Para Onde Vão As Estrelas (Final)

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   Eu estava tão feliz. Como o primeiro amor envolve a gente! Eu ficava olhando para a parede e via eu e Josh, a colina como o pano de fundo mais lindo do mundo. Para mim, Josh era mais que o primeiro amor, ele representava as coisas que nem mesmo eu sei explicar.

— Acorda, menina! — minha mãe dizia, me vendo olhando para o tempo ao invés do caderno.

Passei aquela tarde toda estudando, pois as provas estavam para vir. Terminei os estudos lá pelas dezoito e trinta mais ou menos. Tomei meu banho, jantei e fui me deitar. Eu estava tão cansada que logo peguei no sono. Sonhei com ele. Assim como nas últimas noites havia sonhado. Porém, aquele fora o sonho mais lindo que um dia sonhei. Eu e Josh caminhávamos pelas nuvens, e podíamos saltar sobre ela, e alcançávamos as estrelas, e a tocávamos. "Olha, Pietra. Quem precisa de luneta se podemos tocá-las". E continuamos a pular, felizes, aproveitando cada salto. Eu queria que aquele sonho nunca terminasse, eu teria fôlego para pular com Josh a vida toda, juro por meu Deus.

Mas, como nada dura para sempre, fui acordada pela minha mãe.

— Ai, mãe! O que houve? — eu disse com um pouco de mau humor. Olhei para o relógio e já eram meia noite quinze.

— Minha filha, é o Josh. Aconteceu um acidente.

— Hã? Um acidente com o Josh? Como assim? — disse sacudindo os ombros da minha mãe. — Desculpa, desculpa, mãe! Mas o que a senhora, disse?

— Oh, minha filha. — ela disse se lamentando.

— Mãe, a senhora está me deixando nervosa! O que aconteceu com o Josh?

Então minha mãe disse:

— Eu estava assistindo tv quando a sirene da ambulância me chamou atenção. Fui até lá fora e vi o aglomerado de gente correndo desesperada em direção à ótica da senhora Meiga.

"Beth, o que aconteceu? Perguntei à minha conhecida. Ela também não sabia do que se tratava, então coloquei meu jaleco e disse à minha mãe que estava indo ver o que tinha acontecido. Mas antes, a sua avó me perguntou: 'Onde está Pietra? Está dormindo?'. Respondi que sim. A mamãe ficou triste baixando a cabeça.

"Quando me aproximei do monte de gente, perguntei o que tinha acontecido, e um homem respondeu que os cachorros da senhora Meiga haviam pego um menino".

— E esse menino era o Josh? — eu disse retraindo os beiços. — minha mãe me olhou, triste. — Por favor, mãe! Diz que não era ele.

— Sim, minha filha. Era o Josh. Era o seu amiguinho Josh. Ele se foi.

— Não, mãe! Não pode ser! A senhora está mentindo. Josh estava ainda pouco nos meus sonhos. Como a senhora é má, mãe!

Minha mãe me abraçou forte.

— Acalme-se, meu amor. — ela disse tentando me acalmar.

— Eu tenho que ir lá. Eu preciso me certificar que é mesmo o Josh.

— Infelizmente o seu corpo já foi levado, minha filha.

— Oh, Josh! Ele foi pegar as lentes no lixo da senhora Meiga. Por que você não me chamou, Josh?! Por que?! Eu teria lhe ajudado, meu amor!

Eu chorava compulsivamente nos seios da minha mãe. Mas ainda acreditava que Josh não estava morto. Que iria ressuscitar, que Deus seria misericordioso com ele. Josh era um garoto bom, não podia partir assim tão precocemente.

Mas Josh realmente partiu.

— Vovó, — eu disse certo dia com o rosto deitado nas coxas dela. — pra onde vão as pessoas quando morrem?

A vovó afagou meus cabelos crespos, e num suspiro, ela disse.

— As pessoas quando morrem, minha filhinha, elas viram estrelas, as mais lindas do céu.

Subitamente me lembrei de um dia quando Josh disse que queria ser uma estrela. Este era o seu sonho, e penso, quando estou a olhar as estrelas com a luneta que fiz em sua homenagem, que Josh está me olhando lá de cima. Eu evito chorar. Acho que o Josh não iria gostar, me vendo lá de cima. Mas, uma vez ou outra, escorre uma lágrima de meu rosto.

Fim

Autoria: Jim Patrik

Autoria: Jim Patrik

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