Capítulo 55

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Era vinte de dezembro quando Seokjin viu a mulher entrando pela porta do seu estabelecimento. As encomendas para o final do ano estavam a todo vapor e entravam e saíam clientes como nunca da loja. Ficava feliz com o movimento, mesmo que esse o deixasse exausto como nunca.

Seokjin não esperava vê-la novamente ou pelo menos tão cedo, afinal o que Kim Micha queria com ele? Não tinham nada a mais para conversar, certo? Então, o porquê de a mulher estar ali? Para desejar "Feliz Natal" que não era, o confeiteiro tinha certeza disso.

— Olá, gostaria de falar com o seu patrão.

O dono do estabelecimento estava na cozinha — que tinha uma pequena janela onde se observava tudo que acontecia na loja —, por isso, a mulher não o viu enquanto só contrário aconteceu. Ele simplesmente odiava como Micha entrava nos locais e se sentia a dona.

— E-eu vou chamá-lo.

— Não precisa, Jinyoung. Eu já estou aqui — Seokjin anunciou sua presença ainda pela janela que dava visão da cozinha. — Vou atendê-la no escritório — avisou já sumindo da vista de todos e indo para o escritório, sabendo que o funcionário indicaria o local para a mulher.

Seokjin ainda secava a mão quando a mulher entrou no seu pequeno escritório. O local era somente uma mesa, com um velho computador e um cofre no canto da sala, não precisava de mais do que isso.

— Sente-se — pediu o confeiteiro, indicando a cadeira oposta a que ele sentaria. — Quer uma água?

— Para que a formalidade? — Micha disparou, guardando o óculos escuros na bolsa e sorrindo docemente. — Cadê o "mãe"?

— A senhora deixou bem claro da última vez que nos vimos que eu não sou seu filho, então digo eu: deixe de rodeios e me diga o que quer.

— Eu sempre fui sua mãe.

— A senhora deve estar me confundindo com Seokjoong. — O loiro suspirou fundo, levando os dedos a ponte do seu nariz e apertando de leve. Sabia que dependendo dos rumos da conversa, ficaria com dor de cabeça. — Se for isso, por favor, pode ir embora.

Micha riu com escárnio e revirou os olhos, buscando a bolsa e sem muita demora retirando de lá um grosso envelope, somente para jogá-lo em cima da mesa.

— Dramático igual à sua mãe. — A mulher expirou com força. — As escrituras das casas que seu pai te deu.

— A senhora não veio aqui somente para isso...

— Você me conhece tão bem — disse, rindo outra vez cinicamente. — E, um contrato. Dez porcento da fortuna.

— Se eu não me engano, papai me deixou trinta porcento.

— Seokjin, tenha um pouco de respeito pela vergonha que eu tive que sustentar durante toda a sua vida. — A mulher o olhava friamente, quase com ódio. — Eu criei o fruto da traição de meu marido dentro da minha casa, com a amante dele sempre ali. Então sim, ao menos o dinheiro dele eu quero.

— Eu não pedi por isso, por que tem que ser minha culpa? Você me criou porque quis, ou melhor porque quis o dinheiro. Eu não pedi para ser desrespeitado e desgostado por toda a minha vida.

— Sempre gostei de você, era uma criança doce, mas cresceu e virou... gay.

O confeiteiro respirou fundo para não a expulsar dali naquele momento. Ele quis rir na cara dela e gritar que mesmo sendo doce, a mulher nunca gostou dele, mas resolveu se acalmar, pois nada de bom saíra de uma briga.

— Eu nasci assim — falou simplesmente, estalando a língua. — E eu não sou gay, a senhora sabe que sou bi.

— Mesma merda, você 'tá sempre com homem.

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