Política

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— Pai, mãe! — foi o que eu exclamei ao ouvir uma forte batida na porta do meu quarto. Já eram duas e trinta da madrugada, foi o que me certifiquei ao olhar rápido para o relógio em meu criado-mudo.

Depois da batida, ouvi passos pesados indo e voltando, irritante, um estrondo perturbador que me fizera ficar em alerta. Com medo, abracei forte a Esmeralda, a minha amiguinha. Para me assolar ainda mais, vi vultos na fresta inferior da porta o que me fez acreditar realmente que havia intrusos na casa.

E de fato, na janta, havíamos recebido visitas. Eram homens importantes, bem vestidos, políticos do qual meu pai havia feito amizade. Por certo, eu não sabia se tinham ido embora, pois me recolhi cedo na noite passada.

Encarando meu medo, abri a porta com Esmeralda nos braços e vi o corredor isolado, sem sinal de pessoas. Me dirigi às escadas e vi a escuridão da sala de visitas, aquilo parecia mais com uma floresta sepulcral, com breves ruídos de baratas e um som vago de respiração de pessoas. A Esmeralda era o meu refúgio naquele instante.

— Papai! Mamãe! — disse entre às escadas. Desci chegando então ao interruptor, mas não consegui ligar às luzes.

Agora eu ouvia vozes ininteligíveis, como pessoas rezando em voz baixa.

— Pai, mãe, vocês estão aí?

Então as velas foram acesas e eu vi pessoas sem rostos, de paletó e gravata, me encurralando. Eu fechei os olhos, apertei firme Esmeralda e comecei a dizer na minha mente que aquilo não estava acontecendo. Mas eu não podia negar o fato de que tudo aquilo estava mesmo acontecendo.

— Pai, mãe! Onde estão vocês! — eu solucei, chorando.

Foi quando os homens sem rosto se afastaram e eu pude ver os meus pais sentados no chão. Nossos móveis foram todos retirados da casa, como se nada dali fosse nosso, nem mesmo a casa.

— Está tudo bem, minha filha. — disse minha mãe, entre soluços.

— Sim, filha. Está tudo bem. — acrescentou meu pai. — Agora pegue suas coisas, vamos dormir na casa de seu avô.

Autoria: Jim Patrik

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