Poncho veio atrás de mim, em silêncio, sabendo que seria tudo muito complicado. E o pior de tudo era a traição de alguém que eu confiava; do outro comparsa eu já suspeitava, era esperado esse tipo de atitude, porém não deixava de doer menos.
Entramos no elevador e, quando ele parou no andar da programação, fomos direto para a sala ao lado, onde ficava o sistema de segurança. E lá eu vi o causador de toda a dor de cabeça que me incomodava há meses. Eu não entendia o motivo de ele fazer isso, pois era muito bem pago e amigo de vários anos.
Aguardamos uns dez minutos e Everaldo corria de uma máquina a outra tentando estabilizar o vírus no sistema, até que sua comparsa chegou, esbravejando e gesticulando para o coitado — provavelmente querendo saber por que foi chamada na empresa, pois Poncho havia mandado a mensagem pelo computador do Everaldo. —, que até então estava compenetrado em sua tarefa.
Traição dupla doía o mesmo tanto ou duas vezes mais? Olhei para o Poncho e sorri tristemente.
— Show time, my friend.
Abrimos a porta que separava a sala de programação a qual estávamos observando-os. Belinda, que estava quase gritando com Everaldo, arregalou os olhos e respirou rapidamente, e gritou parecendo desesperada se virando e tentando fugir da sala.
— Não adianta mais fugir, Belinda, você mordeu a isca direitinho. Mas não vou dizer que não esperava isso. Sempre foi uma traíra interesseira. — Olhei para Everaldo com pesar nos olhos, pelo menos ele teve a decência de parecer assustado. E com razão, pois eu não deixaria barato. — Mas você, cara? Muito bem pago e com um cargo alto na empresa. Por que isso?
— Eu não queria, Christopher. Fui obrigado, você não entende, é muito complicado. Sou fraco e ambicioso, não consegui ficar contra.
Naquele momento percebi que os dois eram apenas marionetes nas mãos de alguém mais poderoso, que queria sujar o nome da empresa e havia escolhido nosso maior cliente para isso.
Eles balbuciavam e tentavam se explicar, Belinda teve a cara de p/au de dizer que era inocente e tudo não passava de um engano.
— Não precisam gastar saliva em vão, temos tudo gravado e uma imagem vale mais que qualquer coisa. Everaldo, aguarde meu advogado na sua casa, espero que o mandante dessa porcaria pague um bom bônus para você, pois será processado. E Belinda, suas ações serão confiscadas. Podem ir e passar bem.
Virei-me e aguardei, não aguentava mais olhar para eles. Poncho permaneceu em silêncio, apenas observando.
Everaldo saiu de cabeça baixa e muito tenso, eu quase tive pena dele, pois o coitado era apenas um boneco nas mãos da minha irmã e da outra pessoa que estava por trás de tudo... e que eu iria descobrir a todo custo de quem se tratava.
— Não pode confiscar minhas ações, Christopher, eu sou herdeira tanto quanto você. — A voz da minha irmã soou desesperada, mas nem me virei para encará-la.
Poncho arqueou as sobrancelhas e sorriu.
— Ugly Barbel, se você não sabe... no contrato que assinamos na sociedade dava pleno direito a Christopher de confiscar as ações de qualquer um de nós, se fosse provado fraude, portanto se manda!
Era impressão minha ou o Poncho gostava de espezinhar minha irmã? Ugly Barbel?
— Isso não vai ficar assim. Vocês não sabem com quem estão lidando, é muito mais perigoso do que imaginam. Aguardem que o de vocês está a caminho. — Saiu pisando duro.
Um frio percorreu a minha espinha, mas não dei muita atenção. Afinal eram palavras de uma mulher amarga e que tinha acabado de perder tudo o que lhe rendia mais dinheiro porque ela não sabia administrar nada. O salão de beleza que possuía não era capaz de sustentar seus caprichos.
Poncho se aproximou de uma máquina e eu de outra. Verificamos tudo e percebemos que Everaldo tentava reinstalar o vírus diretamente por ali, se não fosse a proteção que meu sócio colocou na sexta, o sistema todo da empresa estaria ferrado.
Virei minha cadeira ficando de frente para o meu amigo, que já me observava com aquele costumeiro sorriso torto no rosto.
— O que quer? — vociferei não aguentando esperar.
— O final de semana foi bom, hein? Está com uma cara ótima. Não te vejo assim desde a época da faculdade. — Balançou as sobrancelhas.
Ri ao lembrar-me de nossas bagunças quando estudantes. Eu não tinha preocupação alguma a não ser lembrar qual quarto era o meu quando estava bêbado.
— Foi sim. Perfeito. Dulce é perfeita!
Ele deu um tapa em sua própria testa gargalhando a plenos pulmões.
— Cara, você tá apaixonado. Que merda, Christopher Uckermann está caidinho pela secretária mal humorada.
— Hipócrita, e o que me diz da loira sensual que tem um filho seu?
Assim que disse isso, sorriu sereno e o olhar apaixonado tomou conta de seu rosto. Conhecia bem aquela expressão.
— O garoto é muito inteligente, Christopher. Tem que ver, fala de tudo. E a mãe dele é maravilhosa.
Sinto-me o filho da puta mais sortudo do mundo.
— E você não se importa dela tê-lo escondido por tanto tempo?
Ele bufou e fez uma careta.
— Claro que me importo, mas, cara... eu perdi muito tempo da vida deles, não vou perder nem mais um segundo por orgulho idiota.
Assenti e cocei a cabeça. Ele tinha razão, a vida passa muito rápido para ter certos conceitos mantidos por pura teimosia.
— Quer dizer que Alfonso Herrera é um pai de família e apaixonado?
— Com certeza — respondeu sem hesitar.
Sorri amplamente e me senti orgulhoso e, ao mesmo tempo, feliz por ele.
— Estamos feitos então, hein. — Poncho se levantou e caminhou até a porta. — Aonde você vai?
Ele se voltou para mim e sorriu.
— Requisitar uma nova secretária.
Arregalei os olhos e ri da sua audácia. Tinha que admitir que o cara era muito corajoso. Anahí era linda, mas nem um pouco doce como aparentava. Na verdade eu desconfiava que as mulheres de aparência inocente fossem um furacão de saia.
E por falar nisso, estava na hora de eu ver a minha. Desci pelas escadas que era mais rápido do que esperar elevador e ao chegar ao meu andar a vi ao telefone, enquanto falava e digitava rapidamente no computador. Um turbilhão de emoções invadiu meu peito e não pude me conter.
Quando dei por mim estava arrancando o aparelho de suas mãos e Dulce me olhou assustada.
Naquele momento eu não tinha mais nada a dizer, meu coração estava repleto de tantas coisas que não conseguia distinguir muito bem e na verdade nem importava, não seria possível negar o que se passava entre nós. O final de semana havia sido perfeito e precisava ficar ainda mais.
— Eu já te disse isso no final de semana, mas você tentou fugir, agora não tem escapatória... Estou apaixonado por você, provocadora.
Ela arregalou os olhos e senti um frio na barriga. Nunca tinha me sentido inseguro, isso era novo e cruel para um homem como eu. Em minha vida tudo era muito controlado e milimetricamente planejado. Depois que ela surgiu em minha vida tudo virou de cabeça para baixo, e não podia estar mais feliz por isso acontecer.
Dulce abria e fechava a boca parecendo não acreditar no que tinha ouvido, até que de sua voz doce saiu algo que não esperava.
— Puta merda!
<•>
🤣 E essa resposta da Dul minha gente.
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Pecaminoso
Fanfiction[CONCLUÍDA] +18|Quando Dulce Saviñon foi trabalhar em uma empresa de processamento de dados como estagiária, não imaginou que, ao ser efetivada, passaria por uma situação tão inusitada... E deliciosa! Ela se deparou com um vício: Christopher Uckerma...