Capítulo 65

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Já iria reclamar quando, enfim, ele parou numa clareira muito verde e linda.

Uau, acho que o cara acertou mesmo na escolha! Era tudo maravilhoso, tinha árvores grandes e enfeitadas com flores coloridas e em uma delas havia um balanço pendurado. Devia vir turistas para o alto da montanha.

Christopher nem olhava pra mim, tinha um sorriso perfeito em seu belo rosto.

Aproximou-se da árvore com o balanço e começou a montar seja lá o que ele estivesse tentando fazer.

Deixei-o com sua “surpresa” e fui caminhar pelo local. Achei umas pedras num canto e subi nelas. De lá dava para ver toda a montanha inclusive a cabana em que estávamos. E era lindo demais! A mesma liberdade que senti quando chegamos à tarde passada me invadiu sendo apenas preenchida pela voz rouca do homem abaixo de mim.

— Vem, Dulce, tá tudo pronto. Espero que você tenha digerido o café da manhã nessa caminhada, porque pretendo te encher de comida.

Virei-me sorrindo e desci da pedra. Parei à sua frente e peguei seu rosto másculo em minhas mãos, observei aqueles olhos verdes lindos e enigmáticos.

— Eu fiquei louca com você por tanto tempo que não percebi o quanto é agradável sua presença. Obrigada por esse final de semana.

Ele sorriu sem graça e me deu um selinho nos lábios, me pegou em seus braços e carregou até o cobertor forrado debaixo da árvore. Abaixou-se me sentando delicadamente, olhei em volta e tinha até flores num copo de plástico.

Christopher seguiu meu olhar e deu de ombros.

— Esqueci o jarro de vidro, mas o que vale é a intenção.

— E quais são suas intenções aqui, posso saber?

Ele voltou seu olhar pra mim e se eu não estivesse segura em seus braços teria caído desfalecida com tanta intensidade.

— Ganhar o seu coração!

O que eu posso dizer daquele momento? De alguma forma Christopher se declarou sem se declarar realmente. Só que mal sabia ele que meu coração já estava tomado há tempos.

Porém, pra que dar munição para o cara se ele já tinha todas as armas nas mãos?

Levei uma mão ao seu rosto e ele fechou os olhos. Encostei nossos lábios e demonstrei ali o que ele poderia querer saber, sem ter perguntado.

Quando nos afastamos, ele sorria lindamente e eu o acompanhei.

— Então, vamos lá, doce provocadora, adoçar seus lábios com mel.

E assim passamos a manhã. Alimentamo-nos com doces, pães, frutas e todo tipo de coisa gostosa. Nunca me esqueceria desse dia maravilhoso estando com Christopher naquela serra, sentada debaixo de uma árvore fazendo um piquenique e escutando o barulho dos pássaros, que provavelmente tinham um ninho ali. Meus olhos foram atraídos para o balanço que estava atrás de nós.

— Por que tem um balanço aqui, Christopher?

Ele acompanhou meu dedo que estava apontado para o brinquedo e sorriu saudoso.

— Minha mãe fez quando eu era pequeno. Eu já troquei as cordas, mas a madeira é a mesma. Quer que eu te empurre?

Assenti e me levantei. Sentei-me no balanço e aguardei. Quando ele se postou atrás de mim, meu corpo já respondeu ao seu toque. Christopher era como um narcótico que eu precisava cada vez mais, e descobri nesse fim de semana precisar dele de todas as maneiras.

Ele se inclinou para sussurrar em meu ouvido:

— Se prepare, vou te levar às nuvens.

Virei a cabeça e o encarei.

— Você já fez isso, querido.

Christopher sorriu e me deu um empurrão. A sensação de estar sendo jogada ao céu e caindo ao chão era mais ou menos o que se passava dentro de mim. Um turbilhão de sentimentos brigava querendo sair, porém eu não os deixava dar o ar da graça, não sabia se estava sento teimosa ou medrosa demais, mas ainda não me sentia segura. Aquele dia estava sendo perfeito, e não queria que nada estragasse tudo, nem mesmo minha insegurança.

Estava rindo como criança, o tempo passou e nem percebi. Voltamos para o cobertor e nos deitamos. Ficamos conversando sobre nossa vida e Christopher me contou de sua adolescência desregrada até que o pai faleceu e ele tomou conta de todo seu império no ramo de programação. Convidou Alfonso para sócio e de quebra veio Belinda, mas não quis se aprofundar no assunto. E eu também não insisti, aquela noiva-cadáver estava bem lá no túmulo que devia ser a casa dela.

Quando voltamos para a cabana já tinha passado do almoço, porém não estávamos com fome. A manhã foi recheada de guloseimas deliciosas. Aí pensei que as supressas tinham acabado, quando fui surpreendida novamente. Christopher saiu do pequeno banheiro com uma toalha na cintura e outra em volta do pescoço.

— Pronta para a próxima, provocadora?

Levantei-me da cama prontamente e o alcancei.

— Com certeza, gato!

Segui-o até o banheiro e já na porta percebi coisas curiosas. Uma banheira grande de hidromassagem estava cheia e com água quente saindo vapor e deixando o ambiente acolhedor, romântico e sexy. Um aroma de flores silvestres perfumava o lugar. Christopher percebeu minha cara pasmada na porta e sorriu estendendo a mão.

— Eu só quero curtir o que nos resta dessa liberdade, Dulce, antes que a realidade nos engula. Topa esquecer-se de tudo, pelo menos até que chegue ao fim dessa noite?

Fechei os olhos e percebi que tínhamos apenas o dia seguinte e, então, voltaríamos para a cidade. Sem pensar retirei a roupa e passei por ele me sentando na banheira. A água borbulhante acalmou minha pele e relaxou meus músculos rígidos pela caminhada. Christopher  entrou logo atrás de mim e me enlaçou em seus braços.

Percebi sua ereção em minhas costas, algo natural para um homem como ele.

Porém Christopher não fez nenhum movimento de que queria sexo ou algo mais que apenas carinho.

Então deixei quieto, porque na verdade estava tudo muito bom. Um carinho, em um dia completamente romântico com um homem lindo.

O que uma garota como eu poderia querer mais?

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