Outra enfermeira voltou com a autorização de alta, eu peguei Miguel no colo e fui para fora do hospital. Logo na entrada, ele se afastou um pouco e me olhou nos olhos.
Acariciou meu rosto com as mãozinhas gordinhas e sorriu.
— Eu estou bem agora, mamãe. Posso andar, é só a cabeça que machucou.
Eu ri da sua sinceridade, desde bebê ele sempre foi independente e eu ficava triste por estar perdendo meu bebezinho muito rápido, mas ao mesmo tempo feliz porque ele podia se cuidar.
Coloquei-o de pé no chão e segurei sua mãozinha. Ele foi me contando as brincadeiras que fez na escola e eu o observava gesticular e fazer caretas que os amigos imitavam.
Miguel adorava bichos, e fazia sons de todos os tipos de animais. Estávamos rindo e conversando quando ouvi uma voz masculina que me fez gelar por inteira.
— Tá tudo bem, Anahí?
Arregalei meus olhos e vi meu filho parando de falar e encarando Alfonso ao meu lado. Alfonso havia me esperado, não tinha ido embora como pedi. Atrevi-me a levantar a cabeça.
Ele me observava com o rosto enrugado de preocupação e então abaixou os olhos.
Olhou Miguel e sorriu. Quando meu filho correspondeu o sorriso — tudo aconteceu como em uma câmera lenta — o semblante de Alfonso se fechou e ele franziu a testa, mas logo bateu o reconhecimento.
Não havia maneira dele não reconhecer. Miguel era sua cópia exata. Ainda mais com aquelas covinhas expostas.
Alfonso levantou a cabeça e seus olhos azuis estavam arregalados. E, então, a raiva se apoderou do seu rosto.
— Como você pôde esconder ele de mim por todo esse tempo?
Fechei os olhos e segurei a mãozinha de Miguel com mais força. Meu peito doía por tudo que poderia acontecer. Amaldiçoei o dia que voltei para aquela empresa. Minha única certeza era que ele nunca descobriria o filho, pois ficava a quilômetros de distância. Porém, a vida tem uma maneira de consertar todos nossos erros e nos fazer pagar.
Eu só pedi a Deus para que não me fizesse pagar caro demais.
— Pra que você iria querer saber se nem ao menos se lembrou de mim?
— Porra!
Ele se virou com as mãos na cabeça e eu logo peguei Miguel no colo, que já estava assustado com a situação. Tentei pensar numa maneira de amenizar tudo, pois estávamos na rua. Porém, nada vinha à minha cabeça, apenas a possibilidade de ter o meu menino arrancado dos meus braços.
— Mamãe, puque o moço tá bravo? — Ele franziu a testa confuso. Não estava acostumado a ficar perto de homens, os relacionamentos que tive, que foram poucos, ele não sabia e nem conhecia os caras. Não gostava de confundir sua cabecinha desnecessariamente.
Ao escutar a voz de Miguel, Alfonso se voltou para nós com os olhos menos furiosos, que logo se derreteram ao encarar meu menino. Engoliu em seco e se aproximou.
— Posso? — Estendeu os braços querendo pegar meu filho.
Eu não queria, na verdade tinha vontade de sair correndo dali. Porém, não havia escapatória.
Assenti e ele logo pegou Miguel. Olhou em seus olhos e sorriu, um sorriso lindo.
O mesmo que me encantou quando nos conhecemos, mas aquele era diferente. Tinha amor por uma criança que era seu sangue e não teve a oportunidade de conhecer.
Miguel não estava entendendo o que acontecia, olhava para mim todo o tempo até que virou a cabecinha de lado e tocou com o dedo as covinhas do Alfonso.
— Você tem buraquinho na bochecha igual eu. — Sua vozinha baixa me fez engolir o nó que estava em minha garganta.
— Sim, mas as suas são mais bonitas que as minhas.
— Minha mamãe disse que meu pai tinha covinhas. Mas eu não conheço meu pai.
Alfonso se virou para mim com o rosto fechado e respirou fundo.
— Tenho certeza que seu pai gosta muito de você. Qual o seu nome?
— Miguel.
— Bom, Miguel, agora você não vai precisar mais ficar longe do seu pai. Nunca vou me afastar de você. Ninguém será capaz de me obrigar a isso.
E me olhou com os olhos cheios de desgosto e repulsa. Desviei meu olhar e pedi a Deus para que não deixasse Alfonso levar meu menino, que era minha única salvação. O amor da minha vida.
— Vamos, Anahí. Temos que conversar, aqui não é o lugar adequado.
Assenti e estendi os braços para pegar meu filho. A contragosto ele me devolveu.
Logo que o tive em meus braços, o apertei forte e beijei sua cabecinha.
— Mamãe tá tiste? O que eu fiz?
Sorri tristemente com os olhos cheio de lágrimas.
— Nada, querido. Mamãe está com medo.
Ele riu e pegou meu rosto com as duas mãozinhas.
— Não fica com medo, mamãe. Eu vou te poteger.
<•>
Miguel super fofo né gente ❤️
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pecaminoso
Fanfic[CONCLUÍDA] +18|Quando Dulce Saviñon foi trabalhar em uma empresa de processamento de dados como estagiária, não imaginou que, ao ser efetivada, passaria por uma situação tão inusitada... E deliciosa! Ela se deparou com um vício: Christopher Uckerma...