Depois de gozar vesti minha roupa e voltei ao trabalho. Ao abrir a porta do escritório Shirley me deu um susto. Não esperava por ela.
- Vivi, onde você estava? Estou te procurando pela casa já faz mais de meia hora. Pensei que você estava arrumando as minhas roupas no closet. Mas nada. Estava fazendo o que, garota?
- Estava terminando de colocar as roupas para lavar. Os ternos do senhor Eros precisam ser lavados à mão. Talvez você não tenha me encontrado por isto.
- Estranho. Porque eu fui até a lavanderia e não tinha ninguém lá. - Shirley era astuta. Me pegou desprecavida.
- Vai ver eu estava estendendo as roupas no varal ou terminando de limpar a garagem. A casa é muito grande. Sabe? Sinto muito em não ter lhe ouvido me chamar, senhora. - Shirley não acreditou na minha resposta. Estava na cara.
- Vivi. Não sei o que você estava aprontando. Se estava no banheiro olhando o facebook no celular ou conversando com algum rapaz. Isso não me interessa. Eu só queria poder tomar um banho relaxante. Você pode, por gentileza, levar toalhas de banho, sais aromáticos e preparar a banheira para mim?
- Claro, senhora. - eu já passei por ela e fui em direção ao quarto dela.
Entrei pela porta e me deparei com a mala ainda no canto. A Shirley não tinha nem arrumado as próprias roupas. Era realmente muito acomodada. Fui até o banheiro e abri as torneiras. Esperando a água ficar escaldante. Queria escaldá-la. Mas não tive coragem. - Aqui você regula a temperatura. Uma abre água quente e a outra fria.
Me levantei e abri o pequeno armário embaixo da bancada com espelho.
- Aqui estão os sais aromáticos. - peguei nas gavetas toalhas e roupão. Coloquei sobre o balcão. O banheiro já começava a ficar embaçado. A água quente enxendo de fumaça. O vapor tocando a pele do meu rosto e me deixando molhada. - Há mais alguma coisa em que possa ajudar, senhora?
- Não sei. Talvez você possa me ajudar. - Shirley se apoiou no balcão. Eu já me preparei psicologicamente para algo agressivo e venenoso. - Eu sei que você como ótima empregada não vai prestar atenção em pormenores da vida do seu patrão. Mas falando de mulher para mulher. Você não sabe se Eros está saindo com alguém?
Ergui minhas sobrancelhas e fiquei sem ar.
- Eu... - respirei fundo - acho que sim. Esses dias havia uma moça com ele. Linda, à propósito. Mas já faz uma semana que eu não a vi mais.
- Provavelmente, então, era apenas um affair. Um caso. Um passatempo. - Shirley estava feliz com a resposta. - Sharon é uma boa garota para Eros. Eu a trouxe junto para ver se eles enganjam um relacionamente. Pensei que como eles se conheciam desde criança seria mais fácil de surgir algo entre eles. Sabe? Eros passou por um trauma muito grande. Já passou da hora de ele superar e seguir em frente. Ele é bonito, jovem e eu quero netinhos.
- Acredito que cada pessoa tem o seu tempo. E o senhor Eros saberá quando é a hora de, como você diz, seguir em frente.
- Eu sei. Eu sei. É que como mãe eu me preocupo com ele. Quero que ele encontre alguém a sua altura. Entende?
- Não entendo, senhora.
- Não é que eu seja preconceituosa. Mas você conseguiria imaginar seu patrão namorando, casando e constituindo família com uma faxineira?
A fala dela me desestruturou. Fíquei lívida. Sem ar. Me senti o lixo da humanidade.
- Eu acredito que o senhor Eros já tem idade suficiente para saber o que quer da vida. - fui grossa. Queria botar para fora todo ódio que eu senti. - Você não acha?
Shirley me olhou no fundo dos olhos.
- É verdade, Vivi.
Nossa! Eu odeio quando ela me chama de Vivi! Aposto que minhas bochechas estavam vermelhas de ódio.
- Se você me permite eu vou voltar ao meu trabalho.
Shirley apenas sorriu condescente e eu parti sem olhar para trás.
Por dentro de mim aquele buraco crescia de novo. O medo. Um gosto amargo na boca. A sensação de que qualquer coisa fosse desmoronar no próximo segundo.
Passei aspirador de pó pelos ambientes da casa e depois pano. Erik de sacanagem derramou leite com cereal por toda cozinha. Meu sangue ferveu ao ver o estrago. Apenas peguei o balde, o rodo e o pano e lá fui eu de novo limpar. Estava exausta com dor nos músculos. Toda suada. Imunda. Precisava de um bom banho e descansar os pés. Minha coluna doía de ficar na mesma posição, com a coluna abaixada passando pano com o rodo.
- Está tudo bem? - Eros estava atras de mim em pé me olhando. - Quer ajuda?
- Não seja bôbo. Estou apenas fazendo meu trabalho.
- Eu vou sair para almoçar com a sua sogra. - Eros deu um risinho. Estava debochando de mim.
- Cuidado para que ela não te morda. - fui sarcástica.
- Ei? Por mim eu contava agora mesmo que você é minha namorada.
- Eu sei. Mas não quero não. Imagina o que a Shirley acharia de ter o seu filho CEO namorando a empregada?
- Eu adoraria ver a cara dela. Você não quer proporcionar isto para mim?
- Hoje não. - me levantei do chão.
- Nós vamos almoçar e não voltarei mais para casa hoje. De noite tenho um jantar com outros executivos. Então, infelizmente, só te verei amanhã
- Eu posso lhe pedir um favor? Queria sair mais cedo hoje. Prometo recompensar depois.
- Só aceito se for recompensar esse tempo perdido no quarto vermelho. - Eros se aproximou de mim e me deu um selinho. - Você pode tudo, Tati. Você será dona dessa casa em breve.
- Obrigada.
Eros pegou a chave do carro.
- Vou sentir saudades de você. - ele confessou.
- Eu também vou.
Então eu vi os cinco saindo da casa. Sharon estava divina. Shirley só comentava dos restaurantes que já tinha visitado na Europa. Erik corria ao redor deles.
- Aí! - Sharon deu um gritinho.
- Que foi? - Eros estava preocupado.
- Acho que virei meu pé.
- Venha, se segure em mim. - Eros estendeu o braço para Sharon para a alegria de Shirley.
- Ahhh coitadinha. Está tudo bem como você, meu anjo? - Shirley estava um docinho. - Eros, ajuda a Sharon. Coitadinha!
- Foi nada!
E lá se foram os quatro de carro para o restaurante. Eu fiquei ali olhando-os desaparecer.
Mas hoje nada iria estragar meu dia. Hoje é o aniversário da minha bebê. E não deixaria de perder as poucas horas que tinha antes do pai dela vir buscá-la.
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Eros
RomanceDepois de um casamento fracassado e uma gravidez não planejada, agora Tatiana aceita qualquer emprego para sustentar a sua filha. Ela é só mais alguém no mundo tentando neste momento sobreviver e seguir em frente. Depois de ser traída pelo pai de su...