Uma nova Cinderela (parte 32)

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Eu já passei muita vergonha na vida, mas algo assim jamais. Um policial me pegar no flagra pagando boquete era algo que nem em meus delírios imaginativos conseguiria pensar.
Eros engoliu em seco. Estava pálido. E eu ali sobre seu colo. O pau em frente a minha cara. O rosto todo babado. Descabelada. A porra no vidro e o policial atrás franzindo as sobrancelhas e espichando uma caranca com os lábios franzidos para baixo, como se tivesse acabado de chupar um limão azedo.
- Senhor. Senhor. - o policial batia com o punho fechado sobre o vidro. - Abaixe o vidro.
Aquelas palavras fizeram meu sangue gelar. Eu já imaginei eu sendo algemada e atrás das grades. Minha filha crescendo sem a mãe. Ou pior, o pai criando ela.
Eros tentou colocar o pau para dentro da cueca. Eu passei as mãos sobre os cabelos tentando ajeitá-los. Limpei com a blusa mesmo a saliva no meu rosto. Quanto mais tentávamos parecer calmos e discretos mais as coisas pareciam escandalosas.
Eros apertou no botão ao lado da porta e o vidro abaixou. O policial, um homem alto, pelos meus cálculos mais de um metro e noventa. Braços musculosos e bonito. Nos olhava firme. Encarava um e depois o outro. Eu fiquei rubra de vergonha. Não conseguia olhar na sua cara.
- Boa noite, policial. - Eros tentava ser gentil. Parecia ridículo. - No que posso ajudar.
- Seus documentos. - a voz forte e firme me atravessou como uma lâmina. Eu já estava quase chorando. Eu seria presa. Era o fim. Não havia o que fazer.
Que ideia estúpida a minha de pagar um boquete em público.
Eros abriu o porta-luvas e pegou a carteira finínha lá de dentro. Eu só lembrei que ele tinha enfiado seus dedos dentro da minha buceta enquanto eu o chupava.
Meu Deus! Meu Deus!
Eros alcançou o documento.
O policial pigarreou e de alguns passos até a frente do carro.
- Eros! Eros! - eu estava surtando. - Ele vai nos prender?
- Eu não sei. Tenta manter a calma.
- Eu tenho uma filha para criar, não posso ser presa. Como vou ligar da cadeia para meu pai e dizer "pai, fui presa por pagar boquete em público"?
- Amor, não adianta se exaltar agora. - Eros perseguia com os olhos o policial que verificava se os documentos batiam com a placa do carro.
Eros segurou na minha mão.
- Respira e tenta não pirar.
Eu mordi meus lábios. Talvez ele apenas devolvesse os documentos e fizesse de conta que nada tinha acontecido.
- Tenta suborná-lo. - sussurrei enquanto pegava no pulso de Eros e balançava. - Vai que ele só quer dinheiro.
- Você está doida? Se eu tentar suborná-lo, aí sim, nós vamos passar a noite na cadeia.
- Seus documentos, senhor. - o policial entregou-os para Eros. Eu o observava de esguelha. Meu nervosismo fazia minha respiração ficar profunda. Eu estava quase tendo uma vertigem. - Vocês sabem que acabam de cometer atentado ao pudor e eu terei que conduzi-los até a delegacia?
Eu já estava chorando desesperada. Imaginando se conseguiria ver minha filha crescer.
- Mas nós podemos resolver isto.
Eros e eu viramos nossos rostos para olhar o policial. Como se tentássemos averiguar se escutamos o que escutamos.
- E como seria isto? - Eros falou tão devagar que parecia demorar horas.
- É só um de vocês me acompanhar, se me entendem. - ele apontou para os matinhos na beirada do asfalto e me encarou.
Eu teria que dar para ele. Eu não iria conseguir. Meu Deus! O que eu faço agora?
- E então?
- Você não tem que fazer isso. - Eros pegou na minha mão. - Vamos para a delegacia, eu ligo para um advogado e resolvemos isto. Amanhã já estaremos fora da cadeia.
Eu balançei a cabeça negativamente. Era melhor dar logo para ele. Na cadeia, dizem, que tem lésbicas que ameaçam pra comer a gente. Eu engoli o choro.
- E eu gosto por trás. - o comentário do pocial caiu como uma bomba.
- Eu não vou dar meu cuzinho. EU NÃO VOU DAR MEU CUZINHO, SENHOR! - eu surtei. - Eu dou a xoxota. Bato uma pro senhor. Chupo suas balotas. Mas eu não vou dar meu cuzinho.
Eros tentou me acalmar.
O policial fez sinal para me acalmar.
Eros pegou nas minhas mãos.
- Senhora. Você não entendeu. - ele olhou ao redor como se verificasse que não havia ninguém por perto. - Eu não te quero. Da fruta que você gosta eu como até o caroço.
Eu levei a mão até a boca. Fiquei com os olhos arregalados. Ele queria o meu Eros.
- Nós podemos conversar pessoalmente. - Eros abriu a porta do motorista.
- NEM PENSAR! - gritei e me pendurei no braço de Eros. - Esse homem é só meu. E, e, e, e, ele não vai fazer essas coisas. Meu tio experimentou dar a bunda uma vez e nunca mais consegui parar.
- Então vamos até a delegacia. - o policial pressionava Eros a ir com ele para os matinhos.
- Vamos para a delegacia! Levantei a mão. Prefiro ser presa.
- Tati, calma! Por favor! Eu vou ali no matinho conversar com o senhor policial e já volto.
- Nãooooooo!
- Eu prometo. Não vai acontecer nada.
Então ele saiu do carro. Eu fiquei horrorizada. Eros caminhou ao lado do policial até os matinhos. Meus olhos percorreram o asfalto. Eu poderia sair correndo e pedir ajuda. Mas contra um policial, quem defenderia?
Comecei a roer as unhas ao vê-los sumindo na mata.
Eu suplicava para que nada acontecesse. Que Eros não desse seu cuzinho. Meu Deus! E se ele gostasse? Quantos minutos já tinham se passado? Cadê eles? Será que ele estava chupando o pau do policial?
E depois de alguns minutos os dois voltaram. Meu coração quase parou de bater ao vê-los caminhando para perto.
Eros acenou para o policial que se dirigiu até a viatura e ligou o veículo.
- O que houve? Você deu a bunda, Eros? Ele não te arrombou, amor?
Eros abriu a porta e sentou no banco.
- Acalme-se. Eu resolvi o problema. - eu estava agoniada. Não sabia se queria saber o que tinha acontecido no meio dos matinhos. - Eu dei um presente para ele. - arregalei meus olhos. - Dei dinheiro. - Eros me fitou. - Conversei com ele e disse que com dinheiro ele poderia contratar alguns rapazes ou procurar na internet, em algum aplicativo, que ele teria a noite inteira para desfrutar. No começo ele não queria ceder. Disse que queria o meu pau. Mas depois ele aceitou. Então eu dei o dinheiro que eu tinha na carteira.
- Meu Deus! Meu Deus! Ainda bem que ele não quiz comer teu cuzinho, amor. Nem sei como iria lidar com isso.
- Passou. Eu não te disse que daria um jeito? Agora vamos continuar nossa viagem.
Eros ligou o carro e continuamos. Por alguns minutos ficamos tensos. Então Eros começou a gargalhar sozinho.
- Que que foi?
- Você tinha que ver a sua cara quando ele disse que gostava pelos fundos. - Eros apertou a minha mão delicadamente e continuou a rir consigo mesmo.
Eu não sabia o que falar. Comecei a rir junto. Não conseguíamos parar de rir.
- Eu quase morri quando ele disse que queria você.
- Isso porque você não sabe do que já fiz?
- Sério????
- Claro que não. Sua boba. - a gargalhada maravilhosa de Eros me fez rir junto.
- Você que é. Quase perdeu teu selinho hoje.

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