Capítulo 71

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Voltamos ao trabalho e logo chegou o horário de buscar Miguel. Anahí bateu na porta e se esgueirou para a minha sala.

— Vamos?

Assenti, peguei minha carteira e celular, coloquei-os no bolso. No caminho até o estacionamento, acabamos de mãos dadas. E vou te dizer. Elas nunca suaram tanto. Fiquei envergonhado e Anahí  sorria. Mas do quê, eu não saberia dizer.

O caminho até a escola foi curto, ela tinha razão porque era bem próximo à empresa. Parei em frente a uma casa colorida e bem conservada. Havia vários brinquedinhos espalhados pelo quintal, e pude perceber o chão todo acolchoado. Gostei do lugar logo de cara.

Descemos do carro e Anahí se aproximou do portão, acenando para uma mulher que brincava com as crianças. Logo vi meu pequeno caminhando em direção a nós com uma mochilinha nas costas e carregando uma pequena lancheira. Quando nos viu, ele sorriu, roubando meu coração mais uma vez.

Anahí se abaixou e abraçou Miguel quando ele saiu. Eles conversaram um pouco e ela se voltou para mim. Fez um gesto com a cabeça e me aproximei.

— Cíntia, esse é o Alfonso, o pai do Miguel. Ele está autorizado a vir buscar meu filho quando quiser — disse, com um sorriso no rosto.

Engoli em seco, pois aquilo era muito importante. Era como se ela estendesse uma bandeira branca em sinal de paz. Estendi a mão para a professora e a cumprimentei.

Virei-me para o menino nos braços da minha mulher e ele pulou em mim, enlaçando meu pescoço num abraço de urso.

— Senti sodade de você, papai.

Meus olhos se encheram de lágrimas e pisquei tentando afastá-las. Virei-me dando um tchau para a professora, com Miguel ainda grudado em mim. Sentei-o no banco de trás, onde eu tinha arrumado uma cadeirinha para ele e afivelei seu cinto. Meu filho me olhava com expectativa esperando uma resposta, passei a mão por sua bochecha carinhosamente.

— Eu também, filho. Prometo que vamos matar essa saudade, ok?

Ele sorriu, mostrando todos os seus dentinhos brancos e separados. Um nó se formou em minha garganta e me afastei para dar a volta no carro, quando quase trombei em Anahí, que tinha um olhar terno e feliz em seu rosto.

— Não sei se você sabe, mas quando uma mulher tem um filho, a única maneira de conquistar sua confiança, plenamente, é amando sua cria assim como ela. Eu não sei o que dizer, resta apenas um “obrigada” por ser tão carinhoso com Miguel. Ele é muito especial e merece todo o amor do mundo.

Peguei seu queixo entre meus dedos e me aproximei dando um selinho em seus lábios.

— Eu os amo demais, sweet girl. Aos dois!

Ela sorriu e fechou os olhos.

— Eu também!

E meu coração foi capturado mais uma vez...

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