Capítulo 64

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"E nossos corações se tornam um só..."

Dulce 

Eu estava acostumada com o clima frio da noite serrana, pois a minha vida inteira passei férias na casa dos meus avós, que ficava bem próxima a serra. Porém, dessa vez foi diferente, dormi com o calor de um corpo masculino em volta de mim. E cara, que maravilha era acordar e admirar aquele lindo rosto tão descansado, mas ainda assim com aquela aura perigosa.

Deixei meus olhos apreciarem aquela obra divina, quando ele me arrastou para baixo do seu corpo prendendo-me com seu peso, mas ainda continuava de olhos fechados.

— Por que acordou tão cedo, hein? Ainda fica me olhando desavergonhadamente fazendo-me despertar.

— Argh, Christopher, você tá com bafo da manhã!

E assim os olhos verdes se abriram arregalados, parecendo envergonhado, mas logo deu lugar à brincadeira.

— Estou com bafo, é? E o que me diz de você, oh, doce provocadora? Bafinho de dragão, pra dizer o mínimo.

— Nossa, isso é um ultraje! Mas já que estou com bafo de dragão, vou acabar com você.

Comecei a bafejar em seu rosto e Christopher saiu de cima de mim, sorrindo e tapando o nariz com o braço. Eu o prendi com as mãos e soprei mais um pouco, até que não aguentei mais e caí na gargalhada com a situação.

Quando eu iria imaginar que me sentiria tão à vontade com alguém assim? Ainda mais com o magnata da On System, baforando e rindo dos nossos hálitos matinais. Quando consegui parar de rir, abri os olhos e o encarei, Christopher estava apoiado nos cotovelos, me olhando intensamente.

— Você fica linda quando ri e age espontaneamente, devia ser mais assim, Dul.

Arqueei as sobrancelhas e sorri.

— Mas eu sou sempre assim, você que provoca o pior de mim, então tenho que ser uma cadela.

É tipo um mecanismo de defesa.

O filho da mãe abriu aquele sorriso encantador, matador e aterrorizante. Sim, porque cada vez mais me via ligada a ele. E não gostava muito disso.

— Sabe que eu amo esse seu jeito. Mas na maioria das vezes você é uma mulher sarcástica e que leva na brincadeira, não se diverte realmente. E isso... — Apontou para o meu rosto e o pijama do pato Donald. — é a coisa mais linda de se ver. Uma mulher naturalmente bonita que não precisa se esconder atrás de nada.

— Com bafo e tudo?

— Com bafo e tudo! — Sorriu e se aproximou com os olhos brilhantes. — Isso faz com que pareçamos mais humanos, pequena. Você não tem noção do quanto pareceu inalcançável para mim, duas semanas atrás, e agora estou completamente feliz por tê-la em minha cama. E não apenas para o sexo. Estar com você, me divertir. É o melhor de tudo que nos aconteceu. E estamos apenas no começo. Hoje faremos um tour pela montanha. Então, senhorita, vamos colocar roupas quentinhas e partir para a caminhada.

Ele despejou isso tudo em mim e se levantou dando a visão de sua bunda durinha coberta pela samba-canção. Já disse que Christopher é lindo, né? Eu fiquei ali digerindo tudo o que me disse e tentando entender o que realmente representava aquilo tudo. Mas não tive muito tempo de analisar nada, o carrasco estava cuspindo ordens e jogando roupas em minha direção.

Minutos mais tarde, tomávamos um café gostoso e Christopher  preparava uma cesta de piquenique com frutas, pães e biscoitos. Encheu uma garrafa com chocolate quente e colocou dentro da cesta. Eu observei tudo em silêncio, pois ele estava bem compenetrado no que fazia, chegava até a fazer biquinho pensando no que mais colocaria naquilo. Até que foi ao quarto e voltou com um cobertor.

Não saberia dizer como coube aquilo tudo.

— Pronta, senhorita Saviñon?

Assenti para aquele homem desconhecido parado no meio da cozinha.

Desconhecido sim, porque não era o Christopher carrasco que todo mundo estava acostumado. Mas um homem sorridente e feliz. Jesus, será que eu passo incólume pelo dia?

Bom, mas como dizem: “Tá no inferno, abraça o demônio”

Assenti e me levantei. Peguei meu casaco no sofá e fui andando até ele com uma cara desconfiada. Christopher apenas sorriu e balançou as sobrancelhas. Quando passei ao seu lado, sua respiração soprou em meu pescoço me fazendo arrepiar.

Realmente, não sairia inteira desse dia. Podem encomendar o caixão e na lápide os dizeres: Aqui jaz uma mulher que morreu de ataque cardíaco causado por sorrisos sensuais de Christopher Uckermann.

Ele trancou a porta e se aproximou enlaçando meus ombros com um braço musculoso enquanto com o outro carregava a enorme cesta contendo tudo que tinha direito. Na verdade, até me esqueci do que ele colocou lá dentro de tão cheia que estava.

— Aonde nós vamos, Christopher? — Eu não conseguia conter a ansiedade em mim, sabe-se lá onde aquele homem delicioso estava me levando.

— Calminha, provocadora, é segredo. E coisas assim nós não contamos antes da hora. Mas tenho certeza que vai adorar.

Suspirei resignada e assenti. Seguimos por uma trilha bem larga morro acima. A cabana já ficava bem no alto, não sabia que dava para subir mais. Porém não faria mais perguntas. Percebi que o carrasco gostoso não me contaria.

Passamos por vários lugares lindos, eu queria parar e admirar a vista mas Christopher me puxava pela mão dizendo que ainda não era hora.

Eu estava morrendo de cansaço e o ar estava começando a mudar e ficava difícil para respirar.

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