53- Tudo culpa dele.

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Cadê os lencinhos? Em mãos? Então vamos lá!

Meredith

...

- O que é isso, Addie? - perguntei alisando aquele local.

- Nada demais. Apenas me machuquei num móvel - falou sem me encarar. Addison estava mentindo?

- Foi um machucado feio. Tem certeza de que está bem? Não está doendo?

- Não, não está. É assim que você vai me relaxar?

Suspiro tentando afastar aquilo de mim, ela disse que estava bem.

- Não, não é - falei depositando um beijo em seus lábios.

Desço meus beijos pelo seu corpo observando cada uma de suas reações, e o poder, pelo menos na cama, em que eu tinha sobre ela.

- Você é tão linda, Addie - falo beijando-a por cima da calcinha.

Addison segurou em meus cabelos com uma mão e acariciou meu rosto com outra.

Tiro sua calcinha e a observo. Uma mulher perfeita. Totalmente a minha mercê naquele momento.

Sem que a mesma esperasse beijo sua intimidade e sinto sua mão puxar mais meus cabelos.

- Mer...

- Diga, Addie - falei deixando uma mordida fraca no seu ponto mais sensível.

- Merda, Meredith - a mesma gemeu e puxou meus cabelos com mais força.

Continuo com o meu trabalho de fazê-la relaxar em minha boca, e logo escuto um gemido rouco sair de seus lábios, seu corpo estremecer e suas mãos puxarem meus cabelos com força.

Subo e beijos seus lábios, sentindo seu corpo ainda trêmulo.

- Você me enlouquece, baby.

- Esse é o meu dever na terra.

Addison riu e beijou meus cabelos, fazendo carinho nos mesmos.

A mesma passou uma de suas pernas por cima das minhas e me abraçou, beijando o topo da minha cabeça.

Ficamos ali por alguns minutos.

- A pizza provavelmente está fria - ela falou ainda acariciando meus cabelos.

- Estou morta de fome. Podemos comer direito agora?

A mesma me soltou e eu beijo seu pescoço e me levantando, sentindo uma sensação estranha por conta daquela mancha, sinto que mais uma vez Addison estava mentindo para mim.

Pego minha taça de vinho e bebo todo o restante do líquido que havia ali, colocando um pouco mais.

Me viro e vejo Addison de lado para mim, vestindo seu robe, antes que a mesma o feche posso ver mais uma mancha em seu corpo, dessa vez um pouco maior, na sua cintura.

- Essa aqui você bateu em que outro móvel? O mesmo que a outra? Ou talvez um pior e mais dolorido? - pergunto me levantando e a encarando. Sinto-me uma idiota. Uma completa idiota ali, pedindo por migalhas.

- Meredith... Por favor - a mesma fez um nó em seu robe e pegou sua taça de vinho.

- Agora você vem com a parte de que nada disso é da minha conta, eu vou ficar irritada e você vai tentar resolver tudo com sexo . Entendi. Eu já tenho todo o roteiro, vamos nos poupar, quer fazer aqui na sala mesmo ou quer que eu suba para o seu quarto?

- Eu não quero fazer sexo com você, Meredith Grey!

- Estraguei com o clima? Me desculpe, não sei disfarçar quando não estou satisfeita com algo.

Addison me deu as costas.

- Essa é a outra parte em que você me ignora e se fecha para você mesma?

A mesma suspirou alto.

- Eu estou cansada disso, Addison. Estou até cansada de dizer que estou cansada. Estou cansada de ficar sempre sendo a insuportável coitadinha que vive por aí catando migalhas suas para entender você.

- Pare então de tentar me entender! - falou bebendo seu vinho e se sentando no sofá.

- Quer mesmo que eu faça isso? Quer mesmo continuar vivendo em um relacionamento assim?

A mesma suspirou irritada.

- Tudo isso or causa de duas manchas?

- NÃO, ADDISON, NÃO SÃO SÓ AS PORRAS DAS MANCHAS! EU ESTOU DE SACO CHEIO, É ISTO!

- Meredith eu não vou discutir com você!

- Ótimo! Fuja da discussão como sempre faz! Eu cansei! - falei subindo as escadas e entrando em seu quarto. Peguei minhas roupas e me vesti rapidamente.

- Você está terminando comigo? - Addison entrou no quarto e ficou de costas para mim, encarando algo encima da cômoda.

- Eu só preciso respirar longe de você por um momento, Addison - falei pegando meu casaco e saindo dali o mais rápido possível. Eu precisava de ar, precisava pensar mais do que eu já havia pensado. Eu precisava andar.

Suspiro colocando meu casaco e saindo do seu prédio encaro a chuva em que caía. Coloco meu capus e fecho meu grande casaco, começando a andar pela calçada. Eu estava confusa, estava exausta.

Addison

- MERDA! - grito irritada descendo as escadas, MERDA!

Sinto meus olhos arderem e meu coração se encher de ódio. Isso era tudo culpa dele. Tudo culpa dele! Essa vida miserável em que eu tenho é tudo culpa dele. Ele é o culpado pelos meus traumas, pelos meus medos, pelas minhas ações, pelas minhas tentativas de acabar comigo mesma graduativamente. Ele é o culpado pela minha adolescência frustrada, pelo terror em que vivenciei, pela morte da minha mãe, por cada pedaço de desgraça na minha vida, em todos, ele está presente.

Ele está nas minhas inseguranças. Nos meus medos. Nas minhas noites em claro. Nos meus pesadelos. Nas minhas angústias. No meu modo de ser, de agir, de tratar as pessoas. Tudo é culpa dele.

Vou até o bar e encho um copo de Whysky, eu já estava no meu limite. Tudo dentro de mim parecia ter virado uma bola de neve. Todos os traumas em que guardo somente para mim desde criança. Praticamente 20 anos de coisas guardadas aqui dentro, praticamente a minha vida inteira. Ninguém sabia de nada, ninguém tinha sequer noção de tudo em que eu guardava aqui.

Sinto-me fraca. Sinto-me extremamente sufocada, como se estivesse matando a mim mesma com uma corda de traumas guardados somente para mim evolvida no pescoço.

Eu tive a chance de amar, estou tendo a chance de amar. De me entregar, de me apaixonar e de ser amada de volta. Mas novamente ele teria que tirar algo de mim. Novamente. Isso era um ciclo. Um ciclo vicioso. Um ciclo que parecia não ter fim.

Até quando? Até quando ele iria continuar fazendo isso? Mesmo que ele não saiba. Mesmo que ele não tenha a mínima noção do poder que ainda exerce em mim. Mesmo que eu mostre que não tenho mais medo dele.

Eu me culpei por tanto tempo, por todas as coisas em que aconteceram, por ter sido fraca, por ter me calado. Eu falei tanto da minha mãe, a julguei tanto, e agora, agora estou no mesmo caminho em que ela estava.

Meredith... Meu sopro de ar fresco. Sinto tanto medo de perdê-la, de afastá-la de mim para sempre. Ela não me veria mais com os mesmos olhos. Eu iria a perder de uma forma ou de outra, era inevitável.

Jogo meu copo na parede, que vira pedacinhos de vidro na mesma hora. Sinto aquela extrema necessidade em que bem conhecia... de sentir dor. A extrema vontade de concentrar tudo aquilo em que sinto em algo físico. Sinto meu coração bater cada vez mais forte e mais rápido, sinto as lágrimas molharem meu rosto sem que eu as possa impedir de descer. Sinto que ele está prestes a tirar mais alguma coisa de mim, como sempre faz, e como sempre a dor interna me faria sucumbir, acumulando mais e mais dor dentro de mim, até o dia em que acontecesse o mesmo que aconteceu com a minha mãe, até o dia em que eu não aguente mais.

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