Capítulo 39

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Aviso de Gatilho: pensamentos autodepreciativos


Namjoon fitava para a tela do computador, mas nada lia. Sua mente ia e voltava nos últimos acontecimentos da sua vida e tudo parecia errado e fora do lugar, como se outra pessoa estivesse vivendo sua vida por ele.

— Joon... Eu fiz um chá para você. — Amber estava preocupada, por mais que nada falasse. Seu amigo parecia cada vez mais catatônico e sabia que aquilo era um sintoma negativo da doença, todavia ele já estava medicado e não sabia ao certo como evitar que ele se fechasse ao mundo de vez. — Podemos ver um filme, que tal?

— Que filme? — questionou, ainda distraído. Ele não iria assistir de qualquer maneira, mas traria segurança para a amiga que ficaria de olho nele e ele se sentiria confortável para não conversar.

— Tem uns lançamentos na Netflix.

— 'Tá.

A loira suspirou fundo e deixou o chá na escrivaninha do amigo e foi para a sala; ela esperaria dez minutos, se ele não aparecesse, voltaria ali para buscá-lo.

Céus, como Liu queria que o remédio fosse tomar e ficar bom, contudo nem tinham certeza se aquele resolveria. O processo era longo e tão doloroso a Namjoon, e a doutoranda queria poder ajudá-lo mais do que somente garantir que o analista estivesse bem.

O Kim tentava mandar um e-mail para o seu chefe, pedindo demissão, mas não conseguia digitar as palavras; tudo ficava confuso em sua mente e nada parecia certo, então frustrado saiu daquela cadeira, pegando o chá e indo para a sala. Se ele faltasse vários dias seguidos seria demitido, certo? Parecia uma boa alternativa.

— Você não me disse o porquê voltou tão cedo naquele dia — murmurou Amber, fingindo-se estar distraída com o controle remoto. — Achei que vocês iam ver um filme.

— Desistimos.

A palavra parecia certa, afinal ele havia mesmo desistido. Pelo bem dos namorados, porque ele já exigia demais de Amber, não era justo atrapalhá-los também, principalmente com Taehyung em uma situação parecida com a sua. Seria demais e ele não queria magoar ou ferir mais ninguém.

— Você não está mentindo para mim, né?

— Não — Namjoon garantiu, suspirando fundo. — Conseguiu terminar a sua tese?

— Estou quase lá...

Aquela era outra coisa que ele sempre atrapalhava a amiga. Ela ficava tão preocupada em cuidar dele que não conseguia escrever; se conseguisse, o analista se mudaria ou algo do gênero, para deixá-la em paz, contudo conhecia Liu bem demais para saber que a moça grudaria em seus calcanhares para onde quer que ele fosse, então sempre desistia daquela ideia.

— Até quando para você entregar?

— Uns dois meses...

— Está muito perto, Amber. — Namjoon suspirou fundo. — Eu estou te atrapalhando.

— Para, Joon. Eu estou há quatro anos fazendo essa merda. Não é você, sou eu. Você só me ajudou, até pesquisa fez para mim. — Amber riu, lembrando-se das noites que viraram acordados juntos escrevendo para a tese dela. — Eu consigo finalizar no prazo. Você vai na minha defesa, não vai?

— Já estou lá.

Amber sorriu, não se controlando a deitar no colo do amigo enquanto colocava algum filme bem leve que não exigisse muito pensamento, algo fofo e que ajudasse a relaxar.

Os dois então ficaram daquela maneira, até na metade do filme — quando a mocinha estava fugindo com medo de enfrentar seu amor pelo mocinho —, a campainha do apartamento tocou. Amber logo estranhou, afinal era difícil receberem visitas de vizinhos e Namjoon fitou a amiga, para ter certeza que ela tinha escutado o mesmo que ele, afinal não seria a primeira vez que pensaram ter alguém na porta quando ninguém estava lá.

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