Capítulo 32

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"Mulher, preciso lhe dizer: Você é a coisa mais gostosa que provei."


Christopher


Quando eu saí do apartamento de Dulce não sabia como me sentir. Alguma coisa mudou em mim naquelas horas que passamos juntos. E quando a vi naquele roupão negro, seus cabelos estavam soltos e um olhar de satisfação iluminava seu rosto, precisei fechar os olhos, era a coisa mais linda que já tinha visto. Pura sensualidade.

Eu não saberia dizer especificamente o que me encantava nela, que me deixava louco para voltar lá e fazê-la admitir o que tínhamos. E, assim, dormirmos a noite toda emaranhados nos lençóis e abraçados, saciados de prazer.

Porém, como eu era um cara teimoso, preferi ir para casa afogar as mágoas numa garrafa de JackDaniels, que guardava no fundo do armário.

Percorri o caminho até meu prédio sem perceber. Meus pensamentos tinham sido roubados por uma mulher que se recusava a sair do meu corpo e da minha mente. Achei que, ao ser rejeitado, meu orgulho tomaria conta e assim acabaria minha obsessão. Engano fatal, estava pronto para rastejar assim que a visse.

Assim que pisei na sala, esvaziei os bolsos, tirei os sapatos e arregacei as mangas da camisa, porque precisava ficar mais confortável. Meu corpo estava tenso e minha pele pegando fogo.

Caminhei com um destino só, minha garrafa de Jack. Na cozinha vasculhei os armários até encontrá-la, não me preocupei em pegar um copo. Não estava com paciência para isso.

Com a garrafa em mãos fui até a sacada do meu apartamento e me sentei na espreguiçadeira que mantinha ali, onde dava para ter uma vista esplendorosa da cidade.

Esparramei-me ali e o primeiro gole desceu queimando. Mas logo estaria entorpecido e não sentiria nada.

— Maldito dia em que toquei naquela safada provocadora.

Ok, já estava meio alto em três goles. Bem, na verdade a metade da garrafa já tinha ido embora.

Deixei meu amigo no chão, e deitei minha cabeça no encosto da espreguiçadeira. Já devia ser alta madrugada, mas não estava nem ligando. Queria apenas esquecer.

Estava com o corpo cansado e a mente mais ainda. Decidi me arrastar para a cama, ou então acabaria apagando ali mesmo.

Caí deitado da mesma maneira que cheguei, o perfume de Dulce estava entranhado nas minhas roupas e em minha pele, seria um bom aditivo para sonhos que com certeza invadiriam meu sono.

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Acordei com uma puta dor de cabeça, maldito Jack! Passei pela varanda e recolhi a garrafa.

Neide, minha empregada, não era obrigada a recolher resquícios da minha noite conturbada. Meu sono, como previsto, foi uma mistura de flashes do que vivi com a Dul, e Maite também entrou na dança.

E então tive a certeza de como elas eram diferentes. Com Dulce podia ser eu mesmo, sem medo ou restrições. Minha ex sempre reclamava que era muito bruto, e tinha que frear meus instintos.

E foi aí que me bateu a maior e mais impressionante descoberta que fez a dor de cabeça aumentar. Eu não amei Maite, não como imaginava, ela era um conforto. Algo certo e sem perigos, segurança. Era isso o que eu sentia. E uma culpa me tomou, por estar me dando conta só naquele momento, em que eu estava de ressaca por outra mulher. E na verdade, só percebi porque conheci um furacão que bagunçou a minha vida.

— Porra de mulher que não sai da minha cabeça! — esbravejei, chateado comigo mesmo. E, claro, com ela também.

Me concentrei em me arrumar para o trabalho, ainda era cedo pra caramba. E era bom, pois não toparia de frente com Dulce. Quando cheguei ao andar em que ficava meu escritório, um frio se instalou em meu coração. Não estava preparado para vê-la e não poder tocar sua pele, beijar seus lábios, sentir seu perfume...

Deus, eu estava enlouquecendo. Resolvi fazer uma coisa que me manteria a distância. Poderia ser que estava sendo covarde, que estivesse virando um gatinho manso nas garras daquela tigresa dos infernos, mas precisava me afastar.

Entrei na minha sala rapidamente, fiz algumas ligações, peguei a maleta e os papéis necessários e parti para o andar de programação. Provavelmente Poncho já estaria lá. O cara, quando encasquetava com uma coisa, não dormia apenas pensando naquilo que o perturbava. Não ficaria admirado se tivesse passado a noite em frente ao computador.

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Que revelação essa não.... Christopher não amava a Maitê!

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