoas desconhecidas, provindas do mar?

Mas Maria Maria Jandira olhou para Chico e respondeu com desalinho:

– E eu te conheço? Acho que já vi a carpinar nosso quinal. Mas sinceramente não lhe conheço.

– Mas, Maria, eu sempre fui amigo do seu falecido pai, de sua mãe, éramos companheiros, até de pesca.

– Pois não te conheço, agora suma daqui!

– Mas, Maria! Por favor.

– Arriégua, moleque! Oxi! Cai fora daqui. –disse Maria Jandira, impetuosamente. Chico da Carroça se sentiu humilhado pela moça então decidiu ir embora e seguir viagem de volta. Porém uma intuição terrível incitou a voltar. Eram aquelas coisas tipicas de pescadores. Então, ao se aproximar novamente do rio, onde se encontrava o casal, Chico da Carroça vislumbrou uma cena aterrorizadora, funesta, forte demais para um dia esquecer e dormir em paz, pois o estranho homem cor-de-rosa começou a sofrer uma mutação horrenda que Chico da Carroça denominou como Demoníaca. As vestes do homem foram todas rasgadas e seu corpo foi possuindo uma massa lisa e pastosa, sua cabeça ficou no formato de um boto e seus membros superiores e inferiores transformaram-se em barbatanas. Maria Jandira gritou desesperadamente porém tarde demais, pois o abominável ser do mar a engoliu, quebrando todos os seus ossos e mergulhou para o fundo do rio levando consigo a pobre Maria Jandira, e com  ele toda a sua beleza, para de lá nunca mais voltar. Chico da Carroça bem que tentou correr para salvar a sua amada mergulhando no rio, mas os dois realmente sumido.

Até hoje, quando Chico visita o rio para tocar sua viola, escuta os gritos de socorro da amada.

Até hoje, quando Chico visita o rio para tocar sua viola, escuta os gritos de socorro da amada

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