Segunda-feira, dia de voltar ao trabalho. Nunca pensei em ficar animada com o início da semana. Depois do encontro com aquele deus do sexo no escritório, uma boa perspectiva se instalou em mim. Meu dia a dia seria recheado de orgasmos. Tudo bem que ele foi um babaca total depois, mas quem estava ligando? Eu queria usar seu corpo sexy e nada mais.
Fui andando vagarosamente para o elevador, tinha que me apressar e chegar antes do carrasco gostoso. Muitas pessoas me olharam esquisito. Será que me arrumei mal? Olhei minhas roupas e não havia nada demais. Usava saia drapeada azul-marinho até os joelhos, blusa branca folgadinha.
Sapatos de salto agulha. Adorava me arrumar e ficar bonita. Nem sempre conseguia essa façanha, mas quando o resultado era positivo, vários pescoços masculinos se contorciam para me acompanhar.
Sei que posso estar parecendo um pouco superficial, mas uma garota sem graça que foi notada pelo maior espécime da empresa te deixa com o ego inflado. Não tem jeito!
Estava louca para chegar à minha sala. Logo Christopher passaria pela minha mesa.
Estava toda empolgada em vê-lo novamente, por mais que eu tenha sido dispensada sem mais nem menos depois do nosso encontro, ainda tinha a esperança de repetir a dose.
Sentei-me atrás da mesa e comecei a organizar meu trabalho da semana. Meu pé não parava de balançar e senti a ansiedade tomando conta de mim. Separei os papéis por importância, depois por ordem alfabética... Já havia se passado meia hora do horário que o Sr. Uckermann costumava chegar.
Droga! Por causa de um pênis, eu estava esquecendo quem eu era. Uma mulher independente, que não fica ansiosa por nada. A não ser uma boa ida ao shopping para me esbaldar no dinheiro que ganhei no mês. Mas vamos combinar, não era qualquer um. O cara me deu um orgasmo inesquecível, na verdade dois.
Mordi a ponta da caneta e sorri ao lembrar dos gritos abafados que dei em cima daquela mesa.
— Bom dia, senhorita Dulce. Pode trazer meu café em dez minutos?
Levei um susto ao ouvir sua voz rouca bem à minha frente. E como isso derrubei os papéis que estavam em cima da mesa, aqueles que arrumei com tanto cuidado. Levantei os olhos devagar. Sim, apreciando cada pedacinho daquele deus grego do Olimpo.
— Desculpe, senhor. Já vou levar.
Ele estreitou os olhos verdes em minha direção. Sua expressão não era de felicidade, e sim como se não gostasse de me ver ali. Eu não era uma mulher muito experiente, porém sabia quando alguém se arrependia do que havia feito. E o que tinha à minha frente era decepção, pura e simples.
Quando saiu sem falar mais nada, fechei meus olhos e me amaldiçoei por ter sido tão idiota.
Agora o próximo passo seria ele me demitir. Quem iria aguentar encarar o rosto o seu erro todos os dias? Só que eu não daria esse gostinho. Não mesmo, meu bem! Antes disso eu pediria demissão.
Contudo, ainda não tinha nada ameaçando meu emprego, e eu tinha que trabalhar. Levantei-me e fui até a cafeteira, o “carrasco” gostava de café preto sem açúcar. Coloquei em cima de uma bandeja juntamente com alguns biscoitos amanteigados.
— Dul, você ficou sabendo da maior?
Puta merda! Quase derrubei tudo no chão com o surto psicótico da Anahí ao entrar na cozinha.
Virei-me com os olhos esbugalhados.
— Caramba, sua vaca, quase me fez derrubar o café do Brutus. — Era um apelido “carinhoso” que tínhamos com ele.
— Nossa, isso seria uma droga! Mas deixa de ser fresca, não derrubou nada. Tenho um babado pra te contar.
— Xiii, lá vem merda! O que é?
— A noiva cadáver tá na empresa.
Este era um apelido carinhoso para a irmã do Sr. Uckermann. Ela era branca como cera, com olheiras profundas em volta dos olhos, mas o pior era sua altivez e arrogância, como uma bruxa que era, adorava pisar nos funcionários. Não tinha ideia como os genes tinham sido tão favoráveis a um e desastrosos ao outro.
— Ai, que merda. É hoje que minha segunda se transforma num inferno. — Balancei a cabeça, já saindo da cozinha e murmurei: — E pensar que achei que teria uns três orgasmos pelo menos. O jeito vai ser ficar com meu amigo de pilhas em casa.
— O quê?!
Cara, eu ainda teria um ataque cardíaco com essa mulher do meu lado.
— Dá pra parar de me assustar? — Olhei em seus olhos azuis e sorri. Anahí era estabanada e linda, e uma mulher com o coração maior que eu já conheci. — Não é nada, só minha vida que anda um saco. Vou lá, Any, tenho que levar esse café ou o cara vira um dragão.
Ela assentiu e mordeu a boca, assustada.
— Graças a Deus que o Everaldo é um cinquentão mais manso que uma doninha. Vou indo, amiga. Boa sorte! Com a dupla do terror à solta, qualquer coisa pode acontecer.
Fiz uma careta e fui para minha execução iminente. Ao chegar à sala, bati levemente na porta e girei a maçaneta. Assim que a porta se abriu, percebi que tudo era uma verdadeira porcaria. A noiva cadáver estava ali sentada em frente ao irmão como uma condessa. Ai, como eu odiava aquela mulher!
— Belinda, menos, por favor. Trate Dulce com respeito, você está no meu escritório.
Sorri por dentro, porém minha vontade era de gargalhar e fazer a dancinha da vitória. Mas me contive, vai saber do que a louca era capaz.
— Desculpe, senhorita Belinda, não sabia que estava aqui. Se quiser, eu busco outro.
Ela já ia abrir aquela boca venenosa quando Christopher levantou a mão interrompendo-a.
— Não precisa, ela toma o meu. Depois eu vou até a cozinha, obrigado, Dulce.
Ok, jogada para escanteio. Assenti e fui para a porta, não antes de ouvir a vaca rosnando em voz baixa.
— Coisa mais sem graça e desajeitada.
Parei com a minha mão na maçaneta. Estava a ponto de responder quando me lembrei de um detalhe. Talvez fosse melhor do que dar o troco!
Virei-me e peguei Christopher me encarando com aquele mar verde que me entorpecia.
— Ah, senhor. Acho que esqueci minha calcinha na sexta. Por acaso, o senhor a achou?
Ele abriu e fechou a boca, percebi a cobra da Belinda ofegando com o peito subindo e descendo.
Nem esperei mais, saí dali antes que o teto desabasse sobre minha cabeça.
Bom, acho que meu emprego já era. O negócio seria esperar o pior. Ou não! Mas a cara da noiva cadáver foi impagável. Sentei-me atrás da mesa com um sorriso travesso nos lábios, só esperando minha sentença.
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Pecaminoso
Fanfiction[CONCLUÍDA] +18|Quando Dulce Saviñon foi trabalhar em uma empresa de processamento de dados como estagiária, não imaginou que, ao ser efetivada, passaria por uma situação tão inusitada... E deliciosa! Ela se deparou com um vício: Christopher Uckerma...