Capítulo 48

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O dia de trabalho passou rapidamente, e quase não vi Christopher. Estava entre decepcionada e aliviada, meu corpo pedia pelo dele aos gritos. Teve uma hora em que ele me chamou pelo interfone e estive a ponto de correr lá e montá-lo como uma louca. Mas me contive, afinal era uma mulher em plenas faculdades mentais. Certo?

Não mesmo!

Estava guardando minhas coisas e desligando o computador para encerrar o expediente. Quando o interfone da sala do Christopher apitou, suspirei pesadamente. Ele podia ser um gostoso e me enlouquecia como nenhum outro. Mas não tinha senso, isso era hora de me importunar? Só queria ir para casa, já tinha dado meu horário. Mas, enfim, peguei o telefone e atendi.

— Sim, senhor Uckermann?

Uma risada rouca do outro lado fez meu corpo se arrepiar. Até olhei para a sua porta fechada, pois meu corpo respondeu prontamente. Já estava à espera por ele.

— Senhorita Saviñon. Pode vir aqui, por favor?

— Senhor, já deu meu horário. Já estou de saída, não pode esperar até amanhã?

— Não, tem que ser agora!

O que posso dizer desse homem? Até um simples pedido soa como uma ordem.

Eu não sou de acatar esse tipo de coisa, porém como funcionária tinha que obedecer. Mesmo que o matasse no percurso.

Desliguei o telefone e me levantei. Ajeitei a saia e caminhei devagar, mas bem devagar, até sua sala. Bati e entrei. Ao avistá-lo tive um flashback de um mês atrás, quando nós transamos nessa sala.

Christopher estava com os cotovelos apoiados na mesa e o queixo nos punhos fechados à sua frente.

Observava-me com seus olhos num verde-escuro, que eu sabia o que sentia: desejo. Ele estava em seu modo predador. E eu já disse que adorava ser a caça, né?

— Tranque a porta!

Sabe quando você age como se não estivesse em pleno controle, como se alguém ficasse te movimentando por uma cordinha? Então, foi no automático que passei a chave na porta. Voltei meu olhar para ele que tinha um meio sorriso cínico nos lábios. Tive vontade de arrancá-lo no tapa.

— Sabe que você fica toda lindinha obediente?

Minha personalidade era de uma pessoa que não tem muita paciência e nem trava na língua. E Christopher sabia disso, eu desconfiava que ele gostasse do meu jeito desbocado e provocava de propósito.

— E você é um babaca total! O que você quer, Christopher? Estou cansada e quero ir para casa, não tenho tempo para gracinhas agora.

Ele arqueou uma sobrancelha, sorrindo abertamente. Deixe-me falar uma coisa, para que fique bem claro. Christopher é um cara lindo e gostoso, todo emburradinho e sensual, o carrasco safado que todo mundo sabe. Mas o que não sabem é que aquele homem sorrindo era simplesmente arrebatador.

Sério! Dentes muito brancos e certinhos se mostraram pra mim e eu era como uma mariposa correndo para a luz. Acho que ele devia vir com um aviso:

O Ministério da Saúde adverte: o sorriso de Christopher Uckermann é capaz de te deixar de pernas bambas e boca aberta.

— Adoro essa sua língua esperta. Devo ser meio louco porque o que mais me fascina em você é seu jeito arisco e que não aceita ordens de ninguém. É... provavelmente estou doido.

Ai, gostei, hein... Respirei fundo parecendo entediada e me recostei na porta com os braços cruzados.

— Então você me chamou aqui para provocar minha língua e ouvir minhas gracinhas?

Ele riu e se levantou. Tentei não retesar o corpo, parecer tranquila e normal. Mas a presença daquele cara era simplesmente perturbadora. Já disse que ele é gostoso, né? Pois, então, risca isso aí, ele é mais que isso: delicioso! Aquele olhar é capaz de te fazer latejar de desejo.

Christopher deu a volta na mesa e andou em minha direção devagar. Parou à minha frente e seu perfume me invadiu. O calor de seu corpo emanava em ondas, parecia magnético. Quase me segurei na porta para não pular em seu pescoço.

— Não, senhorita Saviñon. Chamei-a aqui para uma repetição daquele nosso primeiro encontro. Começar de novo, zerar tudo que nos aconteceu. E, então, tá pronta para uma segunda rodada?

Arregalei os olhos e senti meu coração disparado no peito. O que ele estava propondo era muito mais que apenas sexo sem sentido. Vi isso em seus olhos, o que não havia em palavras Christopher transmitia pelo olhar. Será que eu realmente queria isso? Na vida temos que ter certeza que queremos certas coisas, pois quando envolve outra pessoa o risco de magoar alguém é muito alto. E eu não gostava disso. Mas dentro de mim sabia que não havia mais volta. Estava perdida por Christopher e não tinha retorno.

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