Prólogo

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Dulce



A vida nunca foi fácil para mim, cada degrau que subi foi resultado de muita determinação e esforço. Eu era a única filha mulher numa casa com três irmãos mais velhos, que haviam constituído família antes de eu sair de casa, por isso fui mimada e cercada de cuidados excessivos. Mudar-me da pequena cidade que vivia com meus pais, num sítio de sua propriedade, foi uma decisão difícil, mas imprescindível para a minha independência e a recuperação da minha identidade.


Quando terminei a faculdade de Administração não sabia muito bem o que fazer.


Encontrar um emprego estava se tornando muito difícil até que um professor me ligou, dizendo que seu amigo estava precisando de uma secretária e que seria uma boa oportunidade para entrar na empresa e, com o trabalho, conseguir chegar ao cargo que almejava.


Depois de entrar em contato com a empresa e marcar minha entrevista, me vi num redemoinho de estresse e ansiedade. Seria meu primeiro emprego, fora o restaurante dos meus pais, onde trabalhei desde os quinze anos, e tinha medo de não ser boa o suficiente. Eu era uma pessoa segura e ciente das minhas qualidades. Porém, inexplicavelmente, estava nervosa para encontrar o meu, talvez, futuro chefe.


Cheguei à empresa, anunciei o motivo de estar ali e fui encaminhada para o sétimo andar do prédio. Sentei-me na antessala e analisei minhas roupas: vestia uma saia preta drapeada e uma camisa vermelha de seda, deixei meus cabelos soltos e passei pouca maquiagem em meu rosto.


Segurava uma pasta com meu currículo e contava os pisos do chão para espantar o nervosismo, quando ouvi meu nome sendo chamado.


Olhei para uma loira escultural com os olhos mais azuis que já vi e sorri. Gostei dela logo de cara e ela me retribuiu o sorriso.


— Olá, sou Anahí! O Sr. Uckermann já vai te atender, senhorita. Pode entrar.


— Obrigada, Anahí! Sou Dulce...


Ela assentiu e voltou para um corredor branco, parando em frente ao elevador.


Respirei fundo e bati na porta girando a maçaneta logo em seguida. De cabeça baixa entrei e virei-me fechando a porta. Voltei-me para enfrentar meu futuro empregador, sim, estava sendo otimista ou teria um ataque de pânico. Quando levantei meus olhos, sorrindo, dei um passo atrás.


Deus! Nunca em meus vinte e quatro anos de idade, encontrei um homem mais lindo que ele.


Fiquei embasbacada olhando para o seu rosto e vi todo tipo de sentimento passar por seus olhos verdes revoltos, e um deles era desejo e logo desprezo. Não sabendo de onde vinha aquela explosão toda, abaixei a cabeça e resolvi me apresentar. Eu parecia uma garota patética, olhando sem nada dizer, coisa que eu realmente não era.

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