Depois de um casamento fracassado e uma gravidez não planejada, agora Tatiana aceita qualquer emprego para sustentar a sua filha. Ela é só mais alguém no mundo tentando neste momento sobreviver e seguir em frente. Depois de ser traída pelo pai de su...
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Talvez em meus 20 anos nunca tenha encontrado uma casa tão grande para trabalhar. Ser faxineira depois de engravidar e o namoradinho da época não querer assumir foi o ponto mais alto dos meus dezessete anos. Não o condendo. Mas também não o perdoo. É difícil pra caralho criar uma criança. Meus pais me ajudam, mas em pouco tempo passaram a jogar na minha cara que eu tinha que me virar. Como eu iria arranjar um emprego em plena crise não era uma desculpa palatável para eles. Primeiro coloquei a nenê na creche. A coisa mais linda do mundo. Olhos grandes. Uma boquinha de lábios arrebitados. Um narizinho tão pequeno. Cabelos finos e lisinhos que parecem se quebrar ao tocar. Minha plenitude. Ela é meu maior sufoco, mas é minha vida. Larissa. Foram noites e noites sem dormir direito. Praticamente passei fome para ter dinheiro para comprar fraldas e leite em pó. É triste quando o leite não vem mais no terceiro mês. Mais triste é o preço de uma latinha de leite nan. Já trabalhei no frigorífico. Cortando muito frango. No começo você acha que vai vomitar e desmaiar. Depois você já não acha mais nada. Apenas faz o que tem para fazer. Logo depois trabalhei numa empresa terceirizada de limpeza que atende firmas, prédios e mercados. E podem acreditar. A humanidade caga horrores. E então veio a demissão em meio a crise e a oportunidade de fazer bicos fazendo limpeza. Não dava muito dinheiro, mas dava mais que ser empregada. Claro que se eu ficasse doente não trabalhava e também não recebia. Fui muitos dias com febre e um sorriso no rosto limpar chão. E então a vizinha bateu na porta da nossa casa. - Oi. Você é faxineira, né? Estou procurando alguém para trabalhar na casa que eu cuido. Você está disponível? - Sim. - eu chaqualhava Larissa no colo, ela tinha recém tomado mamadeira. Com 3 anos ela já pesava bastante. Me cansava os braços rápido. - Quando e onde? - Amanhã de manhã você pode começar. Às 7 horas. É na casa dos Villanova. Sabe onde fica? - Sei. - quem não sabe? Não é uma casa. É uma mansão cercada de grandes murros. Parece ter no mínimo 3 andares. Tem piscina atrás e uma área verde que pega toda a quadra. - Então te vejo amanhã lá. Se o Eros gostar de você já está contratada. Paga um pouco mais do que o normal. Mas tem estabilidade e carteira assinada. É bem fácil. Você entra, limpa e faz de conta que é surda e muda. E depois sai. Eu estarei lá te esperando. E por favor não se atrase Tatiana. - Ok. - a neném resmungava no colo. Não estava muito afim de dormir e ela sabia ficar chata. A vizinha, Carmém, foi embora com um aceno de mão. Estava séria. Parecia não ter muita certeza se tivera feita a coisa certa. Ela aparentava uns 60 anos e nunca ter sorrido na vida. Fechei a porta e fiquei feliz de ter a oportunidade de ter um emprego estável. Na manhã seguinte caminhei por 15 minutos até o bairro chique. Bem melhor que o que minha família morra. Não passava polícia devagarzinho nas viaturas nos olhando com os olhos espremidos, prontos para sacar as armas. Eu estava com uma calça jeans azul. Camisa branca e moleton. Parei em frente ao portão gigantesco e fiquei olhando para cima. A casa era realmente gigante. Caminhei até a porta ao lado e toquei o interfone. Duas câmeras apontavam para mim. - Sou eu. A nova emprega... - um som estálico tocou repetidamente por alguns segundos até que empurrei a porta. Caminhei sobre as grandes pedras da calçada até a entrada. Não conseguia disfarçar o choque de estar em um lugar tão bonito. Várias plantas com flores em todas as cores davam vida ao local. A mansão tinha tantas janelas que eu só pensava "estou fudida". Quantos vidros pra limpar. Carmém me esperava na porta da casa. A porta gigante parecia um portão do céu de tão alta. - Está atrasada. Devia ter chegado faz 3 minutos. - Carmém vestia um terninho preto. Uniforme. O cabelo preso no coque e uma leve maquiagem. Lápis e batom num tom próximo de pêssego. - Ele está te esperando no escritório. Adentramos a mansão e segui passando pelos quadros no hall, pisando sobre o tapete peluciado preto, até chegar a entrada do escritório. A sala toda revestida de madeira de lei parecia ter saído de um filme. - Entre. - Carmem abriu a porta. Uma voz masculina e forte vinha lá de dentro. Meu coração quase parou, mas eu segui meu destino. Seja o que Deus quiser. Eu fiquei espantada com a beleza de Eros. Que homem gostoso, meu pai! Ele tinha mais de um metro e oitenta. De terno azul. Cabelo bem arrumado. Barba feita. Braços gigantes. Um corpo escultural, com certeza. Imaginei por alguns segundos qual seria o tamanho do seu pau. Aposto que ele devia passar o rodo nas mulheres. Devia comer uma buceta por noite. Me deu um tesão do nada. Queria ver o seu pau. Me concentrei em ser profissional. - Bom dia, senhor. - não tive coragem de olhar nos seus olhos. - Ah. Bom dia. A Carmém falou que você está procurando um emprego e que sabe trabalhar com mais pesado. - Isso senhor. Não tenho medo de por a mão na massa. Sou pau para toda obra. - falei do jeito mais direto possível, mas vi que minhas palavras, meu jeito lhe causaram uma certa surpresa. - Ótimo. Você já trabalhou com limpeza? - ele não tirava os olhos de cima de mim. - Sim. Limpei muita privada na vida. Já trabalhei também cortando frango e até já fui servente de pedreira. - Nossa. - ele parecia realmente impressionado. - Você parece ser bem nova. Tem quantos anos? - Vinte. - por um segundo olhei nos olhos dele. Que homem lindo. Chegou a me dar um comixão no meio das pernas. - Realmente nova mesmo. Bom e por que eu deveria lhe contratar? - Por que eu sou realmente muito boa em tudo que eu faço. - isso soou meio pornográfico. - E eu tenho uma filha para sustentar. - Ok. Faremos assim. Você faz um teste de 2 semanas com a Carmém, Tatiana, né? - ele olhava para os papéis em cima da mesa, mais precisamente na sua agenda. - E depois veremos como fica. - eu só ouvia. Minha cabeça zumbia de tanto pensar. - Agora pode se retirar. Eu continuei parada. - Pode se retirar. - ele repetiu. - Ah. Desculpa. - voei para fora do escritório. - Peça para Carmem me levar toalhas para o banheiro. Quero tomar um banho antes de sair. - ele quase gritou de dentro do escritório. - Sim, senhor. - respondi meio sem jeito. Não tão alto. O que me deixou com dúvidas se ele tinha me ouvido responder. Carmem estava na cozinha. Segui pelo corredo e logo a achei preparando o café da manhã na beirada da mesa. - E então? - ela nem levantou o rosto para me olhar na cara. - Ele disse que era para fazer um teste por duas semanas. - Ok. Espero que dessa vez você dure. Estou cansada de treinar garotas novas todo mês. A última foi um desastre. Só me metia em problemas. - ela estava tão séria e comprometida com o que estava fazendo que parecia que falava sozinha. - É tão difícil assim fazer o que se é contratado para fazer? Hoje em dia ninguém quer mais trabalhar. Todo mundo só quer ter vida boa. Uma vergonha! - eu apenas deu uma ruminada positiva. - Ele te pediu alguma coisa? Me deu um frio na barriga. Eu tinha me esquecido. - Sim. - eu estava tremendo de nervosa. - Pediu para lhe levar toalha de banho. - Meu deus garota! Você tem que prestar mais atenção. - ela correu para lavar as mãos. - Faz assim. Eu termino aqui e você leva as toalhas para ele. Elas estão no segundo andar na despensa dentro do grande armário. Estão empilhadas. Você verá. É só pegar e levar até o banheiro. A porta vai estar aberta e ele estará provavelmente tomando banho no chuveiro dentro do box. É só colocar as toalhas sobre o balcão da pia. Consegue fazer isso, garota? - Consigo. - Então vá logo! Eu fiquei muito nervosa. Mas fui. Subi as escadas e abri a porta da despensa. Enorme. Graças a deus só tinha um armário. Abri as portas e dei de cara com as toalhas brancas dobradas e empilhadas. Peguei duas e fui até o quarto no final do corredor. Enorme o corredor. Parecia não ter fim. Abri a porta do quarto. Lindo. Maravilhoso. A cama gigantesca. Não me contive e fiquei imaginando ele comendo as garotas na cama. O sol entrava pela sacada. Cortinas e vasos de plantas enormes dentro do quarto decoravam. Eu fui até a porta do banheiro. E quase bati. Me contive. Lembrei do que Carmem tinha dito. Apenas entre e coloque as toalhas sobre o balcão. Como um fantasma. Abri a porta e lá estava ele de costas em pé. Nú. Tremendo. Parecia estar tendo um treco. Fiquei estática. Apavorada. Dei um passo para trás e a porta se fechou num estouro. Eros se virou de frente. Seus olhos arregalados. Meu deus! Ele estava batendo punheta. E que pau enorme. Fiquei roxa de vergonha e desesperada coloquei as toalhas sobre o balcão. Sem olhar para a cara dele. Abri a porta e desci correndo as escadas. Fiquei esperando ele gritar comigo. Me ofender. Ou me mandar embora. Eu não sabia o que fazer. Me faltava ar. Cheguei na cozinha e Carmem continuava com a cara amarrada. - E aí? Deu tudo certo? Eu não tinha coragem de contar para ela o que tinha acontecido. - Sim. Tudo certo.