Addison
No momento em que Thomas entrou sendo empurrado por dois homens na sala de jantar meu coração doeu de uma forma em que eu nunca senti. Era a primeira vez em que eu não o via mais como somente o Tom, o homem em que eu somente considerava um pai. Aquele homem, ali, bem na minha frente, era meu verdadeiro pai.
Meus olhos se encheram de lágrimas e foi inevitável deixar que elas não descessem.
Aquele homem a minha frente, o homem em que sempre esteve ao meu lado desde em que eu nasci, em todos os meus momentos, bons e ruins, o homem em que foi a minha família todos esses anos. Ele não era mais somente o homem em que eu somente considerava um pai. Ele era meu pai. Ele não era mais o Tom, o melhor amigo da minha mãe e grande amor da vida dela, ele era meu pai, meu verdadeiro pai.
Sinto um soluço alto sair da minha garganta. Meu pai.
Pela primeira vez percebo o quão parecidos nós somos. O tanto em que eu herdei dele, meu pai.
O capitão havia conseguido o que queria. Tom e Meredith. Os dois. Aqui. Como se fôssemos os seus fantoches e ele estivesse nos manipulando como se fosse um deus.
Ouvir Thomas me chamar de filha fora, com certeza, um baque ainda maior. Era óbvio que ele não tinha a mínima noção de que, sim! Eu era sua filha! Sua verdadeira filha! E ouvir aquilo do mesmo, naquelas circunstâncias, doeu ainda mais. Doeu de uma forma inexplicável, pois haviam anos em que ele não me chamava assim, e por uma obra do destino aquilo havia acontecido exatamente no mesmo dia em que eu havia descoberto que sou sua filha. Sua verdadeira filha.
Minha mente começou a me lembrar dos planos do capitão. O que ele pretendia fazer: Matar Tom. Matar Meredith. Me estuprar de novo e fazer mais Deus sabe o que comigo.
Meu coração doía, tudo doía. Meu pai, meu verdadeiro pai estava de frente para mim, preocupado comigo. Meu verdadeiro pai havia arriscado sua vida para tentar me salvar, e sem sucesso, para, agora, segundo os planos do capitão, perder a sua.
Eu não conseguia parar de chorar. Não conseguia parar de pensar nisso. Não conseguia sequer parar de pensar nisso, nem por um segundo.
Até Harry dizer as seguintes palavras: "Muito menos matá-la" se referindo a minha mãe. Ali, mais uma vez, meu mundo parou.
Tudo a minha volta parou. Eu sentia que a qualquer momento meu corpo não aguentaria mais. Minha mãe... Minha mãe havia sido assassinada por esse desgraçado... Minha mãe não havia se matado... Eu não tive reação.
Ouvir o jeito em que ele fez... Como ele havia planejado... Como ele havia matado a minha mãe e forjado seu suicídio... Minha mãe... Minha mãe. Senti meu corpo vacilar, como se, pela milésima vez desde esse sequestro, minha alma estivesse saído do meu corpo, simplesmente saído. Eu não tive ação, não tive sequer uma mísera ação, parecia que eu estava paralisada, todo aquele tsunami de revelações havia me roubado todas as minhas ações. Eu estava fraca psicologicamente. A culpa caiu ainda mais forte encima de mim. Se eu não estivesse ido embora... Se eu não estivesse sido covarde...
Ver Thomas avançar em Harry e o pegar pelo pescoço foi como a minha alma voltou para o meu corpo. O desespero tomou conta de mim, Harry iria acabar com ele. Senti-me completamente enjoada. Os meus gritos saiam abafados por conta do pano, meu coração parecia querer sair pela minha garganta. Eu não sentia meu corpo, não sentia nada além da minha garganta e dos meus olhos, que ardiam pedindo por socorro. Harry iria acabar com ele.
E ver Thomas ser jogado com força no chão e ser espancado por quatro homens foi o meu estopim. Meu corpo inteiro tremia. Eu já estava sem voz de tanto gritar, minha alma parecia lutar uma guerra consigo mesma, para decidir se ficaria no meu corpo ou não. O medo tomou conta de mim, Thomas iria morrer... Thomas iria morrer ali na minha frente.
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Discovering Love
FanfictionMeredith Grey é uma garota francesa de 20 anos que acabara de se mudar para Londres com o objetivo de fazer sua tão sonhada faculdade de letras. Mas se ver totalmente apaixonada por sua professora de linguística na qual é uma mulher sexy, excêntrica...