Capítulo 2

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Jimin estava com fome, mas seu irmão precisava ser alimentado, então por isso estava sentado no chão coberto por tatame da escola e tinha um prato de comida nas pernas enquanto esticava o cheot-garak na direção da criança, que abria a boca como um pequeno filhote de pássaro, esperando a mãe o alimentar.

— Você precisa começar a aprender a comer sozinho, Jaemin.

O menino apenas abanou a cabeça enquanto mastigava sem retirar os olhos do irmão mais velho que por sua vez apenas suspirou cansado. Jimin entendia como a rotina era importante para seu irmão e que romper com hábitos era complicado para o menino, porém ele estava crescendo e logo aquela rotina precisava ser alterada.

— Está gostoso, Jaemin? — o mais velho perguntou, vendo o menino balançar novamente a cabeça. — Eu tenho que voltar para o trabalho, Pitoco.

Jaemin arregalou os olhos e antes que Jimin pudesse impedir, jogou-se em seu colo para abraçá-lo, sujando-se todo com o resto de comida que estava no prato. Park quis gritar, mas não teve forças de fazer isso com o pequeno, que nada entenderia.

— Ah, agora você precisa de um banho, Jaemin!

— Não quero banho!

— O que nós conversamos sobre banho?

— Que precisamos quando estamos sujos.

— E o que você está agora? — o mais velho pontuou, puxando um pouquinho o uniforme do irmão, para que ele visse a sujeira.

O menino encarou a mancha por longos segundos até encarar os olhos do mais velho.

— Sujo?

— Exatamente, e o que você precisa fazer agora?

— Tomar banho.

Park sorriu mesmo cansado. Desde que acontecera o acidente de carro com seus pais, seu irmão tinha retrocedido com alguns comportamentos e parecia mais novo do que era, principalmente na linguagem, o que era um desafio tanto para ele quanto para a escola. E, por isso, Jimin era o único que conseguia alimentá-lo sem grandes problemas. Segundo o terapeuta infantil, Jaemin o via como seu único suporte no momento.

Jimin então pegou o menino no colo e seguiu para o banheiro, passando pela professora dele no caminho. Por uns segundos, ele teve esperança que a mulher fosse ao menos ajudá-lo, entretanto ela seguiu direto.

— Jaemin, você vai ter que me ajudar — falou Park, esticando os bracinhos do irmão para tirar a camisa dele. — Eu estou atrasado...

— Atrasado?

— É... Você lembra como a gente conversou sobre eu ter responsabilidades igual o papai tinha? — Jimin perguntou, já colocando o menino debaixo do chuveiro. — Então, eu preciso estar em outro lugar...

— Vou ficar com saudades...

— Eu sei, meu Pitoco... Eu também fico com saudades suas — Jimin falou, suspirando fundo. — Mas é necessário. Eu sinto muito.

— Eu te amo, Jimin.

Park sorriu, desligando o chuveiro.

— Eu também te amo, Pitoco — disse o moreno, por fim. — Vamos, vou te colocar roupas novas e depois você vai para a sala, okay?

— 'Tá.

As coisas eram complicadas, mas não impossíveis.

**

— Boa aula, Pitoco.

Jimin observou o irmão entrar animado para a sala de aula. Ele estava prestes a fazer seis anos, mas agia como uma criança de três anos, quando nervoso, uma de dois. Por vezes, Park sentia-se chateado com o universo por ter sido jogado em um mundo completamente novo onde era um pai de família.

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