Capítulo 22

883 63 3
                                    

— Eu estava te esperando, senhorita Saviñon.


Prendi meus lábios para não falar merda, porque apesar de tudo ele era meu chefe e eu gostava do meu emprego. Ainda queria subir de cargo e, se eu furasse os olhos do sócio majoritário da empresa, com certeza seria demitida.


— Seu café, senhor, e o contrato da academia.


Coloquei a bandeja em cima da mesinha ao lado da porta e o contrato na pilha de frente para o computador. Seu perfume era a coisa mais afrodisíaca que eu havia sentido.


Endireitei a coluna e olhei em seus olhos, eu sou uma mulher alta e de salto ganho uns centímetros, mas Christopher era imponente, tinha que erguer a cabeça para focar em seus olhos verdes.


Desgraçado, me fazia latejar só de sentir sua respiração.


— Se precisar de mim para mais alguma coisa, senhor, é só me chamar.


Ele sorriu de lado e tombou a cabeça observando meu corpo. Bem, eu me senti nua. Christopher me despia com o olhar, e eu adorei isso. Estava usando um terninho risca de giz cinza com uma blusa de seda rosa-claro. Sem casaco.


— Conto com isso, senhorita Saviñon. — Levantou a mão e roçou os dedos pela extensão do meu braço esquerdo.


Meu corpo todo se arrepiou. Traidor. Lambi os lábios e percebi seus olhos acompanhando o movimento. Sorri de lado e passei por ele. Tenho certeza que estava deixando-o com uma ereção dolorosa.


— Pode contar.


Saí dali com a respiração presa. Droga, isso estava ficando constante. Voltei para minha mesa e ocupei minha mente com o trabalho. Tinha que acertar contatos com os clientes e resolver qualquer pepino que aparecesse.


O interfone apitou, me dando um susto dos infernos. Apertei o botão:


— Sim, senhor Uckermann.


Ele riu baixinho e sua voz rouca deixou meu corpo em alerta.


— Senhorita Saviñon, daqui a pouco meu sócio, Alfonso Herrera, vai chegar, ele acabou de avisar que seu avião pousou e já está a caminho. Por favor, traga-o direto para o meu escritório.


— Sim, senhor, mais alguma coisa?


— Não, se eu precisar não hesitarei em chamar...


Desligou e eu fiquei xingando ele e sua família. O que era fácil considerando a genética ruim que tinha. A irmã era uma vaca nojenta. Falando nela, a louca não apareceu nem telefonou.


Provavelmente estava se escondendo em sua toca. Cobra horrorosa. Mas quando esse tipinho fica muito quieto é porque está preparando o bote.


Ela que viesse, eu estava preparada, com mulheres daquele tipo eu tinha costume de lidar. Em minha vida tive que lidar com todo tipo de gente, pois meus pais eram donos de um restaurante e eu servia as mesas. Então, tive contato com gente boa e pessoas odiosas e esnobes.


Só ficava imaginando o que se passava na cabeça do Christopher, porque não devia ser fácil ouvir isso de outra pessoa. Mesmo que ele desconfiasse, a noiva cadáver não fazia questão de esconder os olhares estranhos em sua direção. Tudo bem que ela não confirmou, mas não ficou lívida de raiva me xingando por estar acusando-a erroneamente. Como diz o ditado: “quem cala, consente”.


Esperava que ele conseguisse se manter longe daquela vaca. Uma influência como a dela só trazia más energias. E eu a achava perigosa demais. Queria ver até quando iria se manter entocada.


Bruxa!


Voltei minha atenção ao computador onde respondia um e-mail de Anahí, pedindo para que marcasse na agenda do Christopher uma viagem de negócios para a próxima semana com Everaldo. Estava concentrada na agenda dele quando senti uma presença ao meu lado.


Levantei os olhos e quase morri. Um pecado vestido de Armani acabava de baixar na On System.


Minha voz sumiu. Sério, dificilmente eu perdia a voz.


— Olá, sou Alfonso Herrera. Uckermann me espera.


Eu abria e fechava a boca, como um peixe. Eu era um maldito peixe fora d’água. Pigarreei tentando destravar a garganta.


— Sim, o senhor pode ir. Ele está à sua espera.


O cara estava com um sorriso no rosto e me olhava calmamente. Seus olhos azuis me prenderam no lugar, ele era alto como Christopher, mas não carregava aquela aparência arrogante, ao contrário só o seu olhar insinuante nos deixava à vontade. Não era um predador, mas um apreciador. Engoli em seco, e meu corpo se incomodou. Não de um jeito bom, mas eu nem iria dar ouvido a ele. Era um traidor mesmo.


— Qual é o seu nome, beleza?


— É, uh... Dulce Saviñon, senhor Herrera.


— Hum, nome gostoso de pronunciar. — Ele me olhou com um sorriso descarado e malicioso no rosto. — Bom, Dulce, vou indo ou o chefe vai pirar. Te vejo por aí, quem sabe num local mais “reservado”. — Piscou e foi andando até a sala.


Quando a porta se fechou, arregalei os olhos e notei que o sócio do Christopher havia dado em cima de mim. E, cara, que homem era aquele?!


Ai, minha Nossa Senhora das Mulheres cercadas de Homens Gostosos . Eu estava totalmente ferrada!


<•>

Pecaminoso Onde histórias criam vida. Descubra agora