De repente você olha para uma luz intensa. Ela parece querer levar você para muito longe. Ela é bela, aprazível, em todos os seus sentidos. Mas algo lhe desperta. Uns olhos divinos, tão divinos quanto àquele vazio. Sim, eram destinados a minha pessoa. Eram realmente lindos aqueles olhos reluzentes. Fitavam-me reiteradamente.
Entre as trocas de olhares entre eu e aquele belo ser, aconteceu algo inusitado; triste fato. Um homem, de aparentemente trinta e cinco anos de idade, sofre um infarto e morre ali mesmo, naquele navio, em pleno passeio.
— Socorram-no, pelo o amor de Deus! — às pessoas gritavam desesperadamente. Mas nossos olhares, no entanto, continuavam, e até mais intensos. Acredito que eles foram até pecaminosos, pois desrespeitavam aquele corpo que jazia no solo. Um aglomerado de pessoas rodeava aquela pobre alma que já devia estar em outro estágio da vida.
Intensos olhares; eu não me continha, nem mesmo aquele ser divino. Foi então que ergueu sua mão e, num gesto afetuoso, acenou-me. Eu a retribuí, gentilmente. Mas seus olhares e gestos, outrora intensos, se modificaram de tal forma que me estranharam bastante. Em seus olhos eu não via as lágrimas que ameaçavam cair. Seu semblante triste e emocionado, de certa forma me emocionou também, e foi então que ela virou-se lentamente, e se retirou daquela sala de jantar, daquele imenso navio. Segui-a, obedecendo meus instintos.
No corredor do navio, eu continuava a lhe seguir; seus passos eram lentos, mas espaçosos. Foi quando se adentrou na cabine do capitão do navio. Estranhei, pois aquele acesso era restrito. Mas não me intimidei, e então bati a porta, e foi então que o capitão veio até mim e me interrogou perguntando-me o que eu queria. Disse-lhe da tal moça de olhos reluzentes que havia entrado em sua cabine, e este, trêmulo, disse: “Estás a me ludibriar?”. “De forma alguma, capitão”, respondi-lhe.
Dei-lhe mais descrições da moça e ele ficava cada vez mais aturdido. Ainda desacreditado da minha perfeita descrição, trouxe-me uma foto, uma pequena lembrança de sua filha, e, para a minha surpresa, era justamente a moça que a qual eu seguia. “Sim, é ela”, respondi-lhe. “Impossível”, disse-me olhando com temor. “Por que, senhor?”, perguntei. “Minha filha morreu há três anos!".Continua...
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ESPECTROFOBIA (Contos de Terror)
TerrorSe você gosta de explorar o desconhecido; fantasmas, demônios, lendas urbanas, vampiros, aqui é o lugar certo. Seja bem vindo às mais assustadoras histórias de horror. Atenção! Plágio é crime. Todos os contos estão autenticados.