Uma nova Cinderela (parte 26)

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- Até quando vamos ficar assim no sigilo? - Eros me pressionava a expor nosso relacionamento.
- Eu não sei. Está gostoso assim. Você não acha?
- Eu preferia gritar logo para o mundo, Tati. Mas prometo que não vou falar mais disto.
- Você já prometeu tantas vezes. Já perdi as contas. Se bem que a minha família já sabe.
- Pois é. Só falta a minha. Nós poderíamos nos levantar da cama agora e ir lá contar. Topa?
- Você está doido. A sua mãe colocaria veneno na minha comida. Acho melhor esperarmos eles irem embora.
- Acho que veneno não. Mas te derrubar da escada tem chances.
- Que horror, Eros! Nem brinca com algo assim. Tenho uma filha para criar.
- Eu sei.
- A sua mãe me perguntou se eu tinha visto algo suspeito. - me levantei da cama e comecei a ajuntar a roupa. - Sabe... Se o filhinho dela tinha algum casinho por aí.
- E você disse o que? - Eros levou as mãos ao rosto mexendo nos olhos.
- Disse que você passava o rodo. Mentira! Disse que você era discreto.
- E ela não pediu mais nada?
- Ainda não.
- Ela sempre foi controladora. A empresa é dela. Você sabia? Ela é que contém mais de 51% das ações. Eu sou apenas um funcionário lá.
- Você acha que ela tiraria você da presidência se não gostasse de algo que você fizesse? - eu já estava toda vestida. Pronta para voltar ao trabalho.
- Eu não ficaria surpreso. Ela demitiu meu pai para colocar eu.
Essas informações me faziam ver a Shirley de outra forma agora.
- Família é algo complicado. - Eros sentou sobre a beirada da cama.
- Eu que sei. A minha é pobre e já briga horrores. Se fosse rica tinham se esfaqueado. - estava prontinha. Cabelo ok. Me ajeitei olhando num dos espelhos do quarto. - Posso voltar ao trabalho, patrão?
- Pode. - ele me agarrou. - Mas preciso de um beijo antes.
- Meu Deus! Que patrão pidão.
Dei um beijo na boca dele.
- Quando vamos repetir? - Eros estava sedento de sexo. - Olha, já estou ficando de pau duro.
- Pode acalmar-se. Acho que amanhã. Tem muita coisa para fazer hoje. Podia ter comprado uma casa menor. Facilitava a minha vida. Sobrava mais tempo pra gente fuder.
- Podia mesmo. - Eros deu um risinho. - Eu tive uma ideia. Contratar mais uma empregada. Aí você fica disponível só para mim.
- Nem pensar. Vai que ela te pega batendo punheta de porta aberta e se apaixona. Você é meu. E eu sou muito egoísta. Não gosto de dividir meus brinquedos.
- Se você continuar falando assim eu não vou me aguentar e vou querer te comer de novo.
Eros estava com o pau durão. Até deu uma guinada no bicho. Uma balançada para cima.
Me abaixei e dei um beijo no seu pau.
- Ahhhhhhhhh! Que delícia.
Apenas chupei a cabeça rapidinho.
- Agora tenho que trabalhar.
- E eu vou ficar assim?
- Bate uma pensando em mim. Você é bom nisso.
Eu sai pelo escritório. Shirley caminhava de roupão pela sala com a xícara na mão. A casa continuava silenciosa. A luz da manhã banhando pelas grandes janelas. As paredes e o piso branco refletindo a luz. Faria um dia lindo lá fora.
- Bom dia, senhora. Tem alguma coisa que eu possa fazer pela senhora?
Shirley adorava ser tratada como uma criança mimada.
- Na verdade tem. - ela deu um sorrisinho. Meu coração gelou. - Mas isso conversamos mais tarde. Eu tive uma ideia muito boa. Você pode passar um café por enquanto. Preparar o café da manhã para todos nós.
- Ok. Senhora. - assumi minha função.
Fui até a cozinha. A água estava quente na chaleira elétrica. Preparei o café para passar na cafeteira. Preparei a mesa. E aos poucos todos eles se sentaram sobre a mesa em silêncio. O último a aparecer foi Eros.
Eu fiquei ao lado fingindo não ouvir o que conversavam.
- Eu estive pensando. - Shirley se esticava na cadeira, saboreando o café. - A Sharon poderia trabalhar na empresa. Como sua secretária, Eros.
Fícamos todos em silêncio.
- Ah não senhora. - Sharon abaixou a cabeça envergonhada. - Não quero causar nenhum incômodo à vocês.
- Imagina, meu anjo. - Shirley pegou na mão dela. - Só que você é uma moça competente. Tem MBA em Administração. Além de ser Miss. Falar três idiomas. De referências. E eu sei como o mercado de trabalho está escasso. Seria apenas um empurrãozinho para uma amiga tão querida da família.
Eros ficou pálido. Todos nós ficamos em silêncio esperando sua resposta.
- Acho que não é uma boa hora para falar em trabalho. Estamos ainda no café da manhã.
- Eu vou ligar pro escritório e vou mandar uma entrevista de emprego para você, Sharon. - Shirley fazia de conta que nem escutava Eros. O pai de Eros só arregalava os olhos. Erick estava interessado. Parecia gostar de ver sua mãe mandando no irmão mais velho.
- Não precisa se incomodar comigo, senhora. - Sharon estava encabulada. Toda retraída.
- Está decidido. - Sharon bateu na mesa com a mão. - Para alguma coisa deve ser aquela empresa. Afinal sou a dona ou não?
Todos fingiram não ouvir o que Shirley tinha jogado na cara de todo mundo. Eros estava muito furioso por dentro.
- Eu estou atrasado. Vou para o trabalho. - Ele se levantou e empurrou a cadeira para debaixo da mesa.
- Mas você nem acabou de comer, amor. - Shirley sorriu gentilmente.
- Estou atrasado mesmo. - ele pegou a pasta na sala e saiu. Só ouvimos o carro acelerando.
- Eu não quero causar nenhum desgaste entre vocês. - Sharon estava se sentindo culpada.
- Meu anjo. Isso é bira. Não pedi nada demais. Vai passar. - ela engoliu o último gole de café da xícara. - Mais uma por favor, Vivi. - ela estendeu a mão.
Estendi o bule e enchi a xícara.
- Está bom. Você poderia me acompanhar até o jardim, Vivi?
Eu não sabia o que ela queria de mim. O vento gelado da manhã me causou arrepios. Fiquei parada no jardim enquanto Shirley admirava as plantas.
- Adoro o sol da manhã. É revigorante. - Shirley girava a xícara de um lado para o outro. - Eu quero te fazer um pedido, Tati.
Ergui as sobrancelhas surpresa por ela saber meu nome.
- Quero um cópia da chave do quarto de Eros. Quero fazer uma supresinha para ele. Se você me entende. Homens gostam disto. Eu pensei que naturalmente Eros e Sharon engatariam um relacionamento. Mas ele fica se esquivando. Então eu preciso de uma cópia para que a Sharon possa ficar mais íntima dele. Fazer uma visitinha de noite. E eu quero ver se encontro algo suspeito. Alguma foto da vadia que ele deve estar comendo as escondidas.
Eu apenas senti um fogo me consumir por dentro. Queria socar a cara dela. Tentei me manter firme.
- Senhora, eu não posso fazer isso.
- Querida. Você não está entendendo. Ou você me consegue essa cópia hoje mesmo ou você está demitida.

ErosOnde histórias criam vida. Descubra agora