Uma nova Cinderela (parte 53)

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Eros ouviu pacientemente meu pai comentar sobre as vantagens de ter uma televisão à cabo pirata, sobre as faltas cometidas no jogo de futebol e dos tantos anos que ele trabalhou na firma.
Minha mãe ofereceu todos tipos de bolos possíveis.
Meu pai foi no banheiro e minha mãe me chamou da cozinha.
A Larissa ensinou Eros a jogar dominó.
- Tá vendo essas bolinhas? - ela apontava seus dedinhos gorduchos para as pintinhas coloridas nas peças pretas. - Tem que botar igual se não você pesca aqui nesse monte. Quem termina antes ganha!
- Meu Deus! Eu não acredito que ele te levou para andar de lancha! - minha mãe sussurrava enquanto preparava os ingredientes para a sopa. - Me ajuda aqui! Me dá o pano de pratos!
- Sim, mãe.
- Onde tu foi arranjar um homem desses? Ah seu eu fosse mais nova.
- Mãe, por favor!
Larissa enjoou Eros de jogar dominó. A janta ficou pronta e sentamos todos ao redor da mesa. Meu pai só perguntava se Eros não queria repetir.
Ao olhar Eros comer sopa com minha família na minha casa eu sentia medo. Mas quando ele levantava o rosto e sorria para mim seu sorriso mais lindo, meu coração se desmanchava.
- Eu queria fazer um convite para vocês. - Eros começou a falar e todos ficaram quietos. - Eu gostaria de convidar vocês para virem jantar lá em casa segunda-feira. É algo simples. É que eu - Eros pegou na minha mão e a levou até seus lábios - e a Tatiana queremos nos casar.
Por 3 segundos meu pai e a minha mãe ficaram estáticos e de boca aberta.
- Nossa! Mas que rápido! - meu pai comentou e minha mãe lhe deu um tapa na sua perna para que ele fechasse a boca.
- Eu sei. Mas sabe quando você olha para uma pessoa e sente que é ela tudo que você procurou durante a vida. É isso que eu sinto pela sua filha. E é isso que nós queremos. Ficar juntos.
- Você nunca me disse uma coisa dessas para mim, véio! - minha mãe sussurrava ao pé do ouvido do meu pai. - Às vezes acho que tu casou comigo porque meu pai deu de dote uma vaca. - ela estava fascinada. - Que coisa mais linda! E nós vamos, né véio?
- Aham. Vamos, sim. Obrigado pelo convite.
Depois do jantar, minha mãe colocou a Larissa na cama para dormir.
- Tem certeza que não quer dormir aqui?
- Tenho.
- Boa noite, crianças! - meu pai veio se despedir antes de ir dormir, já estava com seu pijama amarelo. - Sintam-se à vontade. Nós vamos dormir, mas a casa é sua.
- Obrigado por tudo, senhor. - Eros era tão educado e polido. Um cavalheiro. - Eu também já estou indo.
Eros fez questão de se despedir da minha mãe. A Larissa já dormia na cama e eu acompanhei ele até o carro.
- Eu espero que não tenha sido uma tortura hoje. - comentei com receio.
- Jamais. Eu não em sentia tão querido assim há muito tempo. Sua família é maravilhosa. Dá para ver nos olhos deles que eles fariam qualquer coisa para te ver feliz. E a sua filha é um anjo.
- Você não é capaz de imaginar o quanto me fez feliz hoje. - confessei.
Eros pegou nas minhas duas mãos e ficou de frente para mim. Nós dois ao lado do carro, no jardim, embaixo do feixe de luz amarelo do poste.
- Você não é capaz de imaginar o quanto me faz feliz todo dia. Eu já disse que te amo hoje?
- Já! - dei um beijo nos seus lábios. - Mas eu nunca canso de escutar você falar.
- Eu te amo, Tatiana. - ele me deu mais um beijo. - Eu vou ir para casa agora. Te espero para o nosso jantar de noivado? Ou você pretende fugir?
- Jamais. Vai ter que me aguentar velha e rabugenta.
- Eu estou disposto a sofrer então.
- Você vai contar para a sua mãe? Do noivado? - lembrar da Shiley me causava uns calafrios.
- Claro. Ela vai ser sogra outra vez.
- Eu não quero nem ver a cara dela.
- Pois você verá.
- Então até mais.
- Até mais. - e nos demos o centésimo último beijo.
E eu fiquei observando Eros ligar o carro e partir. Eu estava tão feliz. Quase tanto como a minha mãe.
Assim que fechei a porta da entrada de casa, ela vuou até mim perguntando como tinha sido. Todos os detalhes.
- Me mostra as fotos. Eu passei o dia imaginando como tinha sido.
Eu mostrei as fotos da lancha no celular.
- Nossa! Que coisa mais linda! Suas tias vão morrer de inveja!
Eu contei sobre o restaurante fechado para só nós dois e ela foi quase à loucura. Poucas vezes minha mãe me deixava falar sem me interromper. Só quando o assunto lhe interessava muito. E Eros era seu assunto preferido no mundo. Ela parecia registrar no seu cérebro cada palavra falada por mim.
Ao deitar na cama com a minha filha eu estava tão plena que sorria como uma abestada sozinha.
No dia seguinte acordei tarde. Meu pai fez um churrasco. E no vazio de um domingo de tarde, resolvi ir correr. Colocar o corpo em dia. Meus pais ficaram assistindo filme com a Larissa. E eu fui correr até a ciclovia.
Ouvindo música eu me sentia sendo vigiada. Às vezes virava a cabeça para ver se não era coisa da minha imaginação. E não tinha nada.
Ao chegar em casa, um caminhão estacionado descarregava caixas de papelão.
- O que é? - eu tirei os fones.
- É para você! - mamãe estendeu um bilhete.
Para meu amor. Espero que você goste. Eros.
Abri uma das caixas e dentro delas cactos.
- Cactos? - minha mãe não entendia.
Eu ri.
- É algo especial. Eu não acredito que ele fez isto. Eu comentei que certa vez tinha pensando em colecionar cactos e que o - sussurrei o nome proibido - Marcus achou ridículo. Eles são tão lindos.
- Tem algumas prateleiras também. Você quer que as coloque aonde?
Passei o resto da tarde montando na varando minha coleção de cactos. Vasinhos coloridos cheio de plantinhas pequenas e de diversos tipos. Cada cacto vinha com um adesivo informando o nome, época de floração e necessidade de água.
Quando terminei tirei uma foto e mandei para Eros agradecendo pelo presente.
Ele apenas respondeu:
Homens de verdade sempre fazer questão de fazerem suas mulheres brilharem.

ErosOnde histórias criam vida. Descubra agora