Uma nova Cinderela (parte 54)

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Na segunda-feira de manhã Eros me mandou uma mensagem avisando que iria contar para a sua família de manhã cedo sobre o nosso noivado. Ao ler a mensagem no celular meu coração gelou. Mas não havia opção. Só restava enfrentar a fera.
Ao chegar na mansão, Eros abriu a porta e extendeu o braço para mim.
- Você tem certeza que quer fazer isso? - eu já estava ficando nervosa.
- Nunca tive tanta certeza na vida. - Eros deu um beijo nos meus lábios. - Vamos! Eles estão esperando na cozinha.
A cada passo minhas pernas pareciam pesar mais. Meu peito doía. Sentia meu pescoço se apertar. Um desconforto gritante capaz de me fazer sair correndo e gritando.
Estavam os quatros na mesa: o pai de Eros, Shirley, Sharon e Erick.
- Finalmente você chegou. Está atrasada. Ande! Vá se arrumar! Estamos com fome!
Eros colocou as mãos na frente na virilha, trançando os dedos e abaixando a cabeça para o chão.
- Mãe! Pai! Eu tenho algo para contar para vocês.
Shirely ergueu as sobrancelhas e seus olhos pulavam de mim para Eros.
Ficamos em silêncio esperando Eros falar. Eu tentava não olhar nos olhos de Shirley.
- Então diga. Estamos esperando. E com fome. - ela cruzou os braços sobre a mesa.
- Eu e Tatiana vamos nos casar.
Foi como se uma bomba caísse sobre o teto da mansão. O pai de Eros se engasgou bebendo café. A Sharon apenas arregalou os olhos. Erik pela primeira vez em tempos estava muito concentrado no que acontecia a sua volta.
- E quem é essa Tatiana? - Shirley estava desconfortável com o que acabara de saber. - Eu por acaso a conheço? Conheço a família dela?
O pai de Eros levou a mão a cara. Estava querendo fugir daquela situação.
- Mãe! - Eros estendia os braços fazendo sinais para acalmá-la. - Tatiana! - ele apontou para mim. - Tatiana! - ele repetiu.
Shirley estava prestes a ter um infarto. Seu rosto ficou pálido. A boca aberta e os olhos caídos. Parecia morta e empalhada. Estática.
- Não! Você está brincando! Só pode!
Eros balançava a cabeça de um lado para o outro. Deu um passo mais perto e segurou a minba mão.
- Não estou mãe. Eu vou me casar com a Tatiana. Nós acabamos nos envolvendo é é dela que eu gosto. É com ela que eu vou ficar.
- Eros! Eros! Eros! - Shirley estava pasma. - Não quero parecer uma bruxa mas ela não serve para você. Olhe para ela! Não é que ela seja uma pessoa ruim. É uma ótima empregada. Mas ela não está no seu nível.
- Mãe. Eu estou só informando. Quem decide com quem eu fico sou eu. E eu te amo. E então eu espero que você entenda. Eu não quero repetir as mesmas feridas do passado. Nossa família já foi destroçada de várias formas.
- Mas é por isso filho. Mais uma empregada? Talvez isso seja um complexo. Ou um fetiche por pobre. Eu só estou dizendo que não devemos nos precipitar e que talvez seja melhor repensar um pouco. Para não acabarmos cometendo os mesmos erros.
- Mãe. - Eros respirava fundo e tentava manter a calma. As palavras saíam pausadas. - Eu vou me casar com a Tatiana, com a aprovação de vocês ou sem. Mas eu só quero deixar registrado que eu amo vocês e gostaria muito de dividir minha vida com vocês. - lágrimas se formavam nos olhos de Eros. Eu estava imóvel sem saber o que fazer ou falar.
- Shirley! Shirley! Shirley! - o pai de Eros envolveu suas mãos nos ombros dela. - Por favor! Vamos resolver isto como adultos. Por favor, amor!
Mas Shirley estava desolada. Explodindo.
- Por quê? Por quê? O que eu fiz para você? Você deve me odiar muito. Só pode! Por que você insiste nesse tipo de relacionamento? Quer que acabe do mesmo jeito que antes. Quantas horas eu fiquei te levando em psiquiatra e psicológo tentando lhe ajudar a curar do estrago que a maldita de causou? Ein, Eros? - Shirley empunhava o dedo indicador no ar. - Isso nunca vai dar certo. Ela não está no seu nível. Aposto que o auge da vida dela é limpar as nossas privadas. Que futuro isso vai ter?
Eros já começava a perder a paciência com a mãe.
- Você vai fazer o que? Vai tirar meu emprego de novo?
- E se eu tirar? - Shirley se levantou em pé e levantava o tom de voz. - Só que dessa vez eu não volto atrás, Eros. Eu juro! Eu não vou ficar sentada assistindo você cometer erros ssm falar nada.
Ela se aproximou de Eros e pegou nas suas mãos.
- Eu te imploro. Não faça isso de novo. Eu sou sua mãe. Por favor!
- Mãe. Eu a amo! - lágrimas escorriam dos olhos de Eros até pingarem do seu rosto e se espalharem sobre o chão.
Shirley empurrou tudo que estava sobre a mesa no chão. Nós levamos um susto com o barulho das xícaras quebrando.
- Shirley! Acalme-se! - gritou o pai dele.
- Eu não estou bem. - Shirley levou a mão até o pescoço. - Eu preciso de um remédio!
- Mãe! Por favor! - a voz de Eros ficou um fiozinho. Quase inaudível. Ele limpava os olhos.
- Eu não quero ficar mais aqui. Eu quero ir embora. Nós vamos embora daqui agora mesmo! - Shirley saiu caminhando pela casa. E todos foram atrás.
- Mãe! Por favor! Eu suplico! Não faça isso!
Shirley voltou e veio direto até mim. Ergueu seu dedo e apontou na minha cara.
- Está feliz? Está feliz? Aposto que está! - gritava Shirley.
Eros se posicionou entre nós.
- É isso que você queria? Dar o golpe no patrãozinho? Bancar a nova Cinderela? - Shirley batia palmas e girava pela sala. Ao subir os degraus se virou e continuou gritando. - Me diga! Qual é o seu preço! Aposto que você veio aqui e ficou planejando como acabar na cama do patrão. É sempre assim! Não é mesmo? E eu acreditei que você não sabia de nada. Como eu fui burra!
Shirley subiu as escadas e eu fiquei ali sentada no sofa chorando e tantando não desmorronar.
Eu ouvia ela e o pai de Eros gritando no quarto.
Em alguns minutos eles desceram os degraus e cruzavam a sala indo para a porta.
- Mãe! Por favor! - Eros suplicava. - Nós podemos ser felizes.
- Não, Eros! Eu lamento muito mas se for assim. Eu prefiro estar longe de você. Adeus.
- Mãe, por favor! - Eros tentava a impedir.
- Filho, calma! - o pai de Eros tentava colocar panos quentes. - Dê um tempo para ela. E você também precisa refletir. Só precisamos de um tempo.
E então Shirley arrastou Erick até o carro e colocou-no banco de trás. Entrou no banco do carona e bateu a porta.
Sharon estava parada ao meu lado. Sem saber o que fazer ou falar.
O pai de Eros apenas balançava os braços e repetia "vai dar tudo certo!". Shirley apertava a buzina acelerando o pai.
Ele entrou no carro e eu ouvi o barulho do portão se abrindo e eles indo.
Eros estava pendurado na porta chorando e eu sentada no sofá. Sharon sem reação.

ErosOnde histórias criam vida. Descubra agora