Dormindo para a morte

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     A bexiga de Jack sempre transbordava como um balde acolhendo goteiras nas noites chuvosas

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     A bexiga de Jack sempre transbordava como um balde acolhendo goteiras nas noites chuvosas. Como pegar no sono com aquela impertinência? Com aquele aperto como se tivessem cravando uma espada no ventre. Sim, tinha que secar o barril, como diziam. Porém, ao tentar se levantar, tomou um susto.

Jack estava completamente paralisado. Apenas seus olhinhos se moviam como duas bolinhas num pinball. Tentava de toda a forma se locomover, mas sem sucesso. Optou em chamar à esposa. Fazer algo. Mas como? Nem mesmo a voz lhe saía.

Jack apercebeu que estava deitado de peito para cima. Aquela posição sempre lhe proporcionava pesadelos pavorosos daqueles de assombrar o coração. Lembrava de ter lido um livro na estante de um alguém qualquer que esclarecia o porquê dos pesadelos ao dormir de peito para cima. O que mais lhe chamou a atenção foi a história de demônios que gostava de se sentar na barriga das pessoas e ficar ali, lhe perturbando até a pessoa acordar.

Sem poder se movimentar, Jack continuava sua luta em busca de seus movimentos. De repente sentiu o seu corpo se afundar naquele colchão. Como que mergulhando numa areia movediça.

Jack descia, só não sabia para onde.

Do subsolo, viu a distância que ia se mantendo das abóbadas, das teias de aranha que se entrelaçavam artisticamente. Estava a mais ou menos cinco metros de profundidade, ainda imóvel.

De repente, como se alguém estivesse com o controle de tudo aquilo, Jack foi subindo, de volta ao lar, lentamente, parecia que tudo iria se normalizar e conseguiria se acordar daquele maldito pesadelo, mas não foi o que aconteceu.

Jack agora era arremessado contra o teto do quarto. Era como se uma máquina de comprimir lhe esmagasse. Aquilo era aterrorizante. Jack berrava inutilmente por ajuda. Até que foi descendo lentamente e dessa vez tudo se normalizava. Desta vez sim. Ufa!

Restabelecendo-se do onirismo, julgando estar lúcido de tudo, tentou por os pés no chão, mas não sentiu firmá-los. Parecia que pisava num vazio, numa profundidade incalculável. Olhou ao seu redor e viu uma neblina ccircundando a cama.

"Meu Pai Celestial!", exclamou.

Olhou para o lado e viu a sua esposa dormindo com a boca aberta, soltando roncos para lá de perturbadores.

Aturdido, começou a chamá-la, puxá-la, xingá-la, mas não obteve resposta.

Fixando seus olhos na neblina, Jack enxergou várias mãos humanas chamando-o para o além. Suspiros agonizantes lhe convidavam para mergulhar no provável inferno que o aclamava.

Mergulhe, Jack. Mergulhe. Acabe com seu medo.

E Jack pulou. E Jack sumiu entre as brumas.

— Jack! Acorde! Jack! - acudiu sua esposa, pela manhã, ao ver o marido pálido, sem vida. Mas Jack não podia. Jack realmente havia pulado.

FIM
Autoria: Jim Patrik



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