Uma nova Cinderela (parte 61)

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Ao dançar Eros chamava mais atenção que o normal. Ele rebolava horrores. Eu achava o máximo. Sentia os olhares nos perseguindo. Eu só queria curtir e não iria gastar meu tempo cuidando da vida dos outros.
Marcus veio até nós. Pediu se podia falar comigo pessoalmente.
- Está bem. Mas vamos ser rápidos. Vamos lá fora. Que aqui com o som alto eu não consigo te ouvir direito.
Eros apenas ficou dançando com a Larissa. Seus olhos estavam presos nas minhas costas. Eu dei un selinho nele antes de sair. Prometi que na volta tiraria os sapatos dos pés para dançar com ele.
Ao chegar do lado de fora, a lua iluminava a noite e pessoas se escoravam no murro da escola e sentavam nos degraus para beber, fumar e conversar.
- Que que você quer falar comigo, Marcus?
- Vamos procurar um lugar para sentar. Vai! Só uns minutos.
- Eros está me esperando lá dentro. Sua mulher também.
- Antigamente você gostava disto. - Marcus sentou no banco de madeira ao lado do salão. - Nós ficamos velhos. Não é?
- É! Ficamos. Agora desembucha.
- Não seja ríspida. Bebe um pouco. - ele estendeu a garrafa de cerveja. - Vai! Ou vai dizer agora que o bonitão não bebe alcool e você está toda conservadora?
Eu bebi de uma vez uns goles. Só porque estava calor e para que ele não reclamasse tanto.
- Você está uma gatona nesse vestido. Tá a mais gostosa daqui.
Eu ergui as sobrancelhas.
- Pois bem. Anos atrás você preferiu me trocar por outras. E agora quer chorar o leite derramado? Acho melhor parar por aqui.
- Espera! Eu era um idiota. Ainda sou na maior parte do tempo. Me perdoa.
- Eu não sei se tem perdão o que passamos. Às vezes eu tenho vontade de te matar. Por tudo. Às vezes eu tenho pena. Você me traumatizou como pessoa. Me destruiu.
- Você exagera. E o que passou passou. Adianta nada reviver todas as merdas. Melhor seguir em frente e esquecer.
- Você não sabe o quanto me fez sofrer.
- Nós poderíamos dar uma nova chance para nós dois. Imagina eu, você e a Larissa junto. Toda criança merece crescer junto com os pais.
- Eu não acredito que você tem coragem de falar algo assim, Marcus.
- Por quê? Não é algo tão impossível um casal reatar. E eu sei que você gostava de mim. A gente pode recuperar isso juntos. Ser uma família feliz.
- Marcus. Eu não sou mais aquela garota estúpida que servia de escrava para você. Eu vou voltar para dentro. E dá para parar de beber? Homem da sua idade bêbado não tem graça nenhuma.
- Vai voltar para o riquinho? Vai? Quanto que ele te paga? Ou ele está só se divertindo com você até se enjoar? Sério! Volta para mim! Você sabe que ele não combina com você. É de outro mundo. E essa gente rica tem fetiche em pobre e depois troca. Aposto que deve viver trocando de empregada. Passando a rola nelas.
- Já chega, Marcus. Eros não é como você, com certeza. Ele é educado. Ele é muito melhor do que você vai conseguir ser. E não é por ser rico. É por ser a pessoa que é. Agora vê se me erra e volta para a sua garota. E tenta respeitar ela.
Eu me levantei e Marcus voou para cima de mim. Me agarrou e começou a beijar meu pescoço. Eu virei o rosto de nojo e o empurrei para longe. Eros estava nos olhando perplexo com a Larissa no colo.
Eu parei ao ver os dois nos olhando. Marcus se afastou e sentou no banco novamente. Eu fiz de conta que nada demais tinha acontecido.
Eros colocou a Larissa no chão e ela veio me abraçar.
- O que aconteceu? O que aconteceu? - seu rosto estava sério. Seus olhos pulsando de ódio. Ele desviou de mim e foi direto ao Marcus. Pegou pelo seu pescoço.
- A próxima vez que você se aproximar dela eu te mato! Está ouvindo? Está ouvindo? - Eros ergueu o corpo de Marcus e o xaqualhava.
- Qual é cara? Tá com ciúmes? Não te extressa.
- Eros, solta ele. - eu gritei ao puxá-lo pelo braço. - Solta ele! - a Larrisa chorava e gritava. - Eros, solta ele!
- Relaxa véi. Pode ficar com ela. Essa daí eu já chupei até o caroço. Usei e abusei. Para mim já é lixo. Pode ficar com ela se quiser tanto assim.
Eu só vi o braço de Eros levantando e acertando Marcus. O punho fechado acertou em cheio sua bochecha. Jogando o rosto de Marcus para o lado. E atirando seu corpo no chão.
- Cala a boca! Cala a boca! - Eros gritava.
Marcus, atirado no chão, limpou o sangue que escorria dos seus lábios rachados. Larissa chorava e gritava. As pessoas se levantavam dos bancos para olhar. Mães recolhiam em seus braços seus filhos.
Marcus se levantou e pulou em cima de Eros.
Os dois se atracaram na porrada. Marcus, com sua fisionomia magra, apanhava horrores de Eros. Foi preciso cinco homens para separá-los, um para segurar Marcus e 4 para segurar Eros.
Chamaram a polícia. Eu estava indignada.
- Por que você fez isto? - eu não acreditava que Eros tinha agido daquele jeito. - Como você ousa ainda me questionar. Esse homem é um lixo. Eu estava te defendendo.
- Eros! Eros! Eu sei me defender. Se eu precisasse de ajuda eu pediria. Olha o que você fez. Bateu no pai da Larissa. Ela está chorando. Tem polícia vindo aí. Acabou com a festa da escola. Eu estou decepcionada com você. Eu nunca pensei que fosse violento assim.
- Decepcionado comigo? Comigo? - Eros estava muito nervoso e furioso.
- Eu não quero discutir com você agora. Vamos embora. Era melhor nunca ter vindo.
- Eu faço de tudo por você. Essa merda fala horrores e eu tenho que ficar quieto? Você só pode estar me tirando.
- Eu nunca te obriguei a fazer nada. Eu só esperava que você não caísse na porada por aí. Imagina se toda vez que eu me irritasse saísse na pancadaria! Com certeza teria dado na cara da sua mãe, aquela vaca!
Eros estava indignado com a situação. Eu estava nervosa. Com ódio de tudo. Queria ir embora. Xaqualhava Larissa no colo tentando acalmá-la.

ErosOnde histórias criam vida. Descubra agora