Uma Alucinante Noite de Natal (Final)

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— Você tem certeza que está bem, Afrânio? — pergunta minha esposa, ainda preocupada com a minha saúde, dois dias depois do ocorrido.

— Eu nunca estive tão bem assim em minha vida, querida.

— Então este ano você irá fazer uma boa ação na rua?

— Este ano não, querida; todos os anos agora serão assim. — eu digo caracterizado de Papai Noel, mas sem as barbas, deixando o rosto amostra e com a sacola cheia de presentes. — Mas antes farei uma visitinha a umas pessoas muito especiais.

Caminho feliz, acompanhado da benevolência e da humildade doando brinquedos para as crianças de rua.

Próximo à viela, respiro fundo e sigo o meu caminho.

— Eles devem estar por aqui.

Então vejo uma anciã, suja, falando com os roedores como se fossem seus amigos. Aproximei-me dela e piso sem querer num galho de árvore, o barulho chama a sua atenção. Subitamente a idosa vem em minha direção, com aquele mesmo jeitinho sereno, triste, aquela mesma mãozinha me pedindo algo para comer.

— Por favor, dê-me algo para comer.

Seguro suas mãozinhas doces e dou-lhe um beijo.

— Aqui estão, anjo de Deus. — e lhe cedo uma cesta básica e uma quantia em dinheiro. A idosa me olha surpresa e me agradece com mil palavras de gratificação. Dou-lhe um abraço forte e entrego a ela o meu endereço para que viesse em minha casa passar comigo e com a minha família o ano novo. A senhora fica mais surpresa ainda, e sigo o meu caminho pela viela.

Mais à frente, vejo o jovem que me carregara nos braços para o hospital. O mesmo vem à minha direção com a mesma simpatia de sempre.

— Papai Noel, que bom ver o senhor por aqui. Como está? Ficamos preocupados. Oh, veio nos trazer presente?

Sem dizer uma palavra sequer, abraço forte aquele homem, e aquele aperto era-me tão peculiar como o abraço de um irmão, de um amigo de verdade.

— Na verdade eu trouxe sim um presente. — e dou-lhe uma cesta básica e também uma quantia em dinheiro. O homem chora de felicidade e me dá mais um abraço a quem é correspondido.  — Obrigado por ser o homem que és. Humilde e benevolente. — ele me agradece retraindo os beiços. — Venha à minha casa no ano novo, será um prazer recepcionar você e sua família.

— Irei sim. — respondeu o homem, emocionado.

Por fim, vejo as duas crianças correndo em minha direção. Aqueles rostinhos divinais, crias do Senhor.

— Papai Noel, Papai Noel... obrigado por curar a nossa mãe. — o presente daqueles anjinhos era ver a mãe sorrindo, como todos os dias, apesar da pobreza. — Ela está bem melhor. Veja!

E a senhora me sorri, acenando-me com a cabecinha.

— A senhora está bem? — pergunto.

— Estou sim, Papai Noel. Obrigada.

Aproximei-me da mulher e dei-lhe também uma cesta básica e uma quantia em dinheiro. A mulher ficou tão feliz colocando a mão nos seios, sem saber como agradecer.

— Trouxe também presentes para as crianças. — e abri minha sacola tirando carrinho e bonecas e doando-as, com cordialidade. — Também queria convidá-los para o ano novo em minha casa. O endereço está no cartãozinho.

— Sim, Papai Noel. Nós iremos. — disse a mulher, se derramando em lágrimas.

— Puxa, Papai Noel, este é o melhor Natal da minha vida. — disse aquela menininha, aquele anjinho que na noite anterior chorava de tristeza e dor por medo de perder a sua mamãe. Eu, por esta vez. Chorei. Chorei como um bom velhinho deve chorar, naquela alucinante noite de Natal.

Fim

Autoria : Jim Patrik

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⏰ Última atualização: Apr 05, 2023 ⏰

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