Gatilho: pensamentos confusos
Yoongi acordou com dor de cabeça, o que era um pouco incomum, a não ser que tivesse tido uma forte crise. De repente, antes de realmente abrir os olhos, ele percebeu o tremor pelo o seu corpo e o aperto no seu peito e desanimado percebeu que sim, estava com um episódio de ansiedade e sim, sua mente já o estava bombardeando de informações e pensamentos confusos e desconexos e sim, queria chorar.
— Você demorou para acordar.
A voz era estranha a Yoongi, essa foi a primeira coisa que sua confusa mente o deixou perceber, então ao olhar para o lado e ver um homem que não fazia ideia de quem era, com um meio sorriso no rosto, o coração já disparado de Min pareceu ficar ainda mais agitado e ele quis correr, por mais que seus músculos não respondessem naquele momento.
— Tenho sopa, mas ela está fria porque não tem como esquentar — falou o homem, outra vez sorrindo. — Você parece estar com frio... Desculpa, mas meu cobertor não é dos melhores.
Pela primeira vez, Yoongi viu que tinha algo sobre o corpo dele e com movimentos duros, sem muita naturalidade, mexeu-se até que o cobertor fosse parar no seu colo — o tecido fedia e somente naquele momento que o olfato do moreno captou o cheiro —, livrando seus braços do pano que pinicava em contato com a sua derme.
— Vai querer a sopa ou não? — o homem perguntou, pegando uma colherada e tomando um bocado da sopa. — É só o que tenho, sei que é engomadinho e tudo mais... Ai, que cara de cu que você tem, hein?
— Sou autista.
Min lembrou-se de uma vez que seu irmão — céus, onde estava Jungkook?! Estava com saudades dele —, disse-lhe para que quando tivesse que explicar sobre a sua síndrome para alguém que talvez não a entendesse, deveria usar o termo "Autista", pois seria mais fácil das pessoas o compreenderem e, vendo o homem sacudir a cabeça em afirmação, como se finalmente o entendesse, percebeu que Jeon estava correto.
— Entendo, entendo... Estudei sobre isso na escola. — O homem sorriu fracamente. — Sinto muito.
— Não tem o que sentir.
A palavra "sentir" estava em evidência no momento, pois por mais que tentasse falar com o homem, a cabeça de Yoongi estava pensando em mil e uma coisas ao mesmo tempo e notar aquilo, fez seu coração acelerar no mesmo instante e novamente aquela sensação de estar se afogando — tinha lido em um fórum essa metáfora quando uma das moças a usou — parecia cada vez mais intensa. Estava na rua, sentado no chão, com um cobertor que pinicava sua pele — precisava de tecidos de algodão —, conversando com um homem que não conhecia e pelo fedor, provavelmente era um morador de rua — era rude pensar no cheiro, lembrava-se que Jeon lhe dissera uma vez —, e somente queria ir para casa e receber abraços de Hoseok.
Onde estava mesmo Hoseok? Era Natal? Achava que sim, mas não era um feriado para se passar ao lado das pessoas que amava? Então, por que não estava com o namorado e o irmão? Onde estava mesmo? Sentia-se perdido e antes de se controlar, as lágrimas começaram a sair dos seus olhos. Queria deitar e acordar bem, na sua cama. Estava com medo.
— Ei, cara, você tá pálido — o homem disse. — Tem certeza que não quer a sopa?
— 'Tô passando... m-mal... Q-quero m-minha c-cama... A-ah... D-dói...
— Ai, cara. — O outro pareceu preocupado e esticou a mão, encostando no braço de Yoongi, que se afastou, chorando ainda mais fortemente. — Ai, ai... Não pode encostar! Merda, merda... Deita aí, cara. Desculpa, e-eu não vou te fazer m-mal... Só... deita...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Seesaw
FanfictionYoongi gostava da calmaria. O som dos pássaros de manhã na sua janela, o barulho das ondas no mar e o ruído do teclado sendo digitado. Não era muito, porém vivia bem daquela maneira. Até conhecer Jung Hoseok. Kim Namjoon vai todo dia na mesma confei...