Seesaw

Capítulo 26

Aviso de Gatilho: ansiedade, pensamentos suicidas, autoflagelação, automutilação, pensamentos confusos.

A dor era insuportável para Yoongi. Era tudo muito intenso e sufocante naquele momento e o analista quis morrer. Há anos aquele pensamento não preenchia a sua mente, porém parecia certo voltar agora.

Ver Hoseok beijando uma outra pessoa tinha tirado aquela pequena centelha de esperança que preenchia o seu coração todos os dias. Era uma faísca que crescia sempre que observava os sorrisos de Jung ou os toques delicados do ruivo. Essa fagulha era a sua esperança de ter uma vida com o homem que estava apaixonado, era uma chispa que lhe dizia que não era impossível criar sua própria família e ser feliz ao lado daquele que tinha todo o seu amor.

No entanto, faúla ilusória que somente lhe deixara com o coração partido e com a percepção de que, por mais que vivesse em um mundo supostamente inclusivo, nunca seria incluso.

Então, o analista segurou a sua dor até estar no seu apartamento e lá se deixou desabar. Ele nem mesmo alcançou o seu quarto, ficou pela cozinha abraçando as pernas enquanto chorava toda a sua aflição e decepção.

Ele amava Hoseok, com todo o seu coração, todavia nunca o tivera. Talvez tenha tido a pena dele e até a empatia, contudo não tinha o sentimento que, segundo livros e séries, eram os que movia a humanidade. Yoongi somente queria ter provado o sabor, ter sabido como era sentir o toque, ter aventado o cheiro, ter assistido à ilusão e ter se atentado ao som de saber que uma outra pessoa dividia os mesmos sentimentos que faziam seu coração pular confuso e animado por ver o ruivo somente dar um meio sorriso na sua direção.

Estar sentado naquele piso frio, sentindo Holly se esfregar em busca de carinho ao mesmo tempo que sua mente lhe mandava todas as informações necessárias e desnecessárias para Yoongi superar ou não o momento, fez o analista notar que estava perdendo o controle. Entretanto, não conseguia segurar, não conseguia alcançar a parte sã, que não o deixava surtar com os mínimos toques que por vezes ocorriam na rua ou então os sons estranhos e altos que lhe fariam sentir como mil facas estivessem perfurando o seu coração.

A linha não estava mais lá e Min se perdeu em seu cérebro.

"Eu gosto de beijar você"

Não, não gosta.

"Eu quero te proteger."

Por pena.

"Eu quero formar uma família... Talvez possa ser com você. É algo para o futuro, Yoongi."

Seu futuro. Sem mim. Nunca comigo.

Onde eu estava com a cabeça em pensar que você gostaria de mim, Hoseok? Onde? Por quê?! Não entendo! Você... me enganou? Como pude ser iludido uma vez mais? Ou não fui? Você somente se cansou?

Hoseok, te amo.

Hoseok... Hoseok... Hoseok... Hoseok... Hoseok... Hoseok...

Os pelos de Holly, o som da água na geladeira, o galho de árvore na janela, os sons dos morcegos, o andar da vizinha de cima o tic-tac do relógio e Hoseok. Tudo parecia demais. Ia e voltava. Aumentava e diminuía. Da esquerda e da direita. De cima e de baixo. Yoongi não mais sabia onde se concentrar, no que encostar, no que sentir, no que ouvir.

Hoseok.

Tudo precisava parar.

Tudo.

Era tudo demais.

Precisava acabar com aquilo.

Mas doía.