Capítulo 41

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Quando Christopher deu um passo à frente, uma loira que eu conhecia bem — uma das clientes e amiga do chefe — pegou seu braço e ele a olhou de lado. Quebrado o encanto percebi Dulce fechar o semblante e me alcançar pisando duro. Não falou nada e me puxou pelo braço. Encontramos uma mesa bem afastada da dele e nos sentamos.

Fiquei observando-a enquanto ela respirava profundamente parecendo querer se acalmar. Balancei a cabeça e olhei em volta. A festa parecia ser animada com esses dois.

— Filho de uma égua. Você viu a loira que ele está? Odeio loiras.

— Ei, olha eu aqui.

— Oh, Any. Desculpe, mas nesse momento estou odiando-a também.

Sorri e balancei a cabeça, sabia o que ela estava sentindo. Ciúme dos brabos, então nem me importei de ser generalizada naquele argumento.

— Olá, ruivinha, como está? Vejo que nada bem.

Deus, eu conhecia aquela voz. Era o odioso do Alfonso, eu não suportava o cara.

Respirei fundo e fingi não tê-lo ouvido atrás de mim. Mas seria meio complicado, pois ele era um babaca pretensioso que se achava a última Coca-Cola do deserto. E não demorou muito para me notar na mesa, deu a volta e beijou a Dul no rosto cumprimentando-a. Virou seu olhar pra mim e sorriu. O filho da puta era lindo!

— Olá, já nos conhecemos?

— Não pessoalmente, sou funcionária do Everaldo. Então, provavelmente, nos vimos por lá. Mas nunca conversamos se é isso que está perguntando.

Sim, fui grossa de propósito. Não aguentava ficar um minuto próximo a ele.

Dava-me asco só de olhar em seus olhos.

— Hum, já vi que a gatinha tem garras. — Babaca. Ele riu e voltou seu olhar para Dul, que não desviava de observar onde Christopher estava. — Que foi, ruivinha? Não está com uma cara boa...

Ela o olhou e suspirou.

— Por que você tem que ser amigo dele? Seria tão bom levá-lo para minha casa.

Meu estômago embrulhou e tive que me esforçar para não vomitar na frente deles. Alfonso riu e acariciou seu rosto.

— Tenho certeza que seria, mas eu não posso. Mulher de amigo meu é território proibido.

Bufei e revirei os olhos. Desviei a atenção deles que conversaram mais um pouco e ele se afastou, não antes de parar ao meu lado e franzir a testa. Virei o rosto e escutei sua risada, que só me deu vontade de socar sua cara.

Dul não queria sair da mesa e resolvi ir dançar um pouco no andar de cima, fiquei com um pouco de pena de deixá-la sozinha, mas precisava desanuviar minha cabeça. 

Eu sabia que, provavelmente, ele estaria ali, só que vê-lo tão de perto era ruim demais. Tinha verdadeira repulsa por Alfonso Herrera.

Diverti-me pelo que me pareceu horas, mas foram alguns minutos. Quando retornei, Dulce estava na quarta taça de champanhe. Eu franzi a testa e percebi que já estava meio alta, não que estivesse bêbada, pois tinha bebido pouco. Ela se virou para mim e sorriu com os olhos baixos.

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